segunda-feira, setembro 10, 2007

Uma possível biofábrica nos Açores para combate pela técnica de machos estéreis

Construir uma biofábrica nos Açores não seria económicamente viável. A opinião é do professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, David Horta Lopes, após o também professor do mesmo departamento, Félix Rodrigues, ter avançado que a Região "passou ao lado" da oportunidade de ter uma biofábrica na década de noventa.
Recorde-se que as declarações de Félix Rodrigues surgiram depois de ter sido noticiado que fora feito um teste de dispersão, nos Biscoitos, com moscas criadas na biofábrica madeirense, no âmbito do programa INTERFRUTA, coordenado por Horta Lopes.

Segundo David Horta Lopes, os insectos utilizados no teste foram adquiridos gratuitamente, tendo sido apenas paga a deslocação de um técnico até à Terceira.
Recorde-se que o INTERFRUTA tem um orçamento global de 513 237,94 euros.
Além disso, adianta Horta Lopes, mesmo que as moscas tivessem sido pagas, o valor não ultrapassaria os 20 euros. "Tratando-se de 50 mil moscas, estamos a falar de um preço muito baixo. Por isso considero que uma biofábrica na Região não seria rentável. Construir as instalações e, depois, encontrar o mercado para mantê-la e o pessoal qualificado que seria necessário, não seria provável", sustenta.
"Provavelmente, chegar-se-ia à conclusão que esse projecto não faz sentido nos Açores. Já aquando da construção da biofábrica da Madeira existiram sérias dúvidas sobre a viabilidade do projecto. Pode, isso sim, ser estabelecido um protocolo com vista a que a Região possa continuar a ter acesso a esses insectos", reforça.
Entretanto, Félix Rodrigues já adiantou que a alegada não viabilidade económica de uma biofábrica desta natureza no arquipélago esteve, de facto, na base do projecto ter sido chumbado em 1992. Ainda assim, o professor volta a sublinhar que o argumento não é sólido, porque se é rentavel na Madeira também o seria aqui.".
"É preciso ver o espaço de tempo que se dá a um projecto para que ele prove ser viável. Se o prazo é de cinco anos, é demasiado curto, mas se for de vinte, o cenário já seria bem diferente".
Horta Lopes contesta ainda o facto de, como adiantado por Félix Rodrigues, a técnica de esterilização de insectos ser "especialmente eficaz" com espécies monogâmicas. "Pode-se fazê-lo com poligâmicas, apenas é necessário aumentar o número de insectos largados", afirma.

(In Diário Insular)

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