Da engenharia agrícola à biomedicina
Ana Rita Rendeiro licenciou-se em Engenharia Agrícola mas é hoje doutorada em Ciências Biomédicas, uma área recente e com grande potencial. O projecto da sua vida é identificar as causas genéticas dos problemas reumáticos que afectam um grande número de terceirenses.
Não existem decisões inultrapassáveis. O percurso de Ana Rita Rendeiro, do Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular do Hospital de Santo Espírito (SEEBMO), começou com uma licenciatura em Engenharia Agrícola, na Universidade dos Açores. Hoje, a angrense com 35 anos terminou o doutoramento em Ciências Biomédicas, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto. A tese debruçou-se sobre a genética e epidemiologia das calcificações ectópicas, ou seja, os problemas de reumatismo que, na Terceira, afectam muitas pessoas.Acredita que há um tempo certo para todos os projectos e que com trabalho não existem limitações. “Não sabia bem o que queria tirar. Sabia que existia o curso de Engenharia Agrícola aqui e, na altura, queria ficar por cá. Então decidi, já desde o liceu, fazer a especialização em técnicas agrárias. Gostei e fui para a universidade só que quando tirei o curso as minhas cadeiras base, a matemática, a bioquímica, a genética, foram as que gostei mais. Das específicas, nem tanto…”, confessa.No quinto ano da licenciatura fez o estágio curricular na Bélgica. Esse era já o tempo de sair da ilha e contactar com uma nova disciplina de trabalho. “Fiz o estágio em poluição de solos e águas. Achei que era uma área interessante. Mas também não me agradou em demasia”. O próximo passo foi começar a trabalhar no laboratório de genética do pólo da Terra Chã da Universidade dos Açores. Gostou da área e decidiu enveredar pela biotecnologia. Fez um mestrado internacional, dividido por Inglaterra e Holanda. No mestrado contactou com áreas relacionadas com a medicina. Decidiu falar com o director do SEEBMO, Jácome Armas, com vista a ingressar no laboratório. “Tive uma grande sorte em ser aceite porque ele é uma pessoa que para além dos testes de rotina que faz para o hospital valoriza muito a investigação”. Encontrou no laboratório uma família. “Não seria nada justo da minha parte deixar de referir o importante papel que todos os meus colegas do SEEBMO tiveram no decorrer da minha tese de doutoramento. Sem eles não teria sido possível fazê-lo. É uma equipa jovem, cientificamente ambiciosa e com muito potencial”, diz.Embora Ana Rita Rendeiro tenha um percurso não convencional, afirma que sempre soube, “desde muito nova”, que pretendia alcançar o doutoramento. Do estrangeiro trouxe a disciplina de trabalho. “Tive de trabalhar bastante. Vinha de uma licenciatura base com algumas lacunas em determinados níveis. Quando fui para a Inglaterra e Holanda tive de trabalhar muito. Muito mesmo, para ultrapassar essas dificuldades. Tudo correu bem, à custa de muito esforço e dedicação”.
