sexta-feira, maio 06, 2011

Machos esterilizados dispersos pela Terceira em 2012



David Horta Lopes coordena projeto que une Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde em torno da luta contra a praga da mosca da fruta, que causa "muitos problemas" em várias ilhas do arquipélago.


Como surgiu este projeto CABMEDMAC em torno da praga da mosca da fruta e a inclusão de Cabo Verde?


Este projeto CABMEDMAC surge como sequência dos projetos INTERFRUTA e INTERFRUTA II em que a problemática colocada com a presença da mosca-do-Mediterrâneo, conhecida como mosca da fruta, foi estudada em particular na Ilha Terceira com o objetivo de conhecer melhor a sua situação e identificar os seus principais focos de infestação. Dai agora de posse deste conhecimento ser possível avançar na testagem de diferentes formas de combate a esta importante praga. Cabo Verde surge porque a candidatura ao eixo 3 do programa PCT MAC assim o exige , ou seja era necessário incluir um pais fora da comunidade e Cabo Verde surgiu como o mais adequado visto também ter um problema muito grave com uma outra mosca da fruta (Bratrocera invadens) esta proveniente do Senegal e muito mais agressiva e com maiores densidades populacionais que a mosca-do-Mediterrâneo. Daí o "cab" do projeto CabMedMac.


Que dimensão atinge esta praga na ilha e nos Açores e quais são as suas consequências?


Esta praga na Ilha Terceira e noutras ilhas entre as quais em S. Miguel tem aparecido a causar muitos problemas em quase todos os frutos diminuindo, pela sua ação ao picar os frutos o seu valor comercial. Essas picadas das fêmeas nos frutos levam a sua queda precoce e muitas vezes também a destruição do seu interior por ação alimentar das larvas da praga.

Porquê estender este tipo de projeto a São Jorge?


Porque aí existem queixas e a produção frutícola esta concentrada em duas principais zonas a Sul e a Norte e assim podemos testar as metodologias já aplicadas aos trabalhos de investigação realizados na Ilha Terceira no estudo deste problema em S. Jorge, bem como também estar a aplicação da luta autocida utilizando os machos esterilizados produzidos na Bofábrica da Madeira bem como outros meios alternativos de combate a esta praga ( armadilhas, extratos de plantas, armadilhas de esterilização).


Que tipo de trabalhos vão ser desenvolvidos, nomeadamente na ilha Terceira?


A Sul, em todas as zonas identificadas como focos populacionais desta praga vamos colocar uma rede de armadilhas e analisar as taxas de infestação dos frutos dessa zona e procurar possíveis parasitóides da mosca bem como testar a aplicabilidade de estratos de plantas. A Norte para além da colocação, já em curso, das denominadas "bait stations" provavelmente, em 2012, vamos iniciar a dispersão de machos esterilizados.


Que resultados se espera obter?


Estas diferentes medidas têm como objetivo a limitação populacional desta praga e a consequente diminuição dos prejuízos causados pela presença desta praga, traduzidos pela redução de frutos atacados e, portanto, uma menor perda de rendimento dos produtores afetados por esta praga nas suas produções.

(In Diário Insular)