Açorianos continuam descontentes com transportes aéreos
A disponibilidade de voos, o preço excessivo e a descrepância do serviço prestado pelas companhias dentro e fora da região são as principais queixas dos habitantes.
A SATA e a TAP anunciaram recentemente tarifas promocionais para residentes, nos voos entre os Açores e Lisboa e entre o arquipélago e a Madeira. 10% dos lugares serão vendido a metade do preço que é praticado actualmente.
A medida não foi suficiente para calar o descontentamento de passageiros e associações de turismo. Queixam-se da baixa percentagem de passagens promocionais e dos preços praticados dentro da região. A revolta acentua-se quando comparam os preços aplicados pela SATA fora dos Açores. Sem a tarifa promocional, os açorianos pagam 291 euros para se deslocarem a Lisboa. Com o mesmo dinheiro, e na mesma companhia, um habitante de São Miguel pode chegar a Manchester e atravessar o dobro das milhas.
Já a TAP cobra metade do custo de uma passagem Açores-Lisboa, igualmente 291 euros, num voo da capital portuguesa à espanhola.
Se os açorianos se queixam, os madeirenses pelo contrário têm razões para estarem satisfeitos com a SATA. A companhia cobra, por exemplo, mais dinheiro por um voo entre Terceira e São Miguel do que por um entre Funchal e Gran Canaria. São 171 euros entre as ilhas açorianas e 138 na viagem em comparação, que por sinal é mais longa.
O mesmo se regista dentro dos arquipélagos. Um voo entre Funchal e Porto Santo custa 76 euros. Da Terceira para a Graciosa, com a mesma distância, a viagem fica por 107 euros. Os valores distanciam-se ainda mais quando olhamos para as tarifas sem taxa. Na Madeira fica por 20 euros, entre as duas ilhas açorianas são 82 euros.
Turismo interno prejudicado pelos preços das deslocações
No que respeita a desigualdades, são os habitantes das ilhas mais pequenas que têm mais motivos para se queixarem. Quem vive no Pico, por exemplo, chega a precisar de 48 horas para chegar a Bruxelas. É que na maior parte das vezes tem de pernoitar na Terceira para chegar a Lisboa e só depois apanhar o voo para o destino final.
A disponibilidade dos voos é o maior problema das ilhas menos povoadas e os casos caricatos aparecem mesmo nas ligações dentro do arquipélago. Um habitante do Pico que queira chegar à ilha vizinha de São Jorge, precisa muitas vezes de passar primeiro pela Terceira e em muitos casos, é obrigado a permanecer durante a noite na ilha de escala. Aos 139 euros da passagem, juntam-se ainda os custos do alojamento e dos transportes.
Também é complicado viajar entre as Flores a Terceira. Na maior parte dos dias da semana não há voo directo e as alternativas são dispendiosas. Uma das hipóteses é fazer escala no Faial, mas em muitos casos é obrigatório pernoitar. Quem não quiser gastar dinheiro com estadia arrisca-se a pagar dois voos. Primeiro vai até Ponta Delgada e de lá segue para as Lajes. Só que neste último caso uma ida à Terceira fica em 254 euros.
Razões que segundo a Associação Regional de Turismo explicam a fraca adesão ao turismo interno. Liberalização: a melhor opção?
Cada vez mais a liberalização do espaço aéreo aparece com uma solução para a diminuição dos preços das viagens. No entanto, a medida é polémica, porque envolve certos riscos.
Tomaz Dentinho, professor de economia no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, aponta como solução ideal a liberalização parcial. A ideia é liberalizar apenas as rotas das três ilhas mais habitadas para o continente e estrangeiro e garantir o serviço público nas restantes ilhas.
A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo também vê vantagens na liberalização parcial do espaço aéreo. Ainda assim, Sandro Paim alerta para a probabilidade da opção provocar desequilíbrio entre as ilhas e acrescenta que para evitar este desfecho o governo teria de adoptar outro mecanismo de equiparação de passagens.
