quarta-feira, julho 08, 2009

Musicoterapia


O músico audiovisual apresentou-se pela primeira vez na Terceira, a 10 de Junho, num espectáculo que considera ter sido “um dos melhores” da sua carreira. As suas composições musicais foram classificadas como “tendo interesse para a musicoterapia” e a propósito, Horácio Medeiros define dois grandes objectivos na entrevista dada a DI-Revista, “despertar sensações”, nos receptores da sua música e ver a mesma “reconhecida localmente e projectada no estrangeiro”.

Horácio Medeiros apresentou recentemente o seu trabalho na ilha Terceira, no âmbito das comemorações do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, 10 de Junho.O professor do primeiro ciclo conta a DI-Revista como surge este projecto “inovador”, um estilo ao qual não deu nome, critério que diz deixar “a quem ouve”.“Apenas comunico através do som o que me vai na alma”, afirma, acrescentando que define a sua música como “relaxante e que mexe com as emoções”. São estes os principais objectivos deste artista micaelense, que ambiciona, um dia, ver a sua obra “reconhecida nos Açores e projectada no estrangeiro”.
Percurso
Quando inquirido sobre o surgimento deste projecto audiovisual, Horácio Medeiros conta que este “remonta há duas décadas, aquando da criação, em Ponta Delgada, do Centro de Apoio Tecnológico à Educação (CATE), já extinto, no qual existiam gabinetes de apoio tecnológico, onde foi criado um sector técnico-didáctico, destinado a dar apoio às diferentes disciplinas dos diferentes currículos e dos diferentes níveis de ensino. Para a área das expressões, “movimento, música e drama” não havia ninguém. É nessa altura que eu apresento um projecto, ao então secretário regional da educação, Aurélio da Fonseca, que foi aceite. Consistia em tentar, através dos meios tecnológicos, ajudar os professores na prossecução dos seus objectivos. Havia, paralelamente, um estúdio profissional de audiovisuais e era necessário compor-se bandas sonoras, para videogramas, para filmes e bandas sonoras. É neste contexto que me adapto a esta área, criando um estilo audiovisual”.A respeito da sua evolução nesta área, refere, a título de exemplo, os videogramas “Açorianos de Cultura”, realizados pelo CATE, sobre a vida e obra de vários autores açorianos, para os quais fez muitos dos musicais originais da banda sonora e explica que é desta forma que começa a sua aprendizagem simultânea, entre a música e a tecnologia. Sublinha a importância das deslocações ao estrangeiro, nas quais teve “contacto com especialistas” e onde lhe foi possível “tirar dúvidas” e “explorar os aparelhos na sua vertente profissional”.
Projecto
Horácio Medeiros explica que trabalha ao vivo com quatro fontes sonoras, através de um sistema denominado “Midi”. “Toco num teclado, juntando diferentes sons, de diferentes fontes sonoras, conseguindo desta forma uma multiplicidade e uma diversidade sonora”, sintetiza.Já com dois CD’s lançados, o primeiro intitulado “Viagens” e o segundo “Hino ao Cosmos”, o músico considera-se “um pouco artista, um pouco e engenheiro e técnico de som”, trabalho ao qual ainda diz juntar um pouco de “ginástica”.“É necessário ter um sincronismo, não só entre as notas musicais, mas também na movimentação das mãos, para modificar os parâmetros, somar e subtrair sons”, explica. Avança ainda que este “é um trabalho de repetição e de rotina, de forma a que seja possível automatizar todos os gestos”.Segundo Horácio Medeiros, as suas composições musicais são pré-programadas (ensaiadas), mas há também uma programação feita na hora, com o elemento surpresa, onde diz residir a “maior dificuldade”.No que diz respeito ao processo da escolha das imagens, de esta ser feita antes ou depois da produção do som, sustenta que este processo “pode acontecer das duas maneiras”, conforme a natureza do projecto.
Espectáculo
No espectáculo, apresentado no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, a propósito das comemorações do 10 de Junho, Horácio Medeiros apresentou o seu trabalho “Hino ao Cosmos” e uma rapsódia, preparada para a efeméride, constituída, de acordo com o mesmo, “por temas originais e por variações de temas conhecidos” e com apresentação de imagens das várias ilhas do arquipélago dos Açores e também de “imagens espaciais”.Conta que o convite para este espectáculo lhe foi feito pelo Representante da República para os Açores, José António Mesquita, por ser um artista regional e também por este ano se comemorar o Ano Internacional da Astronomia.O músico audiovisual conta que o “Hino ao Cosmos” é fruto de um trabalho desenvolvido durante cerca de dois anos, cujo título lhe foi sugerido pelo professor Machado Pires, depois de ter ouvido a composição.Horácio Medeiros recorda a apresentação desta música, numa digressão que fez no Brasil, a propósito das comemorações dos 260 anos da emigração açoriana, a qual diz ter dito uma enorme aceitação por parte do público.Relativamente ao espectáculo apresentado em Angra do Heroísmo o músico afirma que foi “um dos melhores” que já apresentou, em toda a sua carreira.
Musicoterapia
Para além da componente artística, a música de Horácio Medeiros foi considerada terapêutica.Os seus dois CD’s foram classificados, pela Sociedade Francesa de Psicopatologia da Expressão e da Terapia pela Arte, como tendo interesse para a musicoterapia.“Ter um efeito relaxante e despertar sensações, as mais variadas, com a minha música, é um dos meus principais objectivos”, conclui.

(In DI Revista)

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