Centralismos e traições
Tomaz Dentinho
O chumbo pelo Tribunal Constitucional das pretensões legislativas regionais e republicanas passou à margem da maior parte das pessoas. Por um lado porque se tratam de pormenores jurídicos que há muito esses técnicos se encarregaram de tornar crípticos. Por outro lado porque, ao comum dos mortais, parecem guerras de galinhos políticos que se digladiam na partilha de poderes cada vez menores.
O que parece mais estranho são as perguntas contidas dos jornalistas, as explicações envergonhadas dos constitucionalistas, a irresponsabilidade dos políticos que votam maioritariamente a favor e depois se calam, e o silêncio ruidoso do Presidente da República que permite um ano de indefinição e claramente seis meses de desobediência civil dos militares (como me lembraram há dias).
Há neste processo um conflito entre centralismos e uma implícita consciência de várias traições. Conflito entre o centralismos de Lisboa e de Ponta Delgada que assumem implicitamente que protagonizam melhor a vocação pátria dos portugueses do que cada um desses portugueses. Porque razão um governo da República ou da Região há-de esgotar a vocação de serviço aos outros? Não é verdade que Cristiano Ronaldo, António Damásio ou Onésimo de Almeida, representam tão bem Portugal e os Açores do que qualquer embaixador nacional ou delegação do governo regional? Será que o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, ou o Futebol Clube do Porto com as suas bandeiras não representam tão bem o país como o Ministro da Defesa? Porque razão os militares portugueses não hão - de defender todas as bandeiras de Portugal quando estão em representação externa, inclusive a das suas Regiões? Porque é que o Governo da Região insiste em considerar a Universidade dos Açores como externa só porque não controla, e ainda bem, o seu pensamento?
No fundo há uma consciência de traição que os torna centralistas. Os regionalistas ainda não se libertaram da traição medrosa de outras crises, e os centralistas de Lisboa não se conseguem redimir das traições que, há dois séculos, impõem aos que estão fora de muros, desde que adoptaram modelos estrangeirados de organização do país. É tempo de se redimirem e perceberem aquilo que cada português já percebeu desde sempre. Basta assumir a vocação única que podemos prestar ao mundo.
O que parece mais estranho são as perguntas contidas dos jornalistas, as explicações envergonhadas dos constitucionalistas, a irresponsabilidade dos políticos que votam maioritariamente a favor e depois se calam, e o silêncio ruidoso do Presidente da República que permite um ano de indefinição e claramente seis meses de desobediência civil dos militares (como me lembraram há dias).
Há neste processo um conflito entre centralismos e uma implícita consciência de várias traições. Conflito entre o centralismos de Lisboa e de Ponta Delgada que assumem implicitamente que protagonizam melhor a vocação pátria dos portugueses do que cada um desses portugueses. Porque razão um governo da República ou da Região há-de esgotar a vocação de serviço aos outros? Não é verdade que Cristiano Ronaldo, António Damásio ou Onésimo de Almeida, representam tão bem Portugal e os Açores do que qualquer embaixador nacional ou delegação do governo regional? Será que o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, ou o Futebol Clube do Porto com as suas bandeiras não representam tão bem o país como o Ministro da Defesa? Porque razão os militares portugueses não hão - de defender todas as bandeiras de Portugal quando estão em representação externa, inclusive a das suas Regiões? Porque é que o Governo da Região insiste em considerar a Universidade dos Açores como externa só porque não controla, e ainda bem, o seu pensamento?
No fundo há uma consciência de traição que os torna centralistas. Os regionalistas ainda não se libertaram da traição medrosa de outras crises, e os centralistas de Lisboa não se conseguem redimir das traições que, há dois séculos, impõem aos que estão fora de muros, desde que adoptaram modelos estrangeirados de organização do país. É tempo de se redimirem e perceberem aquilo que cada português já percebeu desde sempre. Basta assumir a vocação única que podemos prestar ao mundo.
(in A União)
Etiquetas: opinião, Política, Tomaz Dentinho
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