domingo, abril 20, 2008

Câmara Municipal da Praia da Vitória vai estudar pluma de poluição

A Câmara Municipal da Praia da Vitória vai dar instruções à Praia Ambiente para avançar com um estudo no sentido de apurar qual a origem da “pluma de combustível” que estará a poluir o nível superficial do aquífero da zona das Lajes e qual a verdadeira extensão do problema. Esta informação foi avançada a DI pelo presidente do município, Roberto Monteiro, que adianta que “se forem confirmadas as expectativas, de que o problema ocorrido teve origem na execução dos pipe-lines de acesso ao parque de combustíveis pelos norte-americanos”, o município levará o problema até à Comissão Bilateral de Acompanhamento do Acordo das Lajes.“Vamos pressionar no âmbito da Comissão Bilateral para que o problema seja resolvido e, se for necessário, recorreremos aos tribunais”, garante.“O que não parece lógico é que as entidades públicas ou privadas a operarem na Terceira e em todo o país sejam obrigadas, para qualquer tipo de obras, a fazerem estudos de impacte ambiental e, em consequência de algum acidente durante as mesmas, tenham a obrigação de reparar os danos. Não se percebe como é que o Ministério da Defesa não impõe o mesmo ao comando americano”, critica o presidente da autarquia.

SEM PERIGO...

Roberto Monteiro frisa que, de momento, não existe qualquer perigo para a população, visto que a água que é consumida no concelho não é captada neste nível do aquífero, mas volta a frisar que, na sua opinião, “o mais grave é que não se tenha responsabilizado os norte-americanos por repararem estes danos, salvaguardando eventuais riscos de contaminação dos restantes lençóis de água da zona”.Recorde-se que a polémica foi despoletada quando o professor da Universidade dos Açores, Cota Rodrigues, veio a público denunciar o facto do aquífero das Lajes, que abastece o concelho da Praia da Vitória, já estar afectado por uma mancha de poluição, ao nível superficial. “Este aquífero das Lajes tem três níveis de água sobrepostos e a poluição está no mais superficial. O nível mais profundo é o que está actualmente a ser explorado. O que é necessário determinar é a geometria desta mancha de poluição e, se for necessário, avançar com medidas de descontaminação, que existem, porque este não é um problema exclusivo da Terceira, mas algo observado em vários locais onde há bases militares”, afirmava o especialista, doutorado em hidrogeologia da Terceira.Cota Rodrigues esclarecia que em causa está um estudo caro, mas com técnicas precisas, que se encontram disponíveis. “É fácil delimitar a pluma de poluição”, garantia.

RESPONSABILIDADE...

Face a esta denúncia, a direcção regional dos Recursos Hídricos, um departamento da secretaria do Ambiente, adiantava que não tinha conhecimento da situação e que ia enviar um ofício a Cota Rodrigues, para que este disponibilizasse a informação que tem eu seu poder sobre a possível contaminação do aquífero.Isto quando, já em 2003, conforme noticiou DI, a secretaria regional do Ambiente tinha contactado a Base das Lajes para esclarecer o problema da “pluma de combustível”.Mais tarde, a secretaria do Ambiente avançou que a responsabilidade era do representante açoriano na Comissão Bilateral, uma vez que se trataria de uma situação que implica os Estados Unidos da América e a Base das Lajes.Um dia depois, André Bradford recusava envolver-se até que serem apresentadas provas concretas, quer de que essa “pluma de combustível” de facto afecta o aquífero, como de que essa poluição teve origem em tanques de combustível pertencentes aos norte-americanos.“Sempre que se fazem escavações no local, surge solo contaminado com combustível e também água misturada com combustível”, respondia Cota Rodrigues.

“HISTÓRIA” DE PAÍS LATINO...

Quanto às recentes declarações do representante dos Açores na Comissão Bilateral de Acompanhamento do Acordo das Lajes, André Bradford, que afirmou que não há provas concretas de que a origem desta poluição seja de antigos tanques de combustível pertencentes aos norte-americanos, que existiam no passado junto ao Posto Um, Roberto Monteiro responde de forma directa.“Na minha opinião, esta parece-se com uma daquelas histórias muito famosas nos países latinos, particularmente em Portugal. Quando acontece alguma coisa de grave, nunca ninguém teve culpa. O que é facto é que existem dados de que, antes da intervenção feita pelos norte-americanos, não havia qualquer contaminação. A água deste furo na zona do Juncal até era canalizada para consumo. O único facto relevante que ocorreu no entretanto é a execução da obra”, afirma.
(In Diário Insular)

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