Entrevista de José Alberto Borges
O democrata-cristão defende que Angra tem de ser revitalizada. Que a cidade precisa de voltar a ser o que era. Pede, por exemplo, um plano de animação para o Jardim Público e uma nova localização para o mercado municipal. E defende a construção de um parque industrial para garantir dinâmica ao lado Oeste do concelho.
A gestão socialista do concelho de Angra tem sido adequada?
Não. O PS dirige os destinos de Angra há 12 anos. Começou, de facto, por dar algumas esperanças aos angrenses. A autarquia necessitava de gente nova. Começou-se a fazer alguma coisa. Mas, à medida que foram saindo os presidentes – primeiro Sérgio Ávila, que não terminou o mandato, deixando o maior buraco financeiro de toda a história de Angra; e, depois, José Pedro Cardoso, que nunca foi o escolhido pelo partido – tudo foi perdendo o fulgor. Neste período, houve coisas positivas, é certo: a alteração do transporte dentro da cidade com os mini-buses, operada por Sérgio Ávila, é um exemplo. Mas, com a chegada de José Pedro Cardoso, tudo se inverteu. José Pedro Cardoso nunca foi o “menino dos olhos do PS”, daí achar que ele acabou por sofrer as consequências. Embora nunca tenha esclarecido o que se passou. A estrutura do PS acabou por fazer-lhe a vida negra, não lhe permitindo terminar o seu mandato. Agora temos Andreia Cardoso, que já anunciou ser recandidata ao cargo. Mas até à presente data nada se viu do seu projecto e muito menos em relação às medidas que o seu antecessor prometeu aos angrenses.
É um período sem sucesso?
Sem dúvida. Angra, nos últimos tempos, tem andado a navegar no deserto. Se comparamos com o concelho da Praia, onde há dinâmica e medidas no terreno, este concelho adormeceu.
Esta caminhada no deserto deve-se á falta de dinheiro ou à falta de acção dos executivos socialistas?
Deve-se, primeiro, ao Partido Socialista, porque ao não aceitar a liderança de José Pedro Cardoso, retirou-lhe o apoio e os meios para que o seu mandato tive sucesso. Depois, perante o buraco financeiro, José Pedro Cardoso passou o tempo que esteve na autarquia a pagar dívidas, o que reduziu as possibilidades de novas medidas. Depois, a incapacidade de diálogo dos executivos socialistas com as outras forças políticas também impede o desenvolvimento do concelho. As únicas coisas que o PS tem sabido fazer neste concelho é gastar dinheiro, nomeadamente através da Culturangra.
Não há diálogo entre os partidos e o executivo em Angra?
É a actual presidente da Câmara de Angra que diz que os partidos da oposição não apresentam ideias nem propostas credíveis. Ao dizer isso, basicamente, recusa o diálogo com as restantes forças partidárias. Embora me pareça que a crítica da autarca é dirigida exclusivamente ao PSD. No caso do CDS-PP, as propostas têm sido aceites por ela. Até porque o nosso deputado municipal, Félix Rodrigues, tem imensa credibilidade na Assembleia Municipal. Embora, depois, não tenham qualquer consequência. E há mesmo propostas que são aprovadas, mas não são postas em prática…
Por exemplo?
O CDS-PP, por exemplo, propôs que a atribuição de uma esplanada no centro de Angra deveria ter na base critérios muito claros, rigorosos e estéticos. O que vemos é a atribuição de esplanadas sem quaisquer critérios, sobretudo estéticos. Aprova-se, certamente, de qualquer forma, até porque isso rende dinheiro à autarquia. Aliás, tudo o que rende dinheiro para esta autarquia é logo aprovado. Outra proposta aprovada foi o estacionamento junto à Escola Jerónimo Emiliano de Andrade. Propusemos que o estacionamento não fosse permitido no formato actual, mas sim com os carros paralelos à praça. Isso foi aprovado, mas os veículos continuam a parar da mesma forma, na perpendicular à praça, o que tem provocado calafrios e acidentes a quem ali passa. Como no formato em uso agora se conseguem mais carros estacionados e isso dá mais dinheiro, a autarquia não altera o estacionamento ali, mesmo tendo isso sido aprovado em Assembleia Municipal. Curiosamente, um antigo responsável disse-me que a medida não tinha sido concretizada porque isso obrigaria a apagar a listas ali pintadas e isso implicaria reasfaltar aquela estrada. Por que isso não se faz? Por que não se conjugam esforços com as várias entidades governamentais e se requalifica aquele troço de estrada? O dinheiro existe. Está é mal empregue. E a maior parte do que existe em Angra é desviado para a Culturangra. Uma entidade que, infelizmente, não cumpre a totalidade das suas obrigações…
Como assim?
Olhe, no caso das zonas balneárias é uma vergonha. O CDS-PP alertou a vereadora competente para várias situações, que continuam por resolver. Aliás, a vereadora concordou plenamente com o nosso alerta. Mas ficou tudo na mesma. Estamos quase a entrar no Verão e, certamente, quando começar a época balnear é que a Câmara se vai preocupar em arranjar as coisas. Os trabalhos deviam já ter começado. Mas, por cá, espera-se sempre até à última. Olhe, é como nas escolas: quando começam as aulas é que arrancam as obras. Isso demonstra uma enorme falta de organização e planeamento.
