sexta-feira, dezembro 11, 2009

Exposição de presépios "O Menino Mija"


Decorre uma mostra de presépios denominada “O Menino Mija”, construídos por Centros da Terceira Idade do Concelho de Angra do Heroísmo até 31 de Dezembro, no Museu de Angra do Heroísmo. Na Estufa do Jardim Público de Angra do Heroísmo também está exposto um presépio com as espécies utilizadas, identificadas por docentes do Departamento de Ciências Agrárias.
Esta é mais uma iniciativa da CulturAngra, integrada na programação natalícia de 2009 com a colaboração daquele Museu e dos centros de Convívio dos Altares, Posto Santo, Ladeira Grande, Serreta, Ribeirinha e Santa Bárbara.
Paralelamente, e fazendo jus ao termo popular “O Nosso Menino mija”, podem provar-se licores variados e doçaria tradicional, podendo, deste modo, ajudar os centros de convívio da terceira idade do Concelho.
De acordo com nota informativa da Culturangra, que faz uma abordagem ao presépio tradicional da ilha, os presépios terceirenses, além de beberem da tradição portuguesa, que provavelmente se iniciou com Machado de Castro, reproduzem esteticamente as nossas freguesias rurais, como uma Aldeia Sagrada onde o Menino-Deus nasce.
A recriação do nascimento de Jesus mistura-se com cenas do quotidiano da vida do campo como também da vida religiosa. No Presépio, a Sagrada Família está sempre presente num ambiente modesto, onde a simplicidade se mistura com a magia dos contos de fadas, de castelos, igrejas, reis e pastores.
O Presépio tradicional terceirense é o lugar de todos os tempos: do início da Era Cristã, pelos trajes dos Magos, de Nossa Senhora e São José; da idade Média, pelos castelos, distribuição das casas e tarefas campesinas; da época dos desbravamentos e descobertas, pela arquitectura das casinhas e igrejas; do Século XVIII e XIX, pelos trajes populares relacionados com o folclore de algumas regiões do país, e produção da laranja; de meados do século XX com as tradições populares e da produção de trigo e festas religiosas e tradicionais.
O Presépio terceirense é também o lugar da biodiversidade das ilhas: dos musgos, fetos, e musgões; do cedro do mato, das “Lágrimas de Nossa Senhora”, da erva-patinha, da vassoura, da rapa e tamujo.
Para além disso, o presépio terceirense traduz a geodiversidade da ilha nas escórias vulcânicas, nas lavas encordoadas e nas grutas alargadas assim como também é o lugar de todas as correntes artísticas, como o barroco popular, o naif das galinhas e peças do presépio, com uma sinceridade pouco encravada pelas convenções, e a arte e ilusão.
O presépio terceirense utiliza uma miscelânea de materiais: as peças de barro de vários artistas, locais e continentais; as peças de cerâmica chinesas da actualidade; a marfinite das recordações de viagens e o plástico dos toiros, cisnes e patinhos.
O presépio terceirense é uma história por contar, uma obra para olhar. Podemos vê-lo com desdém ou com admiração. Se não fazemos parte desse presépio não o percebemos, se o valorizamos é porque temos memórias de criança.

(in A União)