terça-feira, dezembro 05, 2006

A importânia da humidade na fauna de artrópodes dos Açores

Realizou-se no dia 23 de Novembro de 2006, pelas 21:15 Horas uma palestra, integrada na semana da Ciência e Tecnologia e Semana Nacional de Agricultura Biológica, proferida pelo Professor Doutor Paulo Borges, no Novo Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, sobre a importância da humidade na fauna de artrópodes dos Açores.
As ilhas oceânicas constituem ecossistemas de grande importância para o estudo da evolução e ecologia dos organismos terrestres e marinhos. Entre as características mais interessantes das ilhas oceânicas ressalta o seu isolamento extremo, e consequentemente a sua difícil acessibilidade. Assim, as faunas e floras insulares caracterizam-se por uma pobreza relativa e eventual ausência de determinados grupos de organismos. O isolamento e a história geológica dinâmica facilitam os processos de especiação, pelo que é comum haver uma grande percentagem de espécies endémicas, restritas a uma determinada área geográfica, nos arquipélagos oceânicos.





De entre as espécies endémicas dos habitats terrestres dos Açores, 393 espécies e subespécies pertencentes aos Bryophyta, Pteridophyta, Spermatophyta, Mollusca e Arthropoda, cerca de 267 são artrópodes (aranhas, centopeias, insectos, etc.) bem adaptados aos habitats húmidos dos Açores. A natureza açoriana constitui um património da Humanidade, já que aqui sobreviveram grupos de organismos que entretanto se extinguiram durante as últimas glaciações na Europa (paleo-endemismos), e por outro lado muitas espécies se formaram aqui (neo-endemismos) a partir de uns poucos de colonos que cá chegaram usando a força das correntes aéreas, as aves e as correntes marinhas.

O uso sustentável dos pequenos territórios húmidos protegidos que constituem as nossas nove ilhas parece ser um dos desafios mais importantes desta e das próximas gerações.