105 Plantas em São Miguel com utilidade medicinal
Um inquérito levado a cabo junto a 90 pessoas de São Miguel conduziu ao levantamento de 105 plantas com utilidade medicinal. Trata-se do estudo que está na base da tese de mestrado de Marco Botelho, orientado por Félix Rodrigues, intitulada “Etnobotânica da ilha de S. Miguel: Valorização Patrimonial e Potencial Económico”, apresentada na passada sexta-feira no pólo da Universidade dos Açores em São Miguel.
De acordo com o autor da tese, o primeiro objectivo foi validar cientificamente o conhecimento popular que existia na ilha sobre estas plantas, com vista a abrir caminho para que estas sirvam para fins comerciais. “Numa primeira instância, poder-se-ia apostar nas ervanárias e, num estado mais avançado, os componentes químicos poderiam ser retirados das plantas para serem utilizados pela indústria farmacêutica. Existe grande potencial nesse sentido”, explica Marco Botelho. O aluno da Universidade dos Açores e professor da Escola Secundária Padre Tomás de Borba, em Angra do Heroísmo, afirma estar surpreendido com a quantidade de plantas com fins medicinais encontradas. “São plantas que, na sua maioria existem e são conhecidas em todo o arquipélago. É o exemplo da conteira, que é considerada uma praga nos Açores e que, em São Miguel, é utilizada para curar frieiras nas mãos e nos pés, através de uma infusão. Outro exemplo é a faia da terra, que pode ser usada para tratar o reumatismo. O inhame também é utilizado para tirar quistos e a anona serve para tratar a diabetes”, exemplifica. Outras plantas com fins medicinais são o agrião da horta (dor de dentes), o pero azedo das Furnas (problemas cardíacos), o manjericão (tosse convulsa), a Daboecia azorica (tratamento da hipertensão), a uva da serra (dor de barriga) ou a hortelã-pimenta (azia). Marco Botelho acredita que as plantas identificadas podem ter mais-valias comerciais. “Se observarmos a nossa sociedade, existe um interesse crescente pelos produtos biológicos e, também, pela medicina natural. Uma das senhoras que eu entrevistei disse-me para levar o trabalho em diante, para acabar com as empresas farmacêuticas. Pode ser uma declaração exagerada, mas demonstra o que as pessoas pensam”. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso das plantas medicinais tem aumentado significativamente nos últimos anos, sendo o mesmo recomendado pela OMS.
(in Diário Insular)
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