Crise provoca aumento de desistências no Superior
Dificuldades. É cada vez maior o número de estudantes do ensino superior que não conseguem pagar as propinas de 800 a 900 euros e que têm de recorrer a prestações, que podem ir até dez mensalidades. Mas o problema também se estende às universidades privadas
As universidades estão a registar um aumento das desistências de alunos, ao mesmo tempo que são cada vez mais os que falham o pagamento das propinas e pedem apoios extraordinários. A situação atravessa tanto o ensino superior público como o privado, em universidades ou politécnicos, garantem ao DN dirigentes e alunos.
No Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), por exemplo, os alunos que no último ano deixaram de se inscrever nos cursos, duplicaram face ao ano anterior. Segundo informações prestadas ao DN pelo departamento de acção social daquele instituto, a taxa de desistências ronda actualmente os 30 por cento. Há, no entanto, quem assegure que ali a percentagem de desistências é su- perior, da ordem dos 50 por cento. A esmagadora maioria dos alunos aponta factores de ordem económica quando questionados sobre as razões pelas quais abandonam os cursos.
Em causa estão valores de propinas da ordem dos 800 a 900 euros anuais, no ensino público. O presidente da Associação de Estudantes do ISEL, e simultaneamente da Associação Académica de Lisboa, confirma um "aumento do abandono precoce dos cursos". Mas para além do factor económico, Frederico Saraiva, indica também "problemas relacionados com a estrutura dos cursos, a inadequação dos apoios sociais e, ainda, a falta de adaptação dos professores ao Processo de Bolonha" (ver entrevista).
A tendência verifica-se também na Universidade do Algarve. " Nos últimos dois anos está a notar-se um crescimento do abandono dos alunos no 1.º ano", confirma ao DN o reitor daquela instituição, João Guerreiro, que não dispõe, no entanto, de números concretos. "Há casos em que os alunos pagam a primeira prestação, e depois desistem, pedindo mesmo a devolução das propinas, o que nós nem podemos fazer", explica o reitor.
Apesar de reconhecer o impacto do aperto financeiro nas famílias para aquela situação, João Guerreiro assinala ainda os episódios de mobilidade e transferências para outras instituições.
Na Universidade Lusíada - que conta com um universo de 10 mil alunos - o cenário é o de um agravamento do incumprimento no pagamento das propinas e um substancial crescimento dos pedidos de apoio.
Para tentar acomodar as crescentes dificuldades dos alunos em honrar os seus compromissos financeiros, as universidades estão a alargar o número das prestações, das três para as cinco, oito ou mesmo dez mensalidades, refere João Redondo, reitor da Lusíada e presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior (APESP).
"Estamos a sentir um ligeiro aumento no incumprimento", admite em declarações ao DN o reitor da Lusíada. O certo é que naquela instituição pediram apoio especial mais de 200 alunos este ano lectivo, que estão envolvidos em programas de acompanhamento, devido às dificuldades demonstradas em pagar as propinas. E, tal como faz questão de lembrar João Redondo, "estes 200 e tal alunos são adicionais aos que estão abrangidos pelo fundo de apoio social", que corresponderão a cerca de 1200 alunos, o equivalente a 12 por cento do total de alunos daquela instituição (ver caixa).
Experiência idêntica tem o Instituto Politécnico de Leiria: "Tem sido notado um incremento nos pedidos de apoio financeiro extraordinário", disse ao DN Luciano de Almeida. Num universo de cerca de 11 mil alunos, "há uns 150 alunos que não estavam abrangidos pela acção social escolar e que passaram a a ter necessidade de apoio extraordinário".
Aquele dirigente universitário - que é também o vice-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos - defende que "é, em primeiro lugar, às instituições, que cabe tomar as medidas adequadas para permitir aos alunos frequentarem e terminarem os seus cursos". É nesse espírito que se enquadra o acompanhamento que o Politécnico de Leiria faz aos alunos, tentando identificar sempre que há uma alteração do perfil do aluno e discutir qual a melhor maneira de apoiar e resolver a situação, diz. Uma das medidas tomadas foi também passar as prestações de cinco para oito.