(In Nuno Neves e Francisco Sayal, RTP-RDP Açores)
A SATA e a TAP anunciaram recentemente tarifas promocionais para residentes, nos voos entre os Açores e Lisboa e entre o arquipélago e a Madeira. 10% dos lugares serão vendido a metade do preço que é praticado actualmente.
A medida não foi suficiente para calar o descontentamento de passageiros e associações de turismo. Queixam-se da baixa percentagem de passagens promocionais e dos preços praticados dentro da região. A revolta acentua-se quando comparam os preços aplicados pela SATA fora dos Açores. Sem a tarifa promocional, os açorianos pagam 291 euros para se deslocarem a Lisboa. Com o mesmo dinheiro, e na mesma companhia, um habitante de São Miguel pode chegar a Manchester e atravessar o dobro das milhas.
Já a TAP cobra metade do custo de uma passagem Açores-Lisboa, igualmente 291 euros, num voo da capital portuguesa à espanhola.
Se os açorianos se queixam, os madeirenses pelo contrário têm razões para estarem satisfeitos com a SATA. A companhia cobra, por exemplo, mais dinheiro por um voo entre Terceira e São Miguel do que por um entre Funchal e Gran Canaria. São 171 euros entre as ilhas açorianas e 138 na viagem em comparação, que por sinal é mais longa.
O mesmo se regista dentro dos arquipélagos. Um voo entre Funchal e Porto Santo custa 76 euros. Da Terceira para a Graciosa, com a mesma distância, a viagem fica por 107 euros. Os valores distanciam-se ainda mais quando olhamos para as tarifas sem taxa. Na Madeira fica por 20 euros, entre as duas ilhas açorianas são 82 euros.
Turismo interno prejudicado pelos preços das deslocações
No que respeita a desigualdades, são os habitantes das ilhas mais pequenas que têm mais motivos para se queixarem. Quem vive no Pico, por exemplo, chega a precisar de 48 horas para chegar a Bruxelas. É que na maior parte das vezes tem de pernoitar na Terceira para chegar a Lisboa e só depois apanhar o voo para o destino final.
A disponibilidade dos voos é o maior problema das ilhas menos povoadas e os casos caricatos aparecem mesmo nas ligações dentro do arquipélago. Um habitante do Pico que queira chegar à ilha vizinha de São Jorge, precisa muitas vezes de passar primeiro pela Terceira e em muitos casos, é obrigado a permanecer durante a noite na ilha de escala. Aos 139 euros da passagem, juntam-se ainda os custos do alojamento e dos transportes.
Também é complicado viajar entre as Flores a Terceira. Na maior parte dos dias da semana não há voo directo e as alternativas são dispendiosas. Uma das hipóteses é fazer escala no Faial, mas em muitos casos é obrigatório pernoitar. Quem não quiser gastar dinheiro com estadia arrisca-se a pagar dois voos. Primeiro vai até Ponta Delgada e de lá segue para as Lajes. Só que neste último caso uma ida à Terceira fica em 254 euros.
Razões que segundo a Associação Regional de Turismo explicam a fraca adesão ao turismo interno. Liberalização: a melhor opção?
Cada vez mais a liberalização do espaço aéreo aparece com uma solução para a diminuição dos preços das viagens. No entanto, a medida é polémica, porque envolve certos riscos.
Tomaz Dentinho, professor de economia no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, aponta como solução ideal a liberalização parcial. A ideia é liberalizar apenas as rotas das três ilhas mais habitadas para o continente e estrangeiro e garantir o serviço público nas restantes ilhas.
A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo também vê vantagens na liberalização parcial do espaço aéreo. Ainda assim, Sandro Paim alerta para a probabilidade da opção provocar desequilíbrio entre as ilhas e acrescenta que para evitar este desfecho o governo teria de adoptar outro mecanismo de equiparação de passagens.
(In Nuno Neves e Francisco Sayal, RTP-RDP Açores)
Etiquetas: Aeroporto, Economia, Tomaz Dentinho, Transportes
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