domingo, novembro 16, 2008

Sustentabilidade versus tripolaridade

As assimetrias ilhéus nos Açores tendem aos poucos a agravar-se, a palavra tripolariedade entrou no quotidiano açoriano com a mesma facilidade com que as ilhas mais pequenas vêem escapar os serviços para as maiores. Venho ao tema devido à notícia d'O Público que em 2050 serão menos 700 mil portugueses. Os efeitos nacionais poderão não ser tão nefastos, mas temo que nesta data nos Açores comece-se a pensar profundamente na sustentabilidade de algumas ilhas onde o êxodo é maior e as dificuldades de assentar população são maiores. Os Açores encontraram uma alavanca de desenvolvimento a várias velocidades que é causa das assimetrias que teimam em ser corrigidas, baseando a economia e os serviço essenciais em três vértices São Miguel, Terceira e Faial-Pico-São Jorge. Se o Estado - e não governo - é o primeiro a argumentar dificuldades económicas em manter serviços nas nove ilhas, dificilmente será o cidadão comum a querer suportar estes custos por muito amor que tenha à sua ilha.
É hoje consensual que é incomportável manter todos os serviços nas nove ilhas, mas não se poderá diversificar os serviços da administração pública? Repare-se os órgãos políticos regionais, a Universidade dos Açores, os Hospitais, as ligações a Lisboa, entre outras, estão centralizadas nas mesmas três ilhas. Caso não se pretenda destruir a tripolaridade o quanto antes, que se tenha a consciência política de afirmar que a sustentabilidade de algumas ilhas corre sérios riscos num médio/longo prazo.

(In Paralelo 37)

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