quarta-feira, agosto 05, 2009

A ginja

Joaquim Leça

É um fruto originário da Europa de Leste e do Sudoeste Asiático. Os gregos e os persas conheciam e apreciavam a ginja, mas foram os romanos que distribuíram esta cultura por vários pontos do continente europeu, aquando do seu império. Segundo dados recentes da FAO, o organismo das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação, a Rússia, a Turquia, a Polónia, a Ucrânia e a Sérvia e Montenegro, são responsáveis por quase dois terços da produção mundial. Em diversos países, a ginja ou cereja ácida, pela qual também é conhecida, é utilizada na gastronomia, em sopas, pratos de carne de porco, tartes e na obtenção de bebidas. Em Portugal, este fruto é sobretudo transformado em ginjinha ou licor de ginja. Quem nunca a bebeu em Lisboa, na "Ginjinha" do Largo de São Domingos ou na "Ginjinha sem Rival" da Rua das Portas de Santo Antão, com ou sem "elas", ou seja, com ou sem ginjas. A Região Oeste, é a zona produtora de excelência desta bebida, sendo afamadas, a Ginjinha de Óbidos e a de Alcobaça. Na Madeira, as freguesias do Jardim da Serra e do Curral das Freiras, pertencentes ao concelho de Câmara de Lobos, produzem ginjas e o nosso licor de ginja, que é muito procurado durante todo o ano pelos madeirenses e pelos turistas. Refira-se a título de curiosidade que, no livro "Fomento da Fruticultura na Madeira" de 1947 da autoria do Professor Engenheiro Joaquim Vieira Natividade, a ginjeira é mesmo considerada uma espécie típica do Curral das Freiras. Nos últimos anos, tem-se realizado ali uma Mostra da Ginja, organizada pela respectiva Casa do Povo, onde são divulgados alguns derivados daquele fruto como o bolo, o "doce" (compota), entre outros, estando a edição de 2009, marcada para 12 de Julho. Na Região, esta cultura tem as melhores condições de cultivo a partir dos 500 metros na costa sul. À semelhança da cerejeira – que hoje se celebra no Jardim da Serra em mais uma Festa da Cereja – floresce de uma forma exuberante em Abril e Maio e, a colheita decorre em Junho e Julho. Quanto a pragas e doenças, a ginjeira é mais rústica que a sua "irmã" doce. Uma vez que o aspecto destas duas espécies é muito idêntico, o que as distingue, é o porte da primeira que é mais pequeno e os seus ramos que são mais curtos que a segunda fruteira. Acrescente-se ainda que ao paladar, a ginja é agridoce e a cereja é doce.

(in Agricultando)

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