Açores com “potencial” na carne e leite ecológicos
Os Açores têm um grande potencial para a produção de carne e leite de forma sustentável, num mercado em que, cada vez mais, sustentabilidade se torna sinónimo de qualidade, defende o conceituado investigador holandês Tiny van Boekel.Boekel, da Universidade de Wageningen, acredita que, ao contrário do que deverão fazer muitas regiões do globo, o arquipélago não deve apostar em produtos produzidos a partir de proteínas vegetais, mas sim insistir em carne e leite de qualidade e “amigos do ambiente”.“Acho que os Açores têm potencial, porque já vi um pouco do arquipélago e penso que o clima e o solo são muito adequados à produção de leite e carne”, avançava Tiny van Boekel, em declarações a DI, prestadas durante o “9º Encontro de Química dos Alimentos”, que se realiza até hoje, no pólo universitário da Universidade dos Açores, em Angra do Heroísmo. Na opinião do especialista, a Região deve, porém, “esforçar-se no sentido de fazer alguma coisa quanto às emissões de gases” com efeito de estufa. “É preciso tentar reduzir isso por parte dos animais. Sei que o gado é alimentado, em grande parte, com pastagem, o que já é muito bom. Outra ideia seria usar-se cereais locais, em vez de os importar, por exemplo, de países como o Brasil. Isso fecharia o ciclo de uma produção sustentável”, considera. O investigador holandês admite que existirão dificuldades em termos de competitividade, mas acredita, que, com o passar do tempo, a aposta na sustentabilidade compensará. “ Vão haver dificuldades e, se nem todos produzirem de forma sustentável, vai haver competição desleal. Mas a tendência é para a mudança de mentalidades e para a cada vez maior valorização deste tipo de produtos”, sustenta, acrescentando que, numa primeira fase, será interessante dirigir esses produtos para segmentos de mercado sensibilizados para as questões ambientais. Na comunicação que abriu, anteontem, o encontro que reúne especialistas nacionais e internacionais na área da química dos alimentos, Tiny van Boekel defendeu que a sustentabilidade deve ser entendida como uma componente da qualidade. Isto tendo em conta que a qualidade é definida como ir ao encontro das necessidades do consumidor. “O consumidor é o elemento determinante e a relação que tem com o produto é interactiva. Se entender a sustentabilidade – por exemplo, a ausência de pesticidas – como qualidade, valorizará isso”, defende. O encontro é organizado pela Sociedade Portuguesa de Química, em colaboração com a Universidade dos Açores.
(in Diário Insular)
Etiquetas: Conferência, Desenvolvimento sustentavel, Encontro, química, química alimentar, Sustentabilidade
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