quinta-feira, dezembro 03, 2009

TESTES ARRANCAM ATÉ MARÇO Tratamento térmico no combate às térmitas

O tratamento térmico no combate às térmitas – em que é lançado nos espaços infectados ar quente a temperaturas de 50 graus e humidade – representa a nova aposta da autarquia angrense e do Governo Regional para reduzir a propagação da infestação.
A assinatura de um protocolo entre a edilidade e o Executivo vai financiar, em 160 mil euros, os primeiros testes que decorrerão ao longo do primeiro trimestre do próximo ano.

O método, desenvolvido por austríacos e norte-americanos, consiste no lançamento de ar quente a temperaturas de 50 graus, bem como de humidade, nos espaços infectados com térmitas e representa a nova aposta da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e do Governo Regional para inverter a propagação crescente da praga no concelho.
Ontem à tarde, após uma reunião que juntou a presidente da autarquia, Andreia Cardoso, a secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques e coordenador do Grupo de Biodiversidade do Departamento de Ciências Agrárias, Paulo Borges, foi anunciada a celebração de um protocolo que financiará, em 160 mil euros, testes experimentais num edifício público do centro histórico de Angra ao longo do primeiro trimestre de 2010.
Comprovar a eficácia desta tecnologia baseada em altas temperaturas no extermínio das térmitas e posteriormente disseminar a técnica junto das habitações afectadas é o objectivo do apoio financeiro.
O projecto vai envolver duas empresas especializadas na matéria, uma norte-americana e outra austríaca e, caso se revele eficaz a sua aplicação, o Governo Regional compromete-se, segundo Ana Paula Marques, a “comprar a patente” com o objectivo de fornecer formação não só às empresas do sector, mas a todos os agentes que lidem com a problemática, como arquitectos, engenheiros, entre outros.
Uma vez que infestação de térmitas já está comprovadamente instalada noutras ilhas, a escolha de Angra do Heroísmo para a realização dos primeiros testes, justificou Ana Paula Marques, está relacionada com o avançado estado de monitorização da praga nesta cidade.
Em termos de custos, informou Paulo Borges, este tratamento térmico poderá representar, no futuro, um gasto na ordem dos mil euros para os cidadãos com habitações infestadas.

Mega-campanha anti-térmitas

A secretária regional anunciou ainda a implementação de uma “mega-campanha” de divulgação de medidas preventivas sobre as térmitas junto dos órgãos de comunicação social das ilhas já cadastradas, segundo o levantamento da situação efectuado pela Universidade dos Açores, com o problema.
A campanha de sensibilização e informação às populações vai ser feita anda por “direct mail”, revelou a governante.
Ana Paula Marques relembrou ainda as alterações que o Executivo está a preparar em relação ao programa de apoios para a erradicação da praga em habitações particulares.
“Será mais abrangente”, disse, adiantando que, os beneficiários serão avaliados pela gravidade da situação e não pelas carências económicas das famílias afectadas.
“Os apoios serão substancialmente alargados”, reforçou a titular, acrescentando que os insecticidas, por exemplo, “poderão ser objecto de apoio”.
A certificação dos edifícios “livres de térmitas” é outros dos requisitos que a nova legislação, referenciou, vai igualmente acautelar.
Porque se trata de uma praga que lida directamente com a questão da gestão dos resíduos das madeiras infectadas, Ana Paula Marques revelou ter já agendadas reuniões com as câmaras do
Comércio e com a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOP) para sensibilizar o sector.


Térmitas poderão alterar legislação do centro histórico

A secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social reconheceu a necessidade de se alterar a legislação que regula a cidade património mundial de Angra do Heroísmo, no tocante à permissão de outros materiais, além da madeira, como estruturas à base de metal, devido à propagação das térmitas.
“Se for necessário mudar a legislação, assim o faremos”, disse Ana Paula Marques, adiantando que a opção do Governo será aquela que “for melhor para a segurança dos cidadãos”.
“Não sinto que os grandes centros históricos tenham perdido com o uso de estruturas de metal”, disse a governante.
Embora sem conseguir contabilizar financeiramente os estragos resultantes das térmitas nas habitações da Região, a responsável refere-se trata-se de uma praga “que tem causado muitos prejuízos”, afectando tanto o património privado como o público.
(in Humberta Augusto (texto e fotos) em A União)