quarta-feira, março 16, 2011

Japão pede ajuda após explosões em central nuclear

A devastação causada pelo tsunami desencadeou um alerta nuclear sem precedentes no Japão que já pediu ajuda à Agência Internacional de Energia Atómica.


O Japão pediu oficialmente à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) o envio de uma equipa de peritos após as explosões registadas na central nuclear de Fukushima, declarou ontem o director-geral da agência, Yukiya Amano. “O governo japonês pediu à agência uma missão de peritos. Estamos a discutir os detalhes com o Japão”, disse Amano, cujas declarações foram divulgadas após uma reunião à porta fechada em Viena, sede da AIEA. Na sexta-feira, a agência propôs a sua ajuda ao Japão após o sismo e o tsunami que atingiram o país e danificaram a central nuclear de Fukushima, situada a 250 quilómetros de Tóquio, o que faz recear uma fuga radioactiva. O nível de água de um dos reactores da central baixou ontem bastante, o que impedia o arrefecimento do combustível, referiram os ‘media’ japoneses, citando a Tokyo Electric Power (Tepco). Antes, a Tepco explicara que tinha sido possível injectar água do mar para arrefecer as barras de combustível nuclear, que tinham estado uma primeira vez fora de água. Ainda ontem a agência de segurança nuclear japonesa excluiu a possibilidade de um acidente do tipo Chernobil (Ucrânia) na central de Fukushima, disse o ministro da Estratégia nipónico citado pela agência noticiosa japonesa Jiji. “Não há absolutamente qualquer possibilidade de um Chernobil”, declarou o ministro Koichiro Ganba aos membros do Partido no poder. Antes da explosão de ontem, ao acidente no reactor número 1 foi atribuído o nível 4 na escala de acontecimentos nucleares e radiológicos. Chernobil atingiu o nível 7 e Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979, o nível 5. Em Abril de 1986, o reactor número 4 da Central Nuclear de Chernobil explodiu. Após o acidente, foram registados vestígios de radioactividade em praticamente todos os países do hemisfério norte. Desde então, o local do acidente tem estado vedado aos seres humanos. Entretanto o comissário europeu para a Energia, Gunther Oettinger, afirmou que seria possível acontecer na Europa uma explosão como a registada na central nuclear de Fukushima. “As imagens do Japão mostram-nos que o pior não é inimaginável”, afirmou. O comissário acrescentou que pretende debater os potenciais riscos para as centrais nucleares na Europa numa reunião da UE hoje, em que estarão presentes as autoridades responsáveis pela segurança nuclear e da indústria do sector.

Em caso de acidente nuclear a probabilidade dos Açores serem afectados é muito reduzida.
Félix Rodrigues, especialista em Poluição Atmosférica da Universidade dos Açores, explicou ao Açoriano Oriental que em termos de perigo imediato, em caso de acidente nuclear no Japão, os impactos serão muito locais uma vez que a radioactividade decresce muito rapidamente nas primeiras 48 horas. No entanto a longo prazo, e havendo dispersão na estratosfera, algumas zonas do globo serão atingidas em especial, dada a localização do Japão e à circulação do “jet stream” - os Estados Unidos da América, o Canadá, a Índia, a China, o Médio Oriente e a Austrália. As regiões menos atingidas serão a Europa, o Brasil e a África Central.

(Ana Carvalho Melo/Lusa-Açoriano Oriental).