domingo, janeiro 11, 2009

Comemorações do Aniversário da Universidade dos Açores

A Universidade dos Açores (UAç) esteve no dia 9 de Janeiro de portas abertas para todos os que se quisessem associar às comemorações do seu 33º aniversário, que começaram a meio da tarde, no anfiteatro C do campus de Ponta Delgada, com uma sessão solene presidida pelo reitor Avelino de Meneses, e onde foi lida uma oração de sapiência. O tema foi “Estudos Literários: sinais de um tempo” e esteve a cargo da professora Rosa Maria Baptista Goulart, docente do Departamento de Línguas e Literaturas Modernas. Pelas 21 horas foi a vez da Aula Magna receber o espectáculo comemorativo de aniversário, que contou com a actuação do Conservatório Regional de Ponta Delgada, com o coro Vozes ao Entardecer e com as tunas académicas. E por ser dia de aniversário a reflexão sobre o futuro da instituição impõe-se. Os indicadores, assume o reitor da UAç, são mais animadores do que nunca, não fosse este o ano em que academia contabiliza o maior número de sempre de estudantes inscritos. Mas há mais razões para o optimismo.“A qualificação dos quadros- da UAç ultrapassa já a média do conjunto das universidades públicas portuguesas. Temos 172 doutores, o que significa que 86% do corpo docente ultrapassou já o patamar essencial do doutoramento”, aponta Avelino Meneses, referindo que se tratam de “instrumentos que são entendidos como garante da continuação da qualificação das nossas gentes”. E, apesar de perspectivar um futuro risonho para a UAç, o reitor não deixa de manifestar alguma apreensão quanto ao verdadeiro calcanhar de Aquiles: o seu financiamento. Não obstante o esforço levado a cabo nos últimos anos- e com relativo êxito - no sentido de acrescer receitas e de diminuir despesas, ainda permanecem alguns aspectos que, segundo Avelino Meneses, poderiam ser alterados, e que teriam um sério impacto no equilíbrio das contas da instituição.“No caso do financiamento para investimento, o problema está praticamente solucionado, por via do apoio que o Governo dos Açores tem conferido ao programa de construção de infra-estruturas da UAç, mais concretamente a construção dos novos pólos na Terceira e no Faial”, assegura. “O problema está mesmo é na vertente do financiamento para funcionamento, e aí os nossos constrangimentos derivam essencialmente de políticas da República que não atribui às instituições de ensino superior na sua generalidade, os meios compatíveis com o serviço público que estas prestam efectivamente”, esclarece o responsável pela academia insular. E é por essa razão que Avelino Meneses reclama o fim de um financiamento “a conta-gotas”, procedimento que, nos últimos anos, mais não tem feito do que impedir a planificação a médio-prazo.“O ideal seria que o financiamento passasse a ser, no mínimo, anual. E, a par do financiamento obtido por fórmula, naturalmente uniforme entre as diferentes instituições, era bom que houvesse também a possibilidade de um financiamento contratualizado, porque assim poderia corresponder melhor às especificidades de cada instituição, e assim reduzir as assimetrias entre instituições de ensino superior de todo o país”. Sem reservas, o reitor diz mesmo que não tem sido feita justiça com a UAç. “O Governo da República teima em financiar em Portugal o ensino superior em patamares inferiores àqueles que ocorrem na generalidade dos nossos parceiros da UE, quando deveria ser precisamente o contrário, para que pudéssemos diminuir o atraso que mantemos com a Europa mais evoluída”. Aliás, no entender do antigo reitor, Vasco Garcia, não se poderá dissociar a UAç do desenvolvimento sustentável e harmónico das ilhas.“Sem a UAç, as nossas ilhas não seriam, de modo algum, aquilo que são hoje. Basta ver em todos os sectores da nossa Região autónoma as pessoas que saíram desta instituição, e que contribuem actualmente para o desenvolvimento económico, social e cultural do arquipélago”.Vasco Garcia considera ainda que “está na altura de ressuscitar alguns grandes projectos, como é a valorização da nossa acção em termos de valor económico da ecologia e do ambiente, ou estudos para fornecer às instituições do Estado instrumentos para que o nosso desenvolvimento seja cada vez melhor”.Também chamado a pronunciar-se sobre a data e sobre a “casa” que dirigiu ao longo de mais de uma década, Machado Pires não deixa de fazer votos para que a Universidade dos Açores continue a ser devidamente apoiada, tendo-se sempre em conta a importância da mesma no contexto regional mas também nacional e internacional.“Faço votos para que a UAç não seja apenas encarada como um instrumento de formação de quadros, mas sim um espaço de excelência para a reflexão nos vários domínios do saber e para a produção de ciência qualificada. Não nos podemos esquecer que, para além disso ser muito importante para a nossa identidade e desenvolvimento, é também o melhor cartão de visita num contexto internacional”.

(In Luísa Couto / Olímpia Granada - Açoriano Oriental)

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