terça-feira, novembro 04, 2008

Espécies em perigo

“TOP 100 – As espécies ameaçadas e prioritárias em termos de gestão na região europeia biogeográfica da Macaronésia”, um estudo de investigadores dos Açores, Madeira e Canárias, revela que existem oito plantas, um feto, um musgo, um vertebrado e 12 artrópodes dos Açores em risco de extinção, sendo quase todas elas endémicas. De acordo com um estudo dos investigadores José Martin Esquivel, Manuel Hernández, Paulo Borges e Bernardo Faria, efectuado no âmbito da iniciativa comunitária INTERREG III B – Açores, Madeira e Canárias, as 100 espécies referenciadas embora estejam em perigo de desaparecer ainda existe a possibilidade de recuperação caso sejam tomadas medidas que para as proteger.“Essas espécies foram seleccionadas porque apesar de serem raras existem possibilidades de as recuperar com êxito se houver um investimento na sua preservação”, refere Paulo Borges, investigador da Universidade dos Açores e um dos coordenadores do estudo.Para além da versão em livro, o estudo encontra-se disponível para consulta no Portal da Biodiversidade dos Açores - http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt/Entre as espécies que estão ameaçadas de extinção, algumas delas comuns a mais que uma das regiões da Macaronésia, estão a azorina (planta), corgulho (artrópode), carocho (artrópode), cigarrinha cavernícola (artrópode), camarinha (planta), trovisco macho (planta), escaravelho das rochas (artrópode), cedro do mato (planta), loureiro (planta), camarão terrestre (artrópode), trevo de quatro folhas (planta), craca (crustáceo), cabeceira (planta), ginja do mato (planta), pseudoscorpião cavernícola (artrópode), priôlo (ave), carocho cavernícola (artrópode), aranha carvenícola (artrópode), entre outros…Tendo em conta o perigo de algumas dessas espécies raras desaparecerem, Paulo Borges defende que é necessário tomar medidas urgentes para inverter a situação.“Para garantir uma estratégia de conservação, o mais eficiente e eficaz possível para cada espécie, são necessários diversos estudos. Desde estudos de base em biologia e ecologia das espécies, à monitorização dos efeitos das acções de conservação, apontamos como essencial a realização de estudos específicos para cada uma das espécies prioritárias. Será necessário também em alguns casos evitar a expansão de espécies exóticas invasoras, proteger habitats especiais como por exemplo as cavidades vulcânicas e expandir zonas de floresta natural”, afirma.O investigador da Universidade dos Açores considera que existem “bons e maus exemplos” no que se refere a medidas para proteger as espécies endémicas dos AçoresEntre as medidas que considera positivas destaca o projecto que pretende reverter o processo de extinção do priôlo, a única espécie de ave endémica dos Açores, “que tem sido muito bem estudada e protegida” na zona da Tronqueira (São Miguel) e, também, o Plano Sectorial das Cavidades Vulcânicas dos Açores promovido pela secretaria regional do Ambiente, que permitirá “uma gestão eficaz de algumas grutas dos Açores onde ocorrem 20 espécies endémicas do arquipélago adaptadas a esse ambiente especial”.
Bons e maus exemplos
Entre os maus exemplos, Paulo Borges realça a perturbação das zonas húmidas como consequência da exploração intensiva das pastagens e a falta de controlo de algumas espécies invasoras (conteira, hortênsia, faia-do-norte ou incenso).Com a extinção do INTERREG III B, os estudos efectuado pelos investigadores das universidades dos Açores, Madeira e Canárias correm o risco de não terem continuidade por não haver financiamento para esse efeito.Essa é uma situação que Paulo Borges considera que é preciso resolver com urgência para que algumas espécies endémicas da Maraconésia não sejam extintas a curto prazo.“Os governos das três regiões vão ter de estudar as formas de obter os recursos para esse fim. A partir deste momento não há desculpas de falta de conhecimento ou de estudos. Os investigadores vão ter igualmente de actuar como “grupo de pressão” para que a biodiversidade dos Açores, Madeira e Canárias seja eficazmente protegida e mantida para as próximas gerações”, refere.
(In DI-Revista)

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