Geodúvidas
Aníbal Pires (Opinião)
O projecto de produção de electricidade a partir da energia geotérmica iniciou-se nos Açores nos idos anos 70 do século passado, na ilha de S. Miguel. Como qualquer outro projecto de prospecção e de instalação de uma central que utiliza uma energia pouco conhecida atravessou momentos menos bons e avultados investimentos que geraram, à época, muita controvérsia. Passados mais de 30 anos a produção de energia eléctrica a partir da geotermia é uma realidade consolidada.
A geotermia e a energia eólica contribuem para a redução da dependência energética com todos os ganhos económicos e ambientais que essa realidade significa.
A Terceira, o Pico, o Faial e a Graciosa têm, tal como S. Miguel, potencial geotérmico para a instalação de centrais de produção de energia eléctrica mas, notícias vinda recentemente a público ameaçam a continuidade dos esforços e investimentos já feitos, designadamente na ilha Terceira.
A Geoterceira sociedade com capitais maioritariamente da EDA e da EDP veio tornar público que os estudos de prospecção apontam para um potencial de produção de 3 MW ao invés dos esperados 12 MW e que a Assembleia de accionistas iria decidir sobre a continuidade ou não do investimento. Notícia que não pode deixar de levantar algumas preocupações e interrogações.
Preocupações, desde logo, ao nível do avultado investimento que agora se pode esfumar numa decisão de accionistas que como está comprovado nem sempre decidem em favor do interesse público.
Interrogações sobre a criação da Geoterceira quando já existia uma entidade para a exploração da energia geotérmica nos Açores: a Sogeo. Sobre a localização dos furos term- ométricos, sobre os ensaios de porosidade e fracturação que como se sabe são fundamentais na prospecção, sobre a entrada e qual o papel da Geotermex (empresa de consultadoria estado-unidense), enfim um conjunto de perguntas que legitimamente se podem colocar aos responsáveis técnicos e políticos, como por exemplo uma outra, quiçá, a que vai ao cerne do problema: Porquê fragmentar um projecto de investimento com esta dimensão financeira e estratégica? Quando a lógica deveria ser a da integração da geotermia num plano energético regional!?
A demonstração da importância da geotermia como energia alternativa à produção de electricidade está feita, por fazer estão outros aproveitamentos subsidiários mas igualmente potenciadores de importantes mais-valias para a Região como, por exemplo, a consolidação do saber científico e área de excelência da Universidade dos Açores que inexplicavelmente não tem sido aproveitado ou, de utilização do potencial da geotermia no turismo e na agricultura.
O projecto da geotermia na Terceira está dramaticamente debilitado mas, em minha opinião, não pode acabar sem que se proceda à reavaliação do projecto e sem o apuramento de responsabilidades sobre as expectativas defraudadas.
(In Expresso das Nove)
O projecto de produção de electricidade a partir da energia geotérmica iniciou-se nos Açores nos idos anos 70 do século passado, na ilha de S. Miguel. Como qualquer outro projecto de prospecção e de instalação de uma central que utiliza uma energia pouco conhecida atravessou momentos menos bons e avultados investimentos que geraram, à época, muita controvérsia. Passados mais de 30 anos a produção de energia eléctrica a partir da geotermia é uma realidade consolidada.
A geotermia e a energia eólica contribuem para a redução da dependência energética com todos os ganhos económicos e ambientais que essa realidade significa.
A Terceira, o Pico, o Faial e a Graciosa têm, tal como S. Miguel, potencial geotérmico para a instalação de centrais de produção de energia eléctrica mas, notícias vinda recentemente a público ameaçam a continuidade dos esforços e investimentos já feitos, designadamente na ilha Terceira.
A Geoterceira sociedade com capitais maioritariamente da EDA e da EDP veio tornar público que os estudos de prospecção apontam para um potencial de produção de 3 MW ao invés dos esperados 12 MW e que a Assembleia de accionistas iria decidir sobre a continuidade ou não do investimento. Notícia que não pode deixar de levantar algumas preocupações e interrogações.
Preocupações, desde logo, ao nível do avultado investimento que agora se pode esfumar numa decisão de accionistas que como está comprovado nem sempre decidem em favor do interesse público.
Interrogações sobre a criação da Geoterceira quando já existia uma entidade para a exploração da energia geotérmica nos Açores: a Sogeo. Sobre a localização dos furos term- ométricos, sobre os ensaios de porosidade e fracturação que como se sabe são fundamentais na prospecção, sobre a entrada e qual o papel da Geotermex (empresa de consultadoria estado-unidense), enfim um conjunto de perguntas que legitimamente se podem colocar aos responsáveis técnicos e políticos, como por exemplo uma outra, quiçá, a que vai ao cerne do problema: Porquê fragmentar um projecto de investimento com esta dimensão financeira e estratégica? Quando a lógica deveria ser a da integração da geotermia num plano energético regional!?
A demonstração da importância da geotermia como energia alternativa à produção de electricidade está feita, por fazer estão outros aproveitamentos subsidiários mas igualmente potenciadores de importantes mais-valias para a Região como, por exemplo, a consolidação do saber científico e área de excelência da Universidade dos Açores que inexplicavelmente não tem sido aproveitado ou, de utilização do potencial da geotermia no turismo e na agricultura.
O projecto da geotermia na Terceira está dramaticamente debilitado mas, em minha opinião, não pode acabar sem que se proceda à reavaliação do projecto e sem o apuramento de responsabilidades sobre as expectativas defraudadas.
(In Expresso das Nove)
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