sábado, março 28, 2009

José Agostinho- Angra lembra “visionário”da meteorologia

"O tenente-coronel José agostinho foi um visionário, no sentido de que percebeu a localização estratégica dos Açores para instalar um Observatório internacional". A opinião é do director do instituto de meteorologia na região, Diamantino Henriques, que esteve, em Angra do Heroísmo, no âmbito da inauguração da exposição "José agostinho e a meteorologia", onde participou numa conferência. Em declarações ao DI, Diamantino Henriques considerou que essa posição estratégia ainda se mantém. "esta posição estratégica já tinha antes sido defendida por Afonso Chaves, quando foi criado o Serviço de meteorologia dos Açores. Este defendia que este não fosse apenas Açoriano, mas Nacional e com peso até internacional. Os Açores têm uma posição preciosa no centro do atlântico", explicou. José agostinho foi também pioneiro em termos da introdução de instrumentos meteorológicos. "Em 1927 criou um modelo de nefoscopio, que se tratou de uma verdadeira novidade", avançou Diamantino Henriques. O homem que deu o nome ao Observatório meteorológico de Angra era também, segundo Diamantino Henriques, um verdadeiro naturalista: "Era um homem de muitos saberes, interessado pela astronomia, oceanografia... Dono de uma bagagem cultural vastíssima".

A exposição "José Agostinho e ameteorologia"

Instrumentos antigos do Observatório meteorológico de Angra" patente do museu de Angra prolonga-se até sete de Junho, na Sala de Oportunidades. Ocorre a propósito da celebração do Dia internacional da meteorologia (23 de março) e evoca a memória do tenente-coronel José Agostinho. Além de algumas peças do espólio desta figura cimeira da Ciência nos Açores no século XX, pertencentes ao acervo do museu de Angra, estarão também expostos instrumentos antigos utilizados no Observatório meteorológico José Agostinho, na Terceira, que o instituto de meteorologia constituiu em depósito no museu terceirense. Em causa estão instrumentos que ilustram a História da Ciência nos Açores, com especial destaque para o "nefoscópio José Agostinho", um aparelho inventado e construído por aquele cientista terceirense, destinado à observação da velocidade e direcção das nuvens. O homem militar de carreira, meteorologista e naturalista de renome internacional, José Agostinho nasceu na freguesia de São Pedro. Estudou no liceu de Angra do Heroísmo, seguindo depois para Lisboa. Mais tarde, ingressou na escola Politécnica, em 1904, e na escola militar, para seguir essa carreira. Integrou o Corpo expedicionário Português enviado para França durante a Grande Guerra, tendo ali comandando uma bateria de artilharia e sido condecorado. Quando acabou a guerra, regressou aos Açores, como observador no Observatório meteorológico de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, onde trabalhou com Francisco Afonso Chaves, director do Serviço meteorológico dos Açores. Depois da morte de Francisco Afonso Chaves, assumiu o cargo de director do serviço de meteorologia regional. O serviço sofreu uma grande expansão, dedicando-se a observações do campo magnético terrestre e a estudos de aerologia. José Agostinho reformou-se em 1958. "Foi chefe do serviço meteorológico da Base Aérea nº4 das Lajes desde a sua criação até 1946. A sua actividade foi considerada pelas forças aliadas da maior utilidade para as missões (...) tornou-se um especialista de renome internacional na meteorologia e geofísica, estando em contacto com alguns dos maiores cientistas nacionais e estrangeiros do seu tempo", pode-se ler no panfleto explicativo da exposição.

(In Diário Insular)

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