quinta-feira, março 20, 2008

Rio de Janeiro

Nunca tinha estado no Rio. Chegámos na sexta-feira dia 14 de Março vindos do Sul pela hora do almoço. Viemos lá de Parati como vos contei no sábado passado. No Rio ficámos hospedados num dos hotéis da frente marítima de Copacabana o que não é nada mau. Fomos almoçar numa das ruas paralelas de trás fugindo às indicações caras do homem da recepção e ficámos contentes com o arroz com feijão, e com as batatas com carne. Aqui come-se demais. À tarde fomos fazer a conferência prometida na Universidade Cândido Mendes e, ao fim do dia, fui jantar com um amigo antigo para os fins da baia de Ipanema. De facto aqui come-se demais mas é porque se cozinha muito bem. Ainda me desafiou para um passeio sobre o Rio num avião ligeiro mas o tempo não ajudou esse sonho e tive de me contentar em ir à base do Pão de Açúcar, ao portuguesíssimo centro mesmo quando invadido por arranha-céus nova iorquinos, ao magnífico Corcovado e ao enorme sambódromo e maracanã. No caminho até passámos pelo meio de uma favela que, de perigoso, só tinha uma ladeira íngreme e escorregadia. De manhãzinha ainda tomei um banho à chuva mas tinha de ser. A verdade é que não seria impossível tanto verde se não chovesse. Mesmo que a chuva seja quente.
A Universidade Cândido Mendes é uma das muitas privadas do Rio de Janeiro e dedica-se fundamentalmente a direito, economia e ciências sociais. Tem mais de quinze mil alunos separados por onze campus nas várias cidades do Estado do Rio de Janeiro e também em Vitória. A sede é um enorme arranha-céus mesmo por detrás do Palácio Imperial no centro do Rio. Na conferência falei de modelos de economia regional e fui dando exemplos sobre os Açores e, com alguma temeridade, sobre o Brasil também.
Espantosamente percebi que em Ipanema os adolescentes saem à noite sem qualquer preocupação especial sobre segurança. Parece que um esquema do rendimento mínimo por família está a gerar muito bons efeitos na criminalidade e também um maior policiamento que aqui e em Luanda chega por vezes aos limites de execuções sumárias pela polícia. Na praia, mesmo à chuva, várias motos-quatro com polícias passeiam para baixo e para cima.
O centro do Rio é um espanto mas só depois de percebermos a estrutura de Angra e de Lisboa no meio dos disparates das modas americanas que colocaram arranha-céus por detrás do “Terreiro do Paço daqui”, uma catedral moderníssima mesmo ao lado do “Rossio daqui” chamado agora de Praça do Tiradentes, e um enorme quantidade de edifícios degradados e igrejas antigas com uma prática que quase que ataca os fiéis com altíssimos altifalantes. Mas se tomarmos o pulso da cidade começamos a perceber onde fica o “Atanásio daqui” e também a “Suissa” e a “Brasileira”. Por outro lado o povo que se passeia nas ruas e nas lojas dá a ideia de que toda a “baixa” se transformou no Martim Moniz porque a Igreja de “São Domingos daqui” também deixou de fazer a sua função osmótica e integradora. É que os americanizados trouxeram os arranha-céus mas fugiram para o Leblon, para São Paulo e para Brasília. O Rio é como uma nova Baía, órfã de ser capital do Brasil e do Reino e refém do povo que por aqui ficou na passagem do poder.
O que salva o Rio é o Cristo Redentor eleito há pouco tempo como a maior maravilha do mundo. Mesmo envolto em chuva e nevoeiro impedindo a vista maravilhosa sobre todos os rios do Rio, a verdade é que continua a ter muitos visitantes que, mais do que olhar para baixo, querem estar mais perto daquela estátua imponente de braços abertos. Pena é que, ao contrário das igrejas com altifalantes aos berros lá de baixo, a capela lá de cima está fechada com uma grade, por detrás da qual está um guarda esparramalhado sobre o balcão. Imagens estranhas.
Que pena é termos medo de tomar um copo num dos cafés por onde passámos quando descíamos pelo meio da favela. Ali é que está o bom do Rio. O resto é decrépito ou insustentável.

(Prof. Tomaz Dentinho In A União)

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

rio de janeiro e um maximo o o o

1:16 da tarde  

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