domingo, julho 15, 2007

Paisagem sob ameaça

Os solos açorianos foram o tema de uma lição de síntese apresentada recentemente pelo Prof. Jorge Pinheiro, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, no âmbito das provas de agregação.
A paisagem dos Açores, que constitui a “galinha dos ovos de ouro” em termos de desenvolvimento futuro da Região, encontra-se sob ameaça. Quem o diz é Jorge Pinheiro, professor Associado do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores. Os aspectos genéticos e as propriedades dos solos do arquipélago foram o tema de uma lição de síntese apresentada recentemente pelo docente no âmbito das suas provas de agregação (pré-requisito para a obtenção do título de professor catedrático), na sequência de vários anos de investigação sobre estas questões.

“O solo é um campo dinâmico, sobre o qual assenta a paisagem e o território, que pode ser estudado não apenas enquanto entidade natural, mas também numa perspectiva mais aplicada, designadamente ao nível do ordenamento do território, da actividade agrícola e da sustentabilidade ambiental”, começa por explicar o especialista, sentado na pequena sala do pólo da Terra Chã, onde se acotovelam a secretária de trabalho, uma estante forrada de livros e algumas cadeiras. No entender de Jorge Pinheiro, “a conservação da paisagem é um dos assuntos mais relevantes nos Açores”. “O futuro e o desenvolvimento da Região passam muito pela paisagem, que é, no entanto, susceptível de ser agredida e degradada”, sustenta, apontando os exemplos das freguesias do Porto Martins e dos Biscoitos, na ilha Terceira: “Tratam-se de casos de desenvolvimento selvagem, onde o crescimento urbano desregrado, resultante de uma pressão muito grande para construir, tem provocado a degradação da paisagem agro-rural”. Para o professor universitário, “são necessárias medidas muito rigorosas de planeamento urbano e uma atenção muito grande em relação ao equilíbrio e preservação da paisagem”.“A paisagem é a nossa galinha dos ovos de ouro e, uma vez perdida, os Açores deixam de ser importantes em qualquer aspecto para o exterior”, alerta.
PROGRESSO E CONSERVAÇÃO

