terça-feira, abril 21, 2009

A universidade em ruínas: os silêncios da JS

Berto Messias, Presidente da JS Açores, seguindo a velha máxima publicitária "a repetição funciona", resolveu publicar o mesmo artigo na edição de Sábado do Diário Insular e do Açoriano Oriental, sobre a asfixia financeira das nossas universidades. Algumas coisas surpreenderam-me no seu texto: 1) o reconhecimento explícito de que existe uma situação de asfixia financeira das universidades e o consequente reconhecimento implícito de que os Governos do PS nada fizeram para o resolver.2) Finalmente, depois de muitos, mesmo muitos, anos a negá-lo, a JS finalmente reconhece que as propinas não são usadas, como prometido, para aumentar a qualidade de ensino, mas sim para substituir o financiamento do Estado, conforme avisavam os estudantes quando António Guterres lhes impôs uma lei de propinas. Fico honestamente contente que a JS, ao mais alto nível reconheça finalmente estes dois factos e nem quero acreditar que Berto Messias esteja a ter uma posição meramente regional, julgando que a direcção nacional da JS não lê os dois principais diários açorianos... Para o autor o problema é "cultural" e advém do facto de se pagar muito dinheiro em salários na Universidade. Pois... Prefere não dizer que boa parte dos nossos melhores professores e investigadores prefere ir para Universidades estrangeiras, devido às misérias que ganham em Portugal. Escolhe silenciar que foi o PS, a par de PSD e CDS, que impuseram uma visão "comercial", de merceeiro, do financiamento do Ensino Superior, obrigando as Universidades a, desse lá por onde desse, arranjarem receitas próprias (propinas) e que agora é Mariano Gago que as quer obrigar a transformarem-se em fundações de direito privado, para que o Estado possa calmamente lavar daí as suas mãos... Do ponto de vista regional, deixo duas perguntas: não valeria a pena a Universidade dos Açores manter alguns cursos, mesmo que com poucos alunos, mesmo que pouco rentáveis financeiramente, como arquitectura, ou direito, de forma a impedir que centenas de jovens açorianos tivessem de "emigrar" para o continente, quantas vezes de vez? Não deveria o Estado (todos nós, portanto) a assumir os encargos com a Universidade, como factor decisivo para o futuro do país?


(in Política dura)

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