Pelas suas palavras, depreendo que o CDS-PP defende que em vez de grandes obras, em Angra se façam pequenas intervenções…
Em tempo de crise, podem-se resolver pequenas coisas que, em boa verdade, melhoram substancialmente a vida das pessoas. Por exemplo, a autarquia agora anunciou que vai reduzir a taxa de disponibilização de água para os idosos. Mas esquece-se que existem muitas outras famílias em dificuldades financeiras. Por que não estende a medida a toda a população? Esta medida deveria ser aplicada a quem é pobre, a quem não pode pagar.
Mas como seria possível controlar eventuais abusos?
Pela declaração do IRS. Ou pela verificação das listas dos desempregados. Há muita forma de controlar isto. Se pedem aos idosos para se dirigirem à Câmara e provarem que necessitam desta ajuda, podem fazer o mesmo com os restantes beneficiários.
Agora não é tempo de grandes obras?
Não. Elas têm de ser feitas. Mas como não as há, então que façam as pequenas. A actual presidente vai basear a sua candidatura, em termos de grandes obras, naquelas que o PS já prometeu para a ilha. Não se vislumbra qualquer obra da iniciativa exclusiva da autarquia. São todas em colaboração com o Governo Regional.
E que obra a Câmara de Angra deveria patrocinar?
A instalação de um parque industrial para a zona de Santa Bárbara. Porque criaria mais emprego naquele lado do concelho e, com isso, revitalizaria toda a zona, que hoje se encontra quase ao abandono. Aquele lado do concelho está completamente posto de parte. Duvido que as escolas para ali anunciadas sejam a solução para centrar mais gente naquele lado do concelho.
A autarquia mudou, recentemente, de líder. Que balanço faz da sua acção?
Mais negativo é impossível. Foram asfaltadas meia dúzia de estradas, colocou-se o símbolo do Património Mundial junto ao estádio e mais nada. Esta foi, aliás, a única obra visível do novo elenco camarário socialista. As restantes vezes que a autarca aparece é em inaugurações e iniciativas que não são suas. Não tenho dúvidas que vamos assistir a isso nos próximos tempos. Até na inauguração de algum troço da Via Rápida isso vai acontecer. Até aqui, não fez nada. Nas últimas semanas, começamos a vê-la aparecer nos jornais, doando terrenos à Associação Agrícola, etc. É apanágio, aliás, dos socialistas esta postura: aparecem naquilo que não é seu, prometem descaradamente, mentem descaradamente e assim se mantêm no poder. Veja-se o caso da falta de água: primeiro, o problema era os aquíferos, depois já não era; cada vez que a presidente dos serviços municipalizados – porque a presidente da autarquia manteve-se à distância – vinha a público, havia uma razão nova, mas nunca quiseram dizer, e assumir, a verdade. Até hoje, ninguém soube a real razão do problema. O CDS-PP propôs a criação de uma comissão para estudar o caso e ela foi rejeitada.
Continua por esclarecer a falta de água em Angra, depois de tudo o que se disse e escreveu sobre o assunto?
Sim. Sem dúvida. Até contrataram um especialista de fora para parecer que se estava a estudar o assunto. E o que o senhor veio dizer foi o mesmo que os professores da Universidade dos Açores já tinham dito. O último capítulo dessa novela é a pretensa parceria com o Governo Regional, que se manteve à margem do problema quando ele aconteceu. Como agora caminhamos para eleições, já há parcerias e vontade de resolver. Até já se vão fazer novos furos. O assunto não só não foi bem explicado, como nunca foi bem gerido.
Na óptica do CDS-PP, poderia ter-se evitado essa situação?
Claro. Se a autarquia tivesse previsto os investimentos e os tivesse concretizado. Actualmente, o consumo de água aumentou consideravelmente, quer o doméstico quer o agrícola. Esses indicadores não podiam ser postos de parte pela autarquia. A Câmara deveria ter olhado com atenção para o fenómeno e avançado para o terreno. Essa é a sua competência: gerir o que há e perspectivar o futuro, a bem dos munícipes. Em vez de terem queimado dinheiro em festas e sardinhas, tivessem investido em novos furos. Antes ter capacidade de extracção em demasia do que ter falta dela.
A autarquia já anunciou novos furos…
Agora é que o faz? Com o consumo a crescer há vários anos, os serviços da Câmara não sabiam que era fundamental acautelar o recurso? Que andam lá a fazer? À Câmara compete captar a água e garantir uma boa rede de distribuição de água, para que ela não falte a quem a paga, e bem. Do mesmo modo, tem que acautelar formas de a Lavoura se abastecer sem ter que recorrer à rede pública. Com a actual vereação socialista – e quando isto se mete pelos olhos dentro – nada foi acautelado. E nem sei se o futuro será melhor. Com tantas mentiras que ouvimos. Aliás, até agora não foi dada qualquer garantia aos angrenses de que a falta de água não vai repetir-se no futuro.
O PP entende que o executivo da Câmara de Angra está completamente dependente do PS?
Sem dúvida. No tempo de José Pedro Cardoso, essa dependência não era tão evidente. Até porque os socialistas não o queiram lá. Mas, actualmente, não tenho quaisquer dúvidas que a presidente Andreia Cardoso não dá um passo sem a autorização do PS. Está totalmente dependente da orientação política do PS, sobretudo de