segunda-feira, novembro 24, 2008

A Falta de Formação não estimula o crescimento

Associada à baixa produtividade da economia açoriana está a falta de qualificação da mão-de-obra disponível, afirma Tomaz Dentinho, docente do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores.
A política de contratação do Governo Regional e das autarquias tem tido como objectivo a garantia de emprego, em detrimento da melhoria do serviço público, afirma Tomaz Dentinho, economista e docente no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, em Angra do Heroísmo. O economista acrescenta que "é por isso mesmo que as remunerações médias são mais reduzidas do que noutras regiões, onde a prioridade para a melhoria do serviço público requer que se aposte em funcionários com maior formação. Se assumirmos este resultado então a baixa produtividade relativa dos Açores tem a ver com a baixa formação dos assalariados e a política de contratação dos funcionários públicos".


O professor universitário diz que a teoria económica confirma que as remunerações andam a par com a produtividade da última unidade de trabalho contratada. "Na função pública a produtividade média é igual à remuneração média e, por isso, há muitos funcionários que vivem à custa do trabalho, no qual recebem cada vez menos. Logo, a produtividade tende para zero", afirma Tomaz Dentinho. Para trabalhadores pouco qualificados, adianta, "e em meios relativamente pequenos, as empresas conseguem fixar salários monopsonísticos mais baixos do que a produtividade da última unidade de trabalho contratada. Por isso é que a política do salário mínimo pode ser defensável, desde que calibrada para a remuneração, até que seja igual à produtividade da última unidade de trabalho contratada pois, caso ultrapasse esse valor, provoca desemprego e redução da massa salarial". Para que se consiga imprimir mais produtividade na economia da Região, o economista preconiza, em primeiro lugar, maior e mais adequada formação. "Segundo, controle da fase de transformação e distribuição das cadeias de valor exportadoras do leite, da carne, da floricultura, do turismo, da pesca e da logística que exigem mão-de-obra mais qualificada e com maiores remunerações."
Tomaz Dentinho participou, em tempos, num estudo que está publicado na Revista Portuguesa de Estudos Regionais, em parceria com David Bedo e José Cabral Vieira: "Nesse estudo, apenas para o sector privado, associámos a baixa produtividade e a baixa remuneração à reduzida formação dos assalariados, como é comprovado em muitos outros estudos".
A concorrência é boa para o aumento de produtividade
De acordo com José Cabral Vieira, a concorrência é sempre boa para os consumidores, para o aumento da produtividade e para o crescimento económico. O economista afirma, ainda, que a falta de concorrência facilita a sobrevivência e não estimula o investimento, a inovação e a gestão: "Nesse sentido, a falta de concorrência não espicaça a introdução de elementos fundamentais para a produtividade e a competitividade". A dispersão, associada à pequenez, são também elementos que reduzem a produtividade: "Apenas a título de exemplo, a pequenez do mercado não viabiliza, muitas vezes, a constituição de stocks. Tal conduz, muitas vezes, devido à inexistência de stocks constituídos localmente, a perda de tempo associado à chegada da encomenda.
(In Tibério Cabral em Expresso das Nove)

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