As universidades estão a registar um aumento das desistências de alunos, ao mesmo tempo que são cada vez mais os que falham o pagamento das propinas e pedem apoios extraordinários. A situação atravessa tanto o ensino superior público como o privado, em universidades ou politécnicos, garantem ao DN dirigentes e alunos.
No Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), por exemplo, os alunos que no último ano deixaram de se inscrever nos cursos, duplicaram face ao ano anterior. Segundo informações prestadas ao DN pelo departamento de acção social daquele instituto, a taxa de desistências ronda actualmente os 30 por cento. Há, no entanto, quem assegure que ali a percentagem de desistências é su- perior, da ordem dos 50 por cento. A esmagadora maioria dos alunos aponta factores de ordem económica quando questionados sobre as razões pelas quais abandonam os cursos.
Em causa estão valores de propinas da ordem dos 800 a 900 euros anuais, no ensino público. O presidente da Associação de Estudantes do ISEL, e simultaneamente da Associação Académica de Lisboa, confirma um "aumento do abandono precoce dos cursos". Mas para além do factor económico, Frederico Saraiva, indica também "problemas relacionados com a estrutura dos cursos, a inadequação dos apoios sociais e, ainda, a falta de adaptação dos professores ao Processo de Bolonha" (ver entrevista).
A tendência verifica-se também na Universidade do Algarve. " Nos últimos dois anos está a notar-se um crescimento do abandono dos alunos no 1.º ano", confirma ao DN o reitor daquela instituição, João Guerreiro, que não dispõe, no entanto, de números concretos. "Há casos em que os alunos pagam a primeira prestação, e depois desistem, pedindo mesmo a devolução das propinas, o que nós nem podemos fazer", explica o reitor.
Apesar de reconhecer o impacto do aperto financeiro nas famílias para aquela situação, João Guerreiro assinala ainda os episódios de mobilidade e transferências para outras instituições.
Na Universidade Lusíada - que conta com um universo de 10 mil alunos - o cenário é o de um agravamento do incumprimento no pagamento das propinas e um substancial crescimento dos pedidos de apoio.
Para tentar acomodar as crescentes dificuldades dos alunos em honrar os seus compromissos financeiros, as universidades estão a alargar o número das prestações, das três para as cinco, oito ou mesmo dez mensalidades, refere João Redondo, reitor da Lusíada e presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior (APESP).
"Estamos a sentir um ligeiro aumento no incumprimento", admite em declarações ao DN o reitor da Lusíada. O certo é que naquela instituição pediram apoio especial mais de 200 alunos este ano lectivo, que estão envolvidos em programas de acompanhamento, devido às dificuldades demonstradas em pagar as propinas. E, tal como faz questão de lembrar João Redondo, "estes 200 e tal alunos são adicionais aos que estão abrangidos pelo fundo de apoio social", que corresponderão a cerca de 1200 alunos, o equivalente a 12 por cento do total de alunos daquela instituição (ver caixa).
Experiência idêntica tem o Instituto Politécnico de Leiria: "Tem sido notado um incremento nos pedidos de apoio financeiro extraordinário", disse ao DN Luciano de Almeida. Num universo de cerca de 11 mil alunos, "há uns 150 alunos que não estavam abrangidos pela acção social escolar e que passaram a a ter necessidade de apoio extraordinário".
Aquele dirigente universitário - que é também o vice-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos - defende que "é, em primeiro lugar, às instituições, que cabe tomar as medidas adequadas para permitir aos alunos frequentarem e terminarem os seus cursos". É nesse espírito que se enquadra o acompanhamento que o Politécnico de Leiria faz aos alunos, tentando identificar sempre que há uma alteração do perfil do aluno e discutir qual a melhor maneira de apoiar e resolver a situação, diz. Uma das medidas tomadas foi também passar as prestações de cinco para oito.
(In CARLA AGUIAR - DN Portugal)
Etiquetas: Alunos, Crise, Ensino superior
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