CONTRATO ASSINADO ONTEM LNEC estuda solos e águas da Praia
Os trabalhos serão realizados por uma equipa de sete doutorados, com recurso a 14 furos que serão feitos por sondadores. O estudo deverá estar concluídos no prazo máximo de um ano.
O estudo abrange uma área de 163 quilómetros quadrados, cerca de 40 por cento da superfície da Terceira, anunciou, ontem, o presidente do LNEC, Carlos Ramos, durante a assinatura de um contrato de prestação de serviços com a Câmara da Praia da Vitória, orçado em cerca de 607 mil euros.
A iniciativa surge na sequência de notícias que apontam para uma eventual contaminação dos solos e águas do concelho pelo sistema de armazenamento e abastecimento de combustíveis do destacamento norte-americano estacionado na Base das Lajes.
Para esclarecer a questão, o estudo vai englobar a análise à qualidade dos solos e a avaliação da qualidade das águas, mas também prospecção geofísica, modelação do funcionamento hidrológico e transporte de poluentes nos aquíferos e reabilitação.
Através de modelos matemáticos, vão ser também medidos os aquíferos cujos resultados permitirão uma orientação sobre a gestão futura dos recursos hídricos do concelho.
Os custos dos trabalhos são financiados na totalidade pelo executivo açoriano, através da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.
“O risco nulo não existe e, por isso, é necessário quantificá-lo para se saber lidar com ele”, salientou Carlos Ramos.
O LNEC propõe analisar a evolução e migração das plumas contaminantes com vista ao estabelecimento de possíveis situações de risco para os furos de abastecimento urbano.
A proposta de trabalho apresentada define como perímetros: “Areeiro, Pico Celeiro; Vale Farto; Canada da Saúde; Juncal; Fontinhas e nascente da Caldeiras das Lajes”. Contudo, os técnicos admitem mudar localizações em função dos dados “que venham a ser obtidos nas campanhas de campo”.
Estudo independente
Por seu turno, o presidente da autarquia, Roberto Monteiro, salientou que “o estudo é feito por uma entidade independente, credível e reconhecida internacionalmente”, frisando que “a cônsul norte-americana se comprometeu a aceitar as suas conclusões”.
No caso de existir contaminação, Roberto Monteiro disse que “o problema terá de ser resolvido entre os governos regional e da República e os EUA”.
O autarca assegurou, no entanto, que, “na defesa dos interesses do concelho, caso existam resistências [norte-americanas] em assumir responsabilidades", a Câmara da Praia da Vitória está disposta "a recorrer, se necessário, a tribunais internacionais”.
Quando o problema foi levantado, a autarquia garantiu que, “nas análises regulares efectuadas às águas de consumo público, nunca foram detectadas contaminações por hidrocarbonetos e metais pesados”.
A professora da Universidade dos Açores, Adelaide Lobo, disse também à Lusa que, “ao longo de duas décadas e meia de análises às águas de consumo público na ilha Terceira, nunca foram detectadas aquelas substâncias”.
Um comunicado do Departamento de Relações Públicas da Força Aérea Portuguesa (FAP) admitiu, no entanto, que “existem identificados na Base Aérea das Lajes solos contaminados com hidrocarbonetos, mas superficialmente e pouco preocupantes”.
O documento acrescentava que “há já alguns anos que decorrem planos e acções concretas para correcção da situação, referidos em vários relatórios, sobre os quais não existe nenhuma intenção conhecida, quer das autoridades portuguesas ou norte-americanas em mantê-los secretos”.
Roberto Monteiro voltou a referir na cerimónia de ontem que “os resultados das análises que continuam a ser regularmente efectuadas garantem a fiabilidade e qualidade da água para consumo público”.
(In A União , Foto: João Costa/Fotaçor)
Etiquetas: Adelaide Lobo, LNEC, Poluição, Qualidade da água
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