quarta-feira, fevereiro 18, 2009

As térmitas


A situação está grave - sempre esteve - e o Governo Regional nunca assumiu as rédeas a este problema.
Mais uma vez, a comunicação social deu eco a esta preocupação, por parte da Universidade dos Açores. A UA vem, há muito tempo, alertando para a necessidade de existir uma correcta actuação nesta matéria, sugerindo, mesmo, formas de agir.
Como deputada, sempre elegi este assunto como prioritário, o que já me valeu certos epítetos por parte daqueles que tentam desvalorizar o assunto, fazendo “orelhas moucas” às suas verdadeiras consequências, não só ao nível do património edificado, marcos vivos da nossa história, como também dos constrangimentos reais com que as pessoas se vêm a debater há já alguns anos.
Tem sido claramente irresponsável a actuação do Governo nesta matéria! Este é um problema que exige uma coordenação regional devidamente fundamentada e planificada.


É difícil de lidar com o assunto, todos o sabemos…. mas, ano após ano, o problema agrava-se sem soluções à vista. Depois dos alertas, já passaram os anos 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008…
É imperativo que se tente evitar a dispersão das espécies entre ilhas, entre habitações na própria ilha e a entrada de novas espécies no arquipélago, para além de educar e sensibilizar a população para viver com tal praga durante toda a sua vida. E, nesta medida, nunca é demais lembrar que na Ilha do Faial, para além de já “albergar” a espécie da madeira seca, aliás como as Ilhas Terceira, São Miguel e até Santa Maria, foi já identificada a térmita subterrânea, o que só demonstra a gravidade que a situação vai assumindo.
A disseminação, passado todo este tempo, persiste como um problema real. Continuam uns a recuperar as habitações e outros omitindo as situações com a consequente propagação da praga aos edifícios entretanto recuperados, ou ainda não infestados.
A informação permanece deficiente, continuando a dizer-se: “Se for para apoios vá às obras públicas, mas se precisar de licença de obras vá à Câmara Municipal, mas se precisar de descarregar madeira vá colocar no aterro sanitário” e, chegando ao aterro, logo lhe dizem: “grandes quantidades não recebemos… vá entregar à empresa concessionária para o efeito – será que estas sabem como tratá-la? - para pequenas quantidades, coloque na zonas das madeiras”, assim mesmo, sem cuidado especial.
Já estou a ver o filme do costume - aliás como aconteceu com as rupturas no abastecimento de água à população em Angra do Heroísmo, em que nunca se deu ouvidos aos sucessivos alertas e estudos da Universidade dos Açores – daqui a algum tempo, quando a situação estiver insustentável, virá o Governo Regional assumir que realmente devia ter dado ouvidos à Universidade dos Açores e aos seus sucessivos alertas…
Entretanto, enquanto a praga vai alastrando e muito podia e devia ser feito, o Governo Regional, que pouco ou nada tem feito nesta matéria, assume a sua especialidade: faz de conta que faz … É assim que ouvimos, incrédulos, o discurso do Secretário Regional do Ambiente e do Mar ao afirmar que não existe nenhum Plano de combate ás térmitas, nem tem de haver…
Assume-se, deste modo, mais uma diferença entre o actual detentor da pasta e a sua antecessora.
Até aqui, a área do Ambiente era gerida através de Planos que não saiam do papel, agora, já nem Planos existem, se calhar porque as térmitas roeram … o papel.
(In A União)

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