Reumatismo nos genes
A biomedicina é uma área de ponta. “Há muito potencial, principalmente a nível da terapêutica. Do que andamos todos á procura é de uma molécula fantástica que cure uma doença”, diz, com entusiasmo, Ana Rita Rendeiro, num dos gabinetes do SEEBMO, laboratório localizado na Vinha Brava, Angra do Heroísmo.No caso da terceirense a doença alvo da tese de doutoramento na Universidade do Porto, intitulada “Genetics and Epidemiology os Ectopic Calcification”, foi o reumatismo, muito presente na população da Terceira, em especial no Norte da ilha. Pensa-se que a causa seja genética. “Estudei famílias identificadas pelo doutor Jácome Armas. Trata-se de pessoas que apresentam grandes limitações na sua vida devido ao aparecimento desta doença, que provoca calcificações de ligamentos e de articulações. Verificam-se muitas dores e problemas de movimento. A diferença é que as limitações começam a sentir-se muito cedo, à terceira década de vida, em muitos casos”, explica.O grande objectivo é identificar a causa genética, o que não se afigura tarefa fácil. “São doenças que não são muito estudadas a nível mundial. São um pouco órfãs. Isto talvez porque não estão associadas a uma elevada taxa de mortalidade mas sim de morbilidade”. Porém, a investigadora do SEEBMO acredita que se está no bom caminho. “Identifiquei já uma área interessante de um cromossoma e neste momento estou já a sequenciar alguns genes que estão nessa zona e que são genes ‘candidatos’ a um papel preponderante na doença”, avança.Quando estudou em Oxford conheceu o orientador, australiano, que agora a ajuda neste projecto. “Ele neste momento já não está em Oxford a tempo inteiro mas na Universidade Queensland, na Austrália. Está a fazer alguma parte do trabalho lá. Enviei os DNAs e, como eles têm uma tecnologia mais evoluída, conseguem andar mais depressa. Neste momento estão já a analisar alguns resultados e estamos a chegar a alguns que são interessantes, embora ainda não tenham sido publicados”.Ana Rita Rendeiro tem a consciência de que uma descoberta nesta área será pioneira, provavelmente, a nível mundial. “Pode também ser o projecto de uma vida inteira, mas vou trabalhar nisso o tempo que for necessário”, diz, determinada.Foi essa mesma determinação que aplicou a toda a sua vida académica e profissional. “Penso que vivemos, cada vez mais, num tempo em que as pessoas precisam de ser flexíveis. Precisam de obter o conhecimento base para a seguir se especializarem. Mas especializarem-se ao longo de um tempo que por vezes será bastante longo. Tive a sorte de ter muitos bons professores, tanto no liceu como na universidade ou no estrangeiro, que me deram as ferramentas necessárias para querer ir mais além”, conta.Mas talvez a insatisfação e curiosidade tenham nascido ainda mais cedo, com a família. “Os meus pais são pessoas muito interessadas. A minha mãe é professora primária, o meu pai bancário. Sempre conversámos à mesa sobre coisas interessantes, sempre tivemos um dicionário onde íamos ver as palavras que não sabíamos. Íamos sempre descobrindo um pouco mais”.
Não existem decisões inultrapassáveis. O percurso de Ana Rita Rendeiro, do Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular do Hospital de Santo Espírito (SEEBMO), começou com uma licenciatura em Engenharia Agrícola, na Universidade dos Açores. Hoje, a angrense com 35 anos terminou o doutoramento em Ciências Biomédicas, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto. A tese debruçou-se sobre a genética e epidemiologia das calcificações ectópicas, ou seja, os problemas de reumatismo que, na Terceira, afectam muitas pessoas.Acredita que há um tempo certo para todos os projectos e que com trabalho não existem limitações. “Não sabia bem o que queria tirar. Sabia que existia o curso de Engenharia Agrícola aqui e, na altura, queria ficar por cá. Então decidi, já desde o liceu, fazer a especialização em técnicas agrárias. Gostei e fui para a universidade só que quando tirei o curso as minhas cadeiras base, a matemática, a bioquímica, a genética, foram as que gostei mais. Das específicas, nem tanto…”, confessa.No quinto ano da licenciatura fez o estágio curricular na Bélgica. Esse era já o tempo de sair da ilha e contactar com uma nova disciplina de trabalho. “Fiz o estágio em poluição de solos e águas. Achei que era uma área interessante. Mas também não me agradou em demasia”. O próximo passo foi começar a trabalhar no laboratório de genética do pólo da Terra Chã da Universidade dos Açores. Gostou da área e decidiu enveredar pela biotecnologia. Fez um mestrado internacional, dividido por Inglaterra e Holanda. No mestrado contactou com áreas relacionadas com a medicina. Decidiu falar com o director do SEEBMO, Jácome Armas, com vista a ingressar no laboratório. “Tive uma grande sorte em ser aceite porque ele é uma pessoa que para além dos testes de rotina que faz para o hospital valoriza muito a investigação”. Encontrou no laboratório uma família. “Não seria nada justo da minha parte deixar de referir o importante papel que todos os meus colegas do SEEBMO tiveram no decorrer da minha tese de doutoramento. Sem eles não teria sido possível fazê-lo. É uma equipa jovem, cientificamente ambiciosa e com muito potencial”, diz.Embora Ana Rita Rendeiro tenha um percurso não convencional, afirma que sempre soube, “desde muito nova”, que pretendia alcançar o doutoramento. Do estrangeiro trouxe a disciplina de trabalho. “Tive de trabalhar bastante. Vinha de uma licenciatura base com algumas lacunas em determinados níveis. Quando fui para a Inglaterra e Holanda tive de trabalhar muito. Muito mesmo, para ultrapassar essas dificuldades. Tudo correu bem, à custa de muito esforço e dedicação”.
