Novos Negócios
A reciclagem, as energias renováveis, as cadeias de valor, as gestões integradas e outras redes de negócio estão na moda.
Estão na moda porque as novas tecnologias da informação alteram fortemente os custos de transacção entre agentes económicos redefinindo a dimensão e a dinâmica das empresas e dos mercados. Por exemplo a transformação e distribuição de leite não eram passíveis de estar integradas na mesma empresa porque não era fácil interligar as contabilidades sem transferência electrónica de dados. No entanto, quando foi possível essa transmissão rápida de informação, a transformação e distribuição de leite passaram a relacionarem-se intra empresas em vez de inter empresas. Por miopia dos açorianos e dos seus dirigentes, quem tomou conta da transformação foram os distribuidores externos, mas se tivessem os olhos mais abertos poderia ter sido ao contrário como acontece na Nova Zelândia. A redução dos custos de transacção é um sonho para os engenheiros e gestores. De facto, com custos de transacção reduzidos é possível planear e implementar, como gostam os engenheiros, e avaliar e controlar, como preferem os gestores. Neste mundo mais reduzido, com menores custos de transacção e aparentemente com menos incerteza, muitos pensam que não são necessários economistas, para perceber e ajudar a regular os mercados, e tudo o que é preciso são engenheiros, gestores e juristas para propor, regatear e estabelecer negócios estruturais e estruturantes. Creio que em 1992, já os russos tinham perdido a possibilidade da manutenção do seu regime económico de planeamento central porque não conseguiram desenvolver as tecnologias de informação que o possibilitassem. Mas mesmo que as tecnologias da informação tivessem salvo por umas décadas o regime soviético a verdade é que essas tecnologias, por mais sonhos de planeamento que pudessem ou possam suscitar, esbarrariam e esbarram sempre com o factor humano. Mais, é quando essas tecnologias da informação são usadas de forma descentralizada e integrando pessoas com liberdade de criar e de escolher, como o email, os chats, o google, ou o wikipédia, é que essas tecnologias acabam por ser mais úteis. O que não é verdade sempre que um qualquer novo responsável de uma organização fica embevecido com o suposto controle que um sistema de informação centralizado lhe poderá dar. Invariavelmente, não funciona. O mesmo acontece com os sonhos de reciclagem, das energias renováveis, das cadeias de valor, das gestões integradas e de outras redes de negócio. Há uns tipos, com vocação para ditadores, que julgam que, se todo o mundo fizer como eles pensam, o mundo ficará melhor. O caso fica mais perigoso quando esses ditadores frustrados começam a ganhar peso na comunicação social e, com facilidade, conseguem vender a banha da cobra aos políticos endinheirados pelo peso do Estado e dos impostos. Na verdade tudo se torna mais perigoso quando uma solução se confunde com o objectivo, quando a recliclagem deixa de ser um meio para ter um ambiente mais limpo e passa a ser um fim em si mesmo, quando as energias renováveis passam a ser um bem independentemente dos custos e benefícios que acarretam, quando a gestão integrada é boa porque é integrada e não porque, eventualmente, gera mais benefícios líquidos. E os planos bonitos falham porque, e ainda bem, existe o factor humano. Há gente que não recicla como os miúdos crescidos do anúncio da televisão. Há pessoas que preferem cozinhar com a lenha que têm ao lado em vez de usarem o fogão solar que vem da Europa. Há produtores que preferem vender a quem os explora estruturalmente em vez de fornecer produtos aos amiguinhos conjunturais do mercado justo. Quer isto dizer que não devemos reciclar, renovar e valorizar? Certamente que devemos fazê-lo mas com homens e estruturas livres e criativas. Nunca com moralistas centralizadores.
(In Prof. Tomaz Dentinho em a União)
Estão na moda porque as novas tecnologias da informação alteram fortemente os custos de transacção entre agentes económicos redefinindo a dimensão e a dinâmica das empresas e dos mercados. Por exemplo a transformação e distribuição de leite não eram passíveis de estar integradas na mesma empresa porque não era fácil interligar as contabilidades sem transferência electrónica de dados. No entanto, quando foi possível essa transmissão rápida de informação, a transformação e distribuição de leite passaram a relacionarem-se intra empresas em vez de inter empresas. Por miopia dos açorianos e dos seus dirigentes, quem tomou conta da transformação foram os distribuidores externos, mas se tivessem os olhos mais abertos poderia ter sido ao contrário como acontece na Nova Zelândia. A redução dos custos de transacção é um sonho para os engenheiros e gestores. De facto, com custos de transacção reduzidos é possível planear e implementar, como gostam os engenheiros, e avaliar e controlar, como preferem os gestores. Neste mundo mais reduzido, com menores custos de transacção e aparentemente com menos incerteza, muitos pensam que não são necessários economistas, para perceber e ajudar a regular os mercados, e tudo o que é preciso são engenheiros, gestores e juristas para propor, regatear e estabelecer negócios estruturais e estruturantes. Creio que em 1992, já os russos tinham perdido a possibilidade da manutenção do seu regime económico de planeamento central porque não conseguiram desenvolver as tecnologias de informação que o possibilitassem. Mas mesmo que as tecnologias da informação tivessem salvo por umas décadas o regime soviético a verdade é que essas tecnologias, por mais sonhos de planeamento que pudessem ou possam suscitar, esbarrariam e esbarram sempre com o factor humano. Mais, é quando essas tecnologias da informação são usadas de forma descentralizada e integrando pessoas com liberdade de criar e de escolher, como o email, os chats, o google, ou o wikipédia, é que essas tecnologias acabam por ser mais úteis. O que não é verdade sempre que um qualquer novo responsável de uma organização fica embevecido com o suposto controle que um sistema de informação centralizado lhe poderá dar. Invariavelmente, não funciona. O mesmo acontece com os sonhos de reciclagem, das energias renováveis, das cadeias de valor, das gestões integradas e de outras redes de negócio. Há uns tipos, com vocação para ditadores, que julgam que, se todo o mundo fizer como eles pensam, o mundo ficará melhor. O caso fica mais perigoso quando esses ditadores frustrados começam a ganhar peso na comunicação social e, com facilidade, conseguem vender a banha da cobra aos políticos endinheirados pelo peso do Estado e dos impostos. Na verdade tudo se torna mais perigoso quando uma solução se confunde com o objectivo, quando a recliclagem deixa de ser um meio para ter um ambiente mais limpo e passa a ser um fim em si mesmo, quando as energias renováveis passam a ser um bem independentemente dos custos e benefícios que acarretam, quando a gestão integrada é boa porque é integrada e não porque, eventualmente, gera mais benefícios líquidos. E os planos bonitos falham porque, e ainda bem, existe o factor humano. Há gente que não recicla como os miúdos crescidos do anúncio da televisão. Há pessoas que preferem cozinhar com a lenha que têm ao lado em vez de usarem o fogão solar que vem da Europa. Há produtores que preferem vender a quem os explora estruturalmente em vez de fornecer produtos aos amiguinhos conjunturais do mercado justo. Quer isto dizer que não devemos reciclar, renovar e valorizar? Certamente que devemos fazê-lo mas com homens e estruturas livres e criativas. Nunca com moralistas centralizadores.
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Etiquetas: Dentinho, Economia, energias alternativas, Negócios, reciclagem
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