domingo, abril 19, 2009

Um lago no jardim

DIOGO RICOU é o responsável técnico da empresa Monteiro & Ricou, lda. Licenciado em Engenharia Agrícola pela Universidade dos Açores. Desde sempre que esteve ligado a esta área. É formador nas áreas da jardinagem, nomeadamente planeamento de jardins e dá aulas ao curso CEF jardinagem no ensino público. A monteiro & Ricou presta serviços de consultadoria, gestão de obras, construção de jardins, implantação e projecto de sistemas de rega, instalação de jardins verticais, agricultura, paisagismo. http://www.monteiroricou.blogspot.com/


A criação de um pequeno lago no jardim reveste-se de uma grande importância, já que esse espaço irá atrair diversos animais que de outra maneira acabariam por não aparecer. Um lago é uma estrutura que, para além do efeito estético e paisagistico para o qual foi criado, faz com que a diversidade animal no jardim aumente exponencialmente. Claro que o lago poderá ter sido criado com outro fim, como a meditação, o descanço, o relax, todavia é um espaço natural que irá ser colonizado. Também poderão aparecer a curto prazo animais indesejáveis, como é o caso dos mosquitos.
No entanto após algum tempo outros animais vão aparecer, exactamente por existir uma nova fonte extra de alimento (as larvas de mosquito) que são bastante apreciadas por um sem-número de animais como a rã, o sapo, o tritão e algumas espécies de aves.
E perguntam vocês mas como é os animais aparecem?
Claro que se estivermos no meio de uma cidade, é mais dificil, mas se caminharmos em direcção ao campo esse trabalho fica bastante facilitado, pois esses animais ocorrem naturalmente nesses locais. No entanto eles acabam sempre por aparecer mais depressa do que julgávamos possível. Posso dizer-vos que ao construir um jardim, já me deparei com situações incríveis: Num local aparentemente abandonado há já algum tempo iniciei a construção de uma habitação e logo depois a de um jardim. Por debaixo de umas pedras que iriam servir para um rock garden descobri uma enorme comunidade de rãs. Como terão elas sobrevivido? Na verdade não sei mas a natureza tem destas coisas. E atenção que perto não existe qualquer zona com água. Claro está que após esta descoberta resolvemos construir um pequeno lago, onde essa comunidade se pudesse desenvolver e sobreviver.
Tendo em conta a minha experiência diria que, quando projectamos um lago temos de ter em conta diversos aspectos:
Diferentes profundidades no lago
Sistema de filtragem
Sistema de circulação da água
Escoamento
Vegetação apropriada para as margens
Criação de zonas de sombra
Escolha das plantas aquáticas
Introdução de espécies animais
O lago deve possuir zonas com profundidades distintas, para que na escolha das plantas aquáticas seja possível um maior número de espécies, já que se algumas ficam à superfície e aí se desenvolvem (jacinto de água), outras há que necessitam de estar fixas num substrato (nenúfar). O sistema de filtragem e recirculação da água é muito importante, já que permite que a água não fique estagnada, transformando o local numa fonte de maus cheiros. Deve ser instalado também um sistema de escoamento do lago de forma a facilitar a limpeza e a evitar que necessário andar a retirar a água de balde.
A escolha da vegetação das margens também é importante, pois esse será um local de grande actividade biológica e esconderijo de um elevado número de animais. O papiro (cyperus) e o junco (juncus) são duas espécies muito bem adaptadas a zonas aquáticas, podendo estar ou na margem ou mesmo dentro do lago, nas zonas de profundidade mais baixa. Estas espécies quando desenvolvidas acabam por criar zonas de sombra que protegem o lago e os próprios seres vivos do efeito dos raios solares. Por fim e se desejar poderá fazer a introdução no lago de espécies animais, como os peixes (carpa), as rãs e as tartarugas de água doce, todas elas comercializadas nas lojas da especialidade.
Espero ter contribuído para o aumento da biodiversidade nos nossos jardins com este artigo.
(In Portal do Jardim.com)

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