terça-feira, abril 21, 2009

Recados com Amor

Meus queridos! As águas andam revoltas e não dão sossego ao governo do meu rico Presidente César sobre o intrincado processo dos barcos da AtlanticoLine. Mas tão revoltas estão as águas que ameaçam transformar-se em tempestade nacional, com o “Anticiclone” já a pregar das suas……, mesmo ainda só em casco e o governo do camarada Sócrates a mandar fazer um inquérito sobre a nega dada ao Atlântida... A minha prima da Rua do Poço, que de barcos só sabe e recorda com saudade os de pesca que paravam no ancoradouro da Calheta, quando ouviu a notícia de que o Anticiclone para ter estabilidade precisava crescer dos 60 para os 70 metros, quer agora saber, como é que com o casco já feito, segundo dizem os estaleiros, se vai cumprir o que o Instituto Marítimo quer que é aumentar o tamanho do barco. Também não se percebe o que é que querem autarcas e partidos do Continente quando condenam o Governo do meu querido presidente César por ter recusado o lento Atlântida. Então, para salvar os estaleiros, querem amarrar os Açores a um barco que anda a passo de caracol e que teve de ser adaptado para se aguentar nas ondas? Mas já agora eu sempre gostava de conhecer quem foram os olheiros do governo , mandados por Carlos César para acompanhamento do projecto do Atlântida feito na Rússia, e depois quem acompanhou a sua execução nos Estaleiros de Viana… para que eu nunca recomende semelhante gente.. a qualquer amiga minha… Se fosse noutros tempos já havia inquéritos e mais inquéritos para avaliar a capacidade técnica dos intervenientes… Agora vivemos no mundo do amiguismo e onde tudo é consentido e perdoado… Ricos! O meu querido presidente César, na inauguração de uma estrada em São Carlos na Terceira, disse alto e bom som que vai continuar a apostar no investimento público para garantir emprego na Região, o que até acho muito bem. Mas, com aquele jeito de deputado da Oposição que nunca chegou a perder, atirou-se aos jornalistas que falam como “Velhos do Restelo”…Estou mesmo a ver que o meu querido César preferia que todos os jornalistas falassem da “Barbie” cor-de-rosa. Era muito mais simpático, e não interessa nada que haja quem passe fome, quem procura tudo quanto é sítio para pagar o que deve e ter umas migalhas para comer e que tem as empresas e o coração sempre nas mãos com falta de clientes e de pagamentos. Se isto é ser “velho do Restelo”, que se transforme Sant’Ana em Santa Isabel que transformou o pão em rosas. Para quem sofre, para o pessoal da primeira capital da ilha que viu as casas a explodir e ainda não tem solução, e para muito mais…que venham muitos “Velhos do Restelo”… Meus queridos! Quero mandar daqui um ternurento beijinho a todos quantos fazem parte e colaboram na paróquia dos Milagres dos Arrifes que esta semana completou 50 anos de existência, graças ao sempre saudoso padre Manuel Falcão que veio de São Sebastião da Terceira e conseguiu fazer com que aquele lugar se tornasse naquilo que é hoje. Disse-me a minha prima Maria, da Piedade, que o que mais gostou, nos discursos da hora da “janta” foi do meu querido Secretário Contente quando disse, entusiasmado que, “no reino de César”, nunca iam faltar apoios à Igreja. Ali…diante do Bispo e tudo…A minha prima rematou logo: o “reino de Deus agradece”… Mas que mistura, laica, republicana e socialista…. Ricos! Se há algum partido que tem lutado contra a fuga aos impostos, o PCP é um deles e honra lhe seja feita. Só não percebo é por que motivo, na sede deste mesmo Partido em Lisboa, haja um espaço de vender “souvenirs” – e que, para além de não ter multibanco, o que não é obrigatório, também não passa facturas, o que é obrigatório. A minha prima Jardelina foi lá comprar um CD infantil e acabou por trazer apenas o talão de caixa e fazer o pagamento em notas…Sempre é mais seguro e de efeito imediato. E dizem que estão com o povo… Meus queridos! A Rua dos Mercadores está tão riquinha que até está a gerar uma grande discussão sobre se ali hão-de passar, ou não, popós todos os dias. Como em tudo, as opiniões dividem-se e eu que passo ali muitas