sexta-feira, julho 03, 2009

STOP ao plástico

Os dados são da Organização das Nações Unidas: Em algumas regiões do globo, oitenta por cento do lixo encontrado mar é plástico. Garrafas, embalagens de comida, talheres e outros objectos poluem os oceanos. O que a maioria das pessoas pode não saber é que a mais pequena cápsula de plástico representa um enorme perigo para os animais marinhos. O plástico é tóxico. Contamina algas e ouros alimentos, podendo prejudicar toda a fauna marinha. Além disso, redes e cordas podem decepar membros a animais, como tartarugas, e outros objectos podem provocar o estrangulamento de peixes. Muitas aves morrem com o estômago cheio de plástico.Para alertar a população para esta realidade, o STOPLASTIC, um projecto de âmbito nacional, esteve na Terceira. As actividades culminaram com a realização de uma limpeza oceânica, na freguesia de São Mateus, no dia 13 de Junho, após a realização de uma conferência/debate com manuela Juliano e Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores no Hotel Caracol a 12 de Junho. Ao final de uma manhã de sol, era já muito o plástico que se acumulava, aos montes, junto a um palco improvisado no porto da freguesia. De bloco de notas na mão, André Barreiros, responsável pelo STOPLASTIC, ia anotando o número de sacos que as crianças inscritas iam trazendo. “É uma brincadeira. Vou anotando as quantidades para eles entrarem numa espécie de competição”, diz, com um ar despachado.Ao todo foram 24 crianças a participar na acção de limpeza. Os sacos continham todo o tipo de materiais, desde garrafas a redes ou arames. André Barreiros estima que a quantidade de resíduos recolhida tenha ultrapassado uma tonelada.Apesar de não ter havido grande adesão por parte dos adultos, o jornalista freelancer acredita que os objectivos foram cumpridos. “Foi retirada do local uma quantidade significativa de plástico e outros resíduos e tivemos muitas crianças, especialmente da freguesia, que foram fantásticas. O nosso objectivo é essencialmente a sensibilização e a formação quanto a este4 problema e, nesse sentido, o mais importante é termos connosco as crianças”.A maioria são crianças com idades dos nove aos 13, 14 anos. Como Diogo Sousa, que garante que nunca mais vai atirar uma garrafa para o mar. De boné ao lado, vai dizendo que “o senhor que organiza isto faz bem, porque o plástico pode matar os peixes”.Isabel Pinto e Sofia Silva, duas raparigas de São Mateus, de olhar vivo e resposta pronta, filhas de pescadores e de mulheres ligadas aos ofícios do mar, confessam que não sabiam que o plástico era tão nocivo para os animais marinhos. “Vamos reciclar o que apanhámos e, assim os peixes já não têm de comer comida misturada com plástico”, responde Sofia à pergunta da jornalista. João Bernardo Barreiros fez parte da equipe que trabalhou na limpeza subaquática. Com o pai, mergulhou em apneia. Não foi nada de novo, mergulhar é algo que faz desde os oito anos. Mas foi por uma boa causa. “Já tinha alguma noção do mal que o plástico podia fazer aos animais marinhos, mas agora sei mesmo o impacte que este materiais podem ter”, explica. Depois, vai enumerando o que encontrou debaixo das ondas: Pneus, muitos cabos e até uma aparelhagem.
Para repetirSão Mateus não é a zona costeira onde se pode encontrar um pior cenário em termos de plástico e outros resíduos, garante Vasco Silva, dirigente da associação ambiental Gê-questa, que também esteve presente na limpeza oceânica.Para além do facto de algumas embarcações, até cargueiros, continuarem a utilizar o mar como caixote do lixo, Vasco Silva lamenta o estado em que se encontram zonas “como a costa do Porto Judeu, nomeadamente a Salga, a zona de Santa Catarina, perto do Porto da Praia e Caldeira, por detrás da Base das Lajes”. “Iniciativas como esta são importantes, mas seria necessário apostar num projecto de sensibilização de forma mais continuada, à semelhança do que os dois concelhos fazem na área da separação de resíduos. Nos Açores o problema maior em termos desta questão do depósito de plástico na costa é na freguesia de Rabo de Peixe. A pobreza e a falta de formação estão ligados a esta situação. E é na formação que se tem de apostar”, sustenta. Também o presidente da Junta de Freguesia de São Mateus, José Gaspar, considera a iniciativa importante, “especialmente porque se focou nos mais jovens, o futuro são eles”.Apesar de a freguesia desenvolver esforços na área ambiental já há vários anos, em colaboração com a Gêquesta, sendo das primeiras localidades a ter contentores para separação de lixo, José Gaspar considera que todas as iniciativas são bem-vindas. “As pessoas têm de perceber que o que se deita ao mar, o mar devolve”.

(in DI-Revista)

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