quinta-feira, setembro 11, 2008

Uma nova abordagem

Rolando Lalanda Gonçalves
A existência de uma Universidade nos Açores não é um acaso nem uma “benesse” mas um pressuposto para a afirmação dos Açores no contexto nacional e internacional. Há muito que se discute o desenvolvimento da investigação e do ensino superior nos Açores e os factores limitativos associados a fazer pesquisa num contexto insular e arquipelágico. Todavia os Açores, pela sua posição no contexto geoestratégico, pelas características geológicas e pela importância da sua relação com o mar, têm um vasto potencial enquanto campo de análise privilegiado para um vasto conjunto de ciências. Neste quadro, qual o papel das ciências humanas e sociais? Para alguns estas disciplinas estão ligadas a áreas imateriais da “cultura” e delas não resulta nenhuma especificidade ou mais-valia, pelo facto de os comportamentos económicos, sociais e políticos poderem ser analisados em múltiplos contextos e o insular ser apenas mais um sem aparente importância. Não penso assim! Enquanto sistema social, cultural, económico e político, a Região Autónoma dos Açores é, pela natureza dos processos observados, um verdadeiro laboratório de investigação. A compreensão do seu passado histórico ou das suas dinâmicas económicas e sociais é, neste quadro, essencial para a plena participação e afirmação da Região no contexto nacional e atlântico.As políticas europeias de apoio à investigação, ao contemplarem a área das ciências sociais e humanas, têm vindo a permitir a internacionalização da investigação da Universidade e a atrair para os Açores investigadores de diversas Universidades. Torna-se, assim, imperativa uma nova abordagem do papel da Universidade dos Açores na relação com as suas congéneres, mas também com a sociedade civil açoriana (empresas, associações, instituições). Aliás, é neste contexto que a entrada em vigor dos novos estatutos da Universidade dos Açores irá constituir um desafio, dado que não se suporta mais a governação por “a prioris” financeiros desligados dos objectivos organizacionais, científicos e culturais assumidos colectivamente.Entre os ditos e os não-ditos do discurso político sobre a Universidade dos Açores deve-se sobrelevar o do compromisso e não o da desconfiança.
(In Açoriano Oriental)

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