terça-feira, dezembro 15, 2009

Música de Natal perde carácter religioso

A música de Natal festiva e de carácter social é um fenómeno recente que se opõe às composições de cunho celebrativo e litúrgico do mistério divino características de outros tempos. Esta foi uma das ideias focadas por Duarte Rosa, mentor da Capela e Orquestra Catedralícia da Sé de Angra e vogal da Comissão Diocesana de Liturgia e Música Sacra, numa palestra proferida no passado dia 12 em Angra do Heroísmo sobre o tema “Músicas de Natal eruditas e populares ao longo da história”. “As músicas de carácter festivo, isto é, todas as que não têm um cunho litúrgico como os Christmas Carols, surgem com pujança no século XIX. Claro que as outras, que falam do Pai Natal, são já do século XX”, referiu Duarte Rosa.“Antes disso, a música tinha como objectivo principal a celebração das actividades religiosas”, disse.A palestra pretendeu mostrar como “como o mistério da Encarnação Divina inspirou os compositores das diferentes épocas e estilos”.“Referi-me sobretudo à música erudita, porque há ainda um grande desconhecimento ao nível da música popular”.A esse respeito, mencionou também que não conhece nos Açores nenhuma recolha de músicas de Natal populares.Duarte Rosa, chamou assim a atenção para “a exigência de um estudo e séria investigação decorrentes das características da música popular que se autonomiza dentro do país dadas as diferenças de espaço físico, social e psicológico das diversas regiões portuguesas”. “Também pretendi explicar, na apresentação, que a música de Natal não constitui um género independente, como a ópera ou a cantata”, continua.Duarte Gonçalves-Rosa sintetizou, assim, as linhas mestras de cada época, estilo e compositor, ilustrando com excertos musicais.Neste sentido, começou pelos alvores da música cristã, referiu a música tradicional bizantina associada ao cântico sagrado medieval das igrejas cristãs, passou pelo Canto Gregoriano, pela Polifonia Renascentista, pelo Barroco, Classicismo, Romantismo, tendo terminado na Modernidade com a Cantata de Natal de Honegger. Esta conferência veio terminar o ciclo de palestras natalícias que incidiram sobre temas como “A Estrela de Belém: Cometa, Alinhamento de Planetas ou Supernova?”, “A Natividade na Expressão Plástica”, “O Natal de Antigamente” e “Aula Aberta proferida pelo Reitor da UAç comemorativa dos 475 anos da Diocese de Angra”.
(in Diário Insular)