domingo, janeiro 10, 2010

DEFENDE RICARDO SERRÃO SANTOS Investigação em Oceanografia e Pescas "orgulha a Europa"

Um dos locais de investigação que “orgulha a Europa” é o Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, frisou Ricardo Serrão Santos, responsável por este departamento, que inaugura hoje novas instalações.

“Estamos com as pessoas que fazem investigação de ponta na Europa”, assegurou o biólogo em declarações à agência Lusa, numa referência aos inúmeros projectos de investigação em curso.
O DOP, que é o maior centro de investigação registado na Fundação para a Ciência e Tecnologia, tem sede na Horta, Faial, dedicando-se à investigação relacionada com a conservação da vida marinha e o uso sustentável do oceano, especialmente na região dos Açores.
Com créditos firmados internacionalmente, o DOP orgulha-se de ter uma “taxa de sucesso de 80 por cento” nas candidaturas que apresenta para financiamento pela União Europeia.
“Este é um dos locais de investigação que orgulha a Europa”, salientou Ricardo Serrão Santos, destacando o projecto HERMIONE (Hotspot Ecosystem Research and Man’s Impacto n European Seas), que abrange todo o Nordeste do Oceano Atlântico e o Mediterrâneo.
O HERMIONE visa o estudo dos efeitos das mudanças climáticas na exploração do mar profundo, sendo o DOP responsável pelo estudo dos montes submarinos.
Os investigadores da Universidade dos Açores estão também envolvidos, entre muitos outros, no projecto ESONET (European Seas Observatory Network), que tem como objectivo a criação de uma rede europeia de observatórios dos fundos marinhos.
“O objectivo é criar cinco observatórios nos mares europeus e uma das zonas mais importantes é nos Açores”, salientou o responsável do DOP.
Este departamento integra cerca de uma centena de pessoas, das quais 28 são doutorandos, estando envolvido em inúmeros projectos de investigação ligados ao mar.
Ricardo Serrão Santos espera que a situação possa ainda melhorar com a mudança para as novas instalações, no antigo Hospital Valter Bensaúde, um edifício histórico da cidade da Horta, com mais de um século.
“Há mais de 20 anos que estamos a trabalhar em instalações provisórias, com laboratórios que funcionam em pré-fabricados e não podem ser certificados”, salientou.
Este problema não se coloca nas novas instalações, que foram concebidas para cumprir os requisitos de certificação nacionais e internacionais e vão também permitir que as aulas decorram em “espaços mais dignos”.
“É um salto qualitativo muito importante, temos uma grande expectativa”, frisou Ricardo Serrão Santos, acrescentando que as novas instalações permitirão uma “aposta maior no ensino e na pós-graduação”.
O DOP é o 14.º departamento universitário a nível mundial na investigação dos ecossistemas hidrotermais quimossintéticos de grande profundidade, contribuindo de forma decisiva para que Portugal seja o oitavo país do mundo nesta difícil área de investigação.


Reitor destaca contributo para o desenvolvimento da região


O reitor da Universidade dos Açores, Avelino Meneses, destacou ontem o papel que a instituição tem desempenhado na promoção do desenvolvimento no arquipélago, com uma oferta de ensino adaptada às necessidades regionais.
“A Universidade dos Açores é um dos principais instrumentos indutores de desenvolvimento, nas últimas três décadas ajudou muito na transformação das ilhas”, afirmou o reitor, em declarações à agência Lusa.
Avelino Menezes salientou o contributo que a instituição, que completa 34 anos no sábado, tem dado ao nível da qualificação dos recursos humanos, área que considerou “fundamental para a região ganhar competitividade”.
Para o futuro, “com meios humanos mais qualificados e meios materiais mais adequados”, o reitor garantiu que a universidade açoriana “vai continuar a ser um instrumento de desenvolvimento”.
A concretização deste objectivo exige, no entanto, meios financeiros adequados, recordando Avelino Meneses que “as universidades portuguesas têm passado por uma situação de sub-financiamento, carecendo de meios para cumprir a sua missão”.
A Universidade dos Açores, criada em 1976, tem actualmente cerca de 4000 alunos, distribuídos pelos pólos de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.
“A universidade não pode perder de vista o arquipélago, pelo que a sua oferta de ensino tem em atenção as necessidades e expectativas da sociedade regional”, frisou o reitor.
Apesar dessa aposta na região, a Universidade dos Açores não deixa de estar também aberta ao exterior, sendo um quinto dos seus estudantes oriundos de fora do arquipélago.
“Somos uma das universidades portuguesas com mais estudantes do exterior”, destacou Avelino Meneses.
Ao longo das últimas três décadas, a Universidade dos Açores tem também vindo a destacar-se na investigação científica, especialmente ao nível das Ciências do Mar e das Ciências Agrárias, duas áreas de grande importância no arquipélago.
“A investigação é a actividade basilar de qualquer universidade, até porque a investigação e o ensino estão intimamente relacionados”, afirmou o reitor da instituição.A Universidade dos Açores desenvolve-se num modelo tripolar, com instalações em três ilhas, que têm vindo a ser progressivamente melhoradas.

Depois de resolvido o problema em Ponta Delgada e enquanto aguarda a inauguração das novas instalações em Angra do Heroísmo, onde está instalado o Departamento de Ciências Agrárias, a universidade inaugura hoje o novo espaço do Departamento de Oceanografia e Pescas, na Horta.
“Há alguns anos (devido à falta de instalações adequadas) chegou a ser questionado o modelo tripolar, mas as coisas mudaram e hoje está garantida a tripolaridade”, afirmou Avelino Meneses.
A Universidade dos Açores não vai criar infra-estruturas em todas as ilhas, mas o reitor assegurou que, “com recurso às novas tecnologias, será possível levar as suas acções até mais perto dos açorianos”.
(in A União)