Jorge Pinheiro sublinha, contudo, que os perigos não espreitam apenas sobre a paisagem natural, mas também sobre aquela que é construída pelo homem. “Na cidade de Ponta Delgada, por exemplo, temos assistido a um crescimento selvagem da área limítrofe”. Na sua opinião, “têm havido algumas manifestações de boa vontade” no sentido de contrariar esta tendência, mas “o que está feito deixa um pouco a desejar”. “O problema é que há muitas forças em jogo e as autarquias nem sempre têm a capacidade legislativa ou a sensibilidade para evitar essa degradação da paisagem”, considera o docente, para quem “os Açores ainda têm uma alma e um carácter bem definidos, mas que estão sob ameaça”. Segundo o docente, “essa ameaça é tanto maior quanto mais dinheiro há para gastar em obras públicas e privadas”. “O dinheiro deve ser bem orientado e os autarcas têm de perceber que, para além de apresentarem obra feita, devem também perpetuar aquela que a natureza construiu, nos seus aspectos essenciais”.
Jorge Pinheiro ressalva, todavia, não ser partidário de um “modelo estático” de desenvolvimento. No seu entender, “a dificuldade está em compatibilizar o progresso necessário com a conservação indispensável, de modo a assegurar a sobrevivência e o futuro”.
AGRICULTURA BIOLÓGICA
De origem vulcânica, os solos dos Açores têm uma génese, propriedades e características “muito especiais”, assim como um “potencial produtivo elevado, que permitiria cultivar uma variedade ampla de culturas”, explica, em traços gerais, o professor associado. No entanto, segundo Jorge Pinheiro, “aspectos relacionados com a economia e com o relevo têm feito com que estejamos numa condição de quase monocultura ou baixa diversidade cultural”. “As características do relevo das ilhas não favorecem culturas que exijam uma elevada mecanização, como acontece por exemplo no continente em áreas muito amplas, mas a diversidade poderia ser aumentada em zonas mais favoráveis a nível fisiográfico”. Para além da floricultura e da fruticultura, culturas que começam já a ganhar alguma expansão nos Açores, o investigador sublinha que a Região dispõe de “um potencial muito grande para a agricultura biológica”. “A agricultura biológica, assim como a produção biológica de leite e de carne, em que a qualidade do produto é muito tida em conta, têm um grande potencial no arquipélago, que só agora começa a ser tido em conta”. Jorge Pinheiro sublinha ainda que este tipo de cultura tem um maior “sentido ecológico”. “Nas ilhas maiores, há uma tendência para a aplicação excessiva de adubos na prática agrícola, o que perturba muito o sentido do ecológico”, refere Jorge Pinheiro, para quem “tem-se procurado mais aumentar a produção do que atingir um equilíbrio entre a quantidade e a qualidade ambiental”. De acordo com o docente universitário, “São Miguel é a ilha onde essa intensificação é mais óbvia, seguindo-se a Terceira, embora de uma forma menos notória”.“Há, no entanto, ilhas onde esse equilíbrio é muito claro, nomeadamente o Faial e São Jorge, onde a produção de queijo exige uma preservação mais cautelosa desses aspectos”, realça. Apontando o exemplo do leite açoriano, Jorge Pinheiro sublinha que, “apesar da produção ser menor, ervas mais equilibradas e a partir uma maior diversidade de pastagem são um factor de enriquecimento do produto”.
VALORIZAR O PRODUTO
A aposta na agricultura biológica exige, contudo, uma valorização dos seus produtos, sustenta o professor associado. “Este tipo de cultura pressupõe uma diminuição da produção e um aumento dos custos da mesma. Ora, enquanto o produto final não for devidamente valorizado pela qualidade, o agricultor não tem espaço de manobra para realizar uma agricultura sustentável”. No entender de Jorge Pinheiro, “a culpa não é do agricultor, que faz aquilo que lhe dá mais rendimento, mas das políticas e da orientação dessas políticas”. A eutrofização das lagoas açorianas, provocada pelo excesso de adubação, é, na sua opinião, uma consequência deste estado de coisas. A solução poderá passar por “uma exploração menos intensiva e a atribuição aos agricultores de indemnizações compensatórias especiais”, defende. “A Lagoa das Sete Cidade, em São Miguel, é um exemplo de um problema ambiental motivado por práticas agrícolas excessivas, uma vez que a intenção do agricultor é maximizar o seu rendimento”, afirma, acrescentando que são necessárias “medidas políticas que preconizem a atribuição de ajudas financeiras que compensem a perda de rendimento do agricultor quando passa de um regime intensivo para um regime extensivo”. Segundo o especialista, “a própria política agrícola europeia vai no sentido de uma agricultura ambientalmente sustentável, que exige equilíbrios muito rigorosos ao nível do sistema produtivo, da aplicação de adubos e pesticidas e da utilização de maquinaria”. “O objectivo não é maximizar a produção, mas uma agricultura sustentável economicamente, tendo em conta os limites definidos pelos impactos ambientais”.
(in Diário Insular)

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá, parabéns pela página. Gostaria de partilhar com vocês minha experiência, pois o desafio de criar um planeta melhor é dado a cada um também.

Mudei de casa e minha nova residência estava tomada pelo mato. Fiz a capina e plantei mamoeiros e outras plantas frutíferas de rápido crescimento e produção.

Depois da insistência de que isso só traria mais gastos, começei a pensar como poderia diminui-los e melhorar minha qualidade de vida.

A primeira coisa foi só comer frutas no café-da-manhã. Com isso ganhei bastante: -minha saúde ficou melhor, passei a usar as cascas como adubo (acrescentando uma pequena quantidade de adubo vegetal para decompor mais rápido), passei a revolver a terra ao cavar para enterrar as cascas (tornando-a mais produtiva) e o exercício físico desta operação foi positivo.

A outra coisa que fiz foi relativa à diminuição do gasto com água. Desencaxei a parte de baixo da minha pia, podendo colocá-la no lugar quando quiser. Coloco um tampão para guardar a água usada ao lavar as coisas na própria pia. Depois, quando está cheia, eu coloco um balde em baixo e uso esta água para agüar minhas plantas. Tive muitos ganhos com isto: - o custo com a irrigação foi para zero, - a caixa de gordura passou a dar menos problema, - as plantas agradecem pq agora lembro mais de agüá-las (caso contrário, a pia transborda) , - tenho mais consciência ao usar o sabão (uso biodegradáveis), tenho maior noção do meu uso de água e procuro reduzi-lo, -exercito-me.

Quando a água da pia não é o suficiente, coloco um balde em baixo do chuveiro e utilizo a água que acumula durante o meu banho para também agüar as plantas.

Acho que encontrei soluções simples. Pensei em algumas coisas mais complicadas, como mangueiras para conduzir a água da pia até as plantas, mas o balde foi a solução mais fácil, prática e barata.

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