vezes, com o meu velho “boguinhas” também me acho com direito de pôr uma colherada. Por mim, aquela rua deve continuar com trânsito com velocidade limitada a 30 quilómetros e estacionamento proibido, a não ser para cargas e descargas, em horas a determinar. Coloquem lá uma das máquinas que fotografam os popós a partir de certa velocidade, e vão ver se resulta ou não… Meus queridos! O que se passa neste País e nesta Região é de bradar aos céus. A crise de autoridade atingiu níveis nunca dantes sonhados. E o pior é quando o exemplo vem “de cima”. O que se passou com o desrespeito para com a lei vigente, num recinto público, com a presença de representantes eleitos do povo, com transmissão televisiva, comentários dos próprios promotores da prática, no mínimo ilegal, do “evento” não lembra ao diabo. Já todos os meus queridos leitores descobriram que falo, indignada, da tourada picada que se verificou na praça de toiros de Angra. Mas onde está o Ministério Público? Ninguém vai ser chamado à Justiça? Faz-se tudo o que se quer e ninguém é responsabilizado? Como é possível estarem deputados (segundo afirmou uma associação de defesa dos animais) a presenciar tal prática? Lembram-se da grande bronca que deu a presença do então secretário regional Adolfo Lima num tentadero particular em que tal prática teve lugar? Agora a Justiça nada tem a dizer? A Justiça é mesmo cega? E já agora: a tourada picada contribui para o desenvolvimento dos Açores e a felicidade do seu povo? Já que estou com a mão na massa, gostaria de saber se, como diz a tal associação, a Universidade dos Açores teve alguma coisinha a ver com a promoção do evento ou se, como é prática normal, as instalações foram pura e simplesmente alugadas pelo preço corrente no mercado…. É que se a Universidade foi promotora é uma acção escandalosa e reprovável… Ricos! A minha insubstituível prima Laurentina, que me encheu os ouvidos danada com os arranjos na Rua do Laureano, está agora radiante. A Presidente do Municipio foi em pessoa falar com os moradores daquela populosa rua, acompanhada dos seus engenheiros da Câmara, e do empreiteiro . Com toda a gente no local, logo ali foi encontrada uma solução equilibrada, para gáudio de todos os interessados, numa prática de presidência dialogante que ficou bem a quem a promoveu… . A minha prima Laurentina teceu loas também à empresa que está a fazer a obra de saneamento básico, sem esquecer os trabalhadores, que combinam a delicadeza com o bem fazer. José Contente não pára em galho verde…Anda de um lado para o outro e não perde tudo o que é “evento”. Desta feita, na inauguração de uma cervejaria nas Portas do Mar marcou presença, supõe-se que oficial. Se os menos entendidos nestas coisas da política esperavam ter a companhia do secretário da Economia, enganaram-se. Esteve lá o secretário regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos! E a televisão não se fez rogada: deu-lhe espaço e visibilidade suficiente… Este frenesim aparecimental (usando terminologia de tipo governamental) parece trazer água no bico… Que se cuidem os outros pretendentes!!! Ricos! As eleições na Câmara do Comércio estão para dar e durar. Tem havido de tudo um pouco e só espero que as fracturas que vão ficando não sejam piores do que aquilo que se imagina. Há “bocas” de mal-estar entre apoiantes das duas listas e fala-se até de pressões que aqui nem vou dizer ... Para quem diz que estas eleições não eram políticas…vou ali e já venho, mas sei que a procissão está no adro… Se eu tivesse encabeçado uma lista para aquela Associação e o resultado tivesse sido aquele a que se assiste, com suspeições e ameaças, juro que não tomaria posse do lugar. Queria novas eleições para que tudo fosse cristalino como a água. O veneno que está no ar pode matar a Instituição…..



(In Correio dos Açores)


Nota- A Universidade não organizou esse debate, apenas decorreu nas suas instalações, mas se o tivesse feito, é de debates que ela vive. Não é crime discutir a existência ou não de touradas, num debate que se quer plural.

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