Investigar o passado
No passado mês de Outubro de 2007, teve lugar a assinatura do Protocolo de colaboração entre a Direcção Regional da Cultura (DRaC) e o Centro de Investigação de Recursos Naturais da Universidade dos Açores (CIRN), que visa regular a cooperação entre ambas as partes. Em concreto, esta cooperação tem em vista a identificação de vestígios humanos de contextos arqueológicos, promovendo e seu estudo e protecção na Região Autónoma dos Açores. O protocolo agora assinado teve a sua origem no interesse mútuo das partes envolvidas nas ossadas que habitualmente são recuperadas em intervenções arqueológicos, sobretudo naquelas que afectam edifícios religiosos e cemitérios antigos. Por um lado, estes vestígios enquadram-se no âmbito do património arqueológico, sob o qual a Direcção Regional da Cultura tem competências na gestão, estudo, protecção e divulgação, e por outro lado, nos objectivos do Centro de Investigação de Recursos Naturais (CIRN) da Universidade dos Açores, que tem como uma das suas metas desenvolver projectos de investigação interdisciplinares relacionados com a caracterização biológica das populações humanas dos Açores. Neste sentido, a análise dos restos esqueléticos humanos é de grande interesse nos estúdios bio-antropológicos pois estes constituem um dos mais valiosos testemunhos do nosso passado. Questões importantes referentes à origem e evolução das populações do arquipélago açoriano, assim como questões demográficas e epidemiológicas das populações antigas das ilhas podem ser abordadas com o estudo dos vestígios antropológicos açorianos, uma linha de trabalho inédita na Região. Para acolher este projecto, o CIRN e o Departamento de Biologia da Universidade dos Açores criaram um Laboratório de Análises Paleoantropológicas, com os recursos técnicos e humanos necessários para fazer face ao levantamento e estudo de vestígios esqueléticos humanos no contexto arqueológico. O protocolo estabelecido entre a DRaC e a Universidade dos Açores foi inicialmente testado com a recente intervenção arqueológica em Fonte Bastardo (Localidade da ilha Terceira), e será posto em prática pela primeira vez com o estudo dos vestígios humanos recuperados da intervenção arqueológica no Convento de São Gonçalo (Angra do Heroísmo, Terceira). Durante a mencionada intervenção, realizada pela empresa ERA- arqueologia durante a primeira metade do ano 2007, foram recuperados os restos esqueléticos de aproximadamente 20 indivíduos que foram enterrados no dito convento durante os séculos XVI a XVIII. O estudo deste material trará informação muito valiosa sobre parâmetros demográficos, genéticos e epidemiológicos das comunidades humanas nos primórdios do povoamento de Angra do Heroísmo.
Etiquetas: Açores, Angra do Heroísmo, arqueologia, Departamento de Biologia, ossadas, Terceira
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