quarta-feira, março 26, 2008

“Lavradores não podem pôr fora investimento na melhoria genética”

É esta a reacção do presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT) às opiniões (ver texto abaixo) que defendem o regresso a vacas de produção leiteira menor, assente numa alimentação à base de erva e silagem. Paulo Simões, em declarações ao DI, admite que essas opiniões são válidas, mas que a realidade concreta nem sempre se coaduna com a teoria, “por mais correcta que ela seja”.“Temos, neste momento, gado Holstein-frísia que ganha prémios nas feiras nacionais. O melhoramento genético que foi feito no arquipélago tem provado o seu valor. Esse trabalho levou anos e não pode ser desaproveitado”, sublinha. “Os lavradores não estão alheios aos problemas actuais. E, todos os dias, fazem contas à vida. Nos últimos anos, investiram muito no melhoramento genético dos seus animais. E esse trabalho não pode ser deitado fora de um momento para o outro. Por exemplo, podemos rentabilizar esse melhoramento através da exportação de novilhas prenhas. Neste momento, os índices de brucelose ainda não nos permitem isso, mas acredito que dentro de um a dois anos, a Terceira poderá exportar este gado, cuja qualidade genética é reconhecida nacionalmente”, assume Paulo Simões. “Mas a questão central é que não há uma solução genérica, cada caso é um caso”, alega o responsável. Paulo Simões assume que uma das soluções para que os produtores de leite consigam enfrentar a crise resultante da subida do preço dos concentrados poderá ser a redução do encabeçamento.“Uns terão de o fazer. Outros conseguem pagar os concentrados, porque a produção das suas vacas paga a ração que consomem. Há explorações onde isso é possível”, refere.“Há lavradores, por exemplo, que têm vindo a realizar cruzamentos entre gado Holstein-frísia e Jersey, conseguindo animais mais pequenos, que consomem menos – produzindo menos também – mas que asseguram uma produção boa”, exemplifica o presidente da AAIT.“O importante é que o lavrador tenha acesso à informação e ao conhecimento que vai surgindo. Esses dados são fundamentais para as suas decisões. Tem havido colaboração entre quem produz conhecimento e quem produz leite, mas entendo que deveria haver mais”, reflecte.Paulo Simões assume que, nessa linha de pensamento, a AAIT pondera a realização das jornadas de Ciências Agrárias, em parceria com a Universidade dos Açores, este ano.“Realizamos esse evento e penso ser altura de o retomar”, sublinha.

(In Diário Insular)

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