Reumatismo nos genes
A biomedicina é uma área de ponta. “Há muito potencial, principalmente a nível da terapêutica. Do que andamos todos á procura é de uma molécula fantástica que cure uma doença”, diz, com entusiasmo, Ana Rita Rendeiro, num dos gabinetes do SEEBMO, laboratório localizado na Vinha Brava, Angra do Heroísmo.No caso da terceirense a doença alvo da tese de doutoramento na Universidade do Porto, intitulada “Genetics and Epidemiology os Ectopic Calcification”, foi o reumatismo, muito presente na população da Terceira, em especial no Norte da ilha. Pensa-se que a causa seja genética. “Estudei famílias identificadas pelo doutor Jácome Armas. Trata-se de pessoas que apresentam grandes limitações na sua vida devido ao aparecimento desta doença, que provoca calcificações de ligamentos e de articulações. Verificam-se muitas dores e problemas de movimento. A diferença é que as limitações começam a sentir-se muito cedo, à terceira década de vida, em muitos casos”, explica.O grande objectivo é identificar a causa genética, o que não se afigura tarefa fácil. “São doenças que não são muito estudadas a nível mundial. São um pouco órfãs. Isto talvez porque não estão associadas a uma elevada taxa de mortalidade mas sim de morbilidade”. Porém, a investigadora do SEEBMO acredita que se está no bom caminho. “Identifiquei já uma área interessante de um cromossoma e neste momento estou já a sequenciar alguns genes que estão nessa zona e que são genes ‘candidatos’ a um papel preponderante na doença”, avança.Quando estudou em Oxford conheceu o orientador, australiano, que agora a ajuda neste projecto. “Ele neste momento já não está em Oxford a tempo inteiro mas na Universidade Queensland, na Austrália. Está a fazer alguma parte do trabalho lá. Enviei os DNAs e, como eles têm uma tecnologia mais evoluída, conseguem andar mais depressa. Neste momento estão já a analisar alguns resultados e estamos a chegar a alguns que são interessantes, embora ainda não tenham sido publicados”.Ana Rita Rendeiro tem a consciência de que uma descoberta nesta área será pioneira, provavelmente, a nível mundial. “Pode também ser o projecto de uma vida inteira, mas vou trabalhar nisso o tempo que for necessário”, diz, determinada.Foi essa mesma determinação que aplicou a toda a sua vida académica e profissional. “Penso que vivemos, cada vez mais, num tempo em que as pessoas precisam de ser flexíveis. Precisam de obter o conhecimento base para a seguir se especializarem. Mas especializarem-se ao longo de um tempo que por vezes será bastante longo. Tive a sorte de ter muitos bons professores, tanto no liceu como na universidade ou no estrangeiro, que me deram as ferramentas necessárias para querer ir mais além”, conta.Mas talvez a insatisfação e curiosidade tenham nascido ainda mais cedo, com a família. “Os meus pais são pessoas muito interessadas. A minha mãe é professora primária, o meu pai bancário. Sempre conversámos à mesa sobre coisas interessantes, sempre tivemos um dicionário onde íamos ver as palavras que não sabíamos. Íamos sempre descobrindo um pouco mais”.
(In DI-Revista)
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