Caçadores do mar lutam contra lei da pesca lúdica
Caçadores subaquáticos reuniram-se à volta da ilha Terceira numa jornada de caça e contacto com as populações, tendo por objectivo protestar contra a lei da caça lúdica em vigor nos Açores. O ponto de partida foi na freguesia das Cinco Ribeiras, partindo daí os caçadores para a sua jornada de protesto. A discordância em relação à lei da pesca lúdica é antiga, mas a gota de água que leva os caçadores à acção foi a proibição de uma jornada de caça submarina que estava prevista para as Sanjoninas 2009.
“Não nos deram o documento da proibição, não sei por qual razão, mas disseram-nos que a caça submarina era considerada uma pesca demasiado extractiva e predadora. Ora, isso é um absurdo e é preciso acabar com esses preconceitos”, disse ao DI o Professor João Pedro Barreiros, representante nos Açores da Associação Portuguesa de Caça Submarina e Apneia. O biólogo marinho estranha que a jornada de caça submarina das Sanjoaninas tenha sido proibida, quando uma jornada idêntica tinha acabado de ser autorizada integrada nas comemorações do Dia da Marinha nos Açores.
INCOMPETÊNCIA
Segundo João Pedro Barreiros, o que está em causa na lei da pesca lúdica é “incompetência”. “Sentaram umas pessoas numa secretária e disseram-lhes para fazerem uma lei. Essas pessoas não sabiam nada daquilo, mas fizeram a lei. O resultado é o que se está a ver...”, desabafou o biólogo marinho. Entre os exemplos de alegada incompetência aponta a proibição de caça ao mero, peixe em que Barreiros é o único cientista que tem estudado fora do Mediterrâneo (tem trabalhado com equipas de pesquisa nos Açores e no Brasil). “Há meros em abundância, a extinção da espécie não está nem nunca esteve em causa. Mas alguém se lembrou de proibir a caça e pronto...”, acusa. Outro caso tem a ver com o limite de dez exemplares por caçador. “É um absurdo. Pode-se caçar meia tonelada de lírios, porque os peixes são grandes, o que é um disparate, mas só se podem caçar dez salmonetes, que têm para aí 600 gramas cada um”, observa. A alegada “confusão científica” pelo facto de o polvo, um molusco, estar envolvido nesta lei ao lado dos peixes, é também apontada por João Pedro Barreiros. O biólogo afirma que não está a dizer nada de novo. “Já disse isto no tempo certo, mas sem efeito”, lamenta.
(in Diário Insular)
Etiquetas: João Pedro Barreiros, Legislação, opinião, pescas
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