quarta-feira, outubro 15, 2008

Açores bons para testar modelos de desenvolvimento

Para além de iniciativas concretas no terreno, o que podem os Açores ganhar com a deslocação para a Terceira, por três anos, da sede da Associação Portuguesa do Desenvolvimento Regional?
Quando a problemática do desenvolvimento começou a ser abordada de um modo mais sistemático, o país, ou Estado-Nação, era a unidade de análise fundamental para equacionar a questão do desenvolvimento. Esta forma de perspectivar o desenvolvimento procurava responder aos problemas dos países em vias de desenvolvimento, mas leva por vezes a que se esqueçam as especificidades de determinadas regiões. Os Açores são um exemplo de uma região com uma especificidade territorial muito própria, e que gera dinâmicas de desenvolvimento que nem sempre são bem compreendidas pelos modelos de desenvolvimento pensados numa escala nacional. Deste ponto de vista, poderá haver sinergias positivas entre o trabalho da APDR, que procura precisamente analisar os processos de desenvolvimento numa escala regional, e os Açores, que constituem um caso de estudo de desenvolvimento regional com características muito próprias.


Que áreas de interesse motivam a Associação e de que forma é que essas áreas se podem cruzar com os interesses açorianos?
A Associação procura trazer uma abordagem interdisciplinar e integrada ao estudo do desenvolvimento do território, e das várias potencialidades de que o território dispõe, como os recursos naturais, o capital humano, o capital social (e as organizações e instituições que permitem a formação destes tipos de capital), e a tecnologia. Em vez de focar apenas uma dada disciplina ou área, a Associação toma o território como referencial, e procura utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para compreender a dinâmica de transformação desse mesmo território. O estudo do processo de desenvolvimento da Região Autónoma dos Açores, tendo em conta como as especificidades geográficas, ambientais, económicas, sociológicas e culturais dos Açores influenciam a sua trajectória de transformação e desenvolvimento, será certamente um tópico que interessa não só aos Açores, mas também à APDR, pois permitirá avaliar em que medida diversos modelos de desenvolvimento regional são ou não apropriados para analisar um arquipélago como este, tendo em conta todas as implicações em termos de estrutura geográfica e económica que resultam dessa característica dos Açores para o estudo do seu processo de desenvolvimento.

Terão os Açores capacidade – científica, empresarial, etc. – para aproveitar bem as oportunidade que se podem abrir através da Associação?
O potencial existe, a questão não é a sua existência ou não, mas qual o melhor modo de articular esse potencial com a estrutura da APDR.

Como foi possível trazer para os Açores a sede de tão prestigiada associação, que nos últimos dez anos esteve em Coimbra?
Dado que o novo presidente da APDR, o Professor Tomaz Dentinho, está em Angra do Heroísmo, tornou-se mais fácil, para efeitos de coordenação administrativa das actividades da APDR, ter a sede no mesmo local onde se encontra o presidente da Associação.
(In Diário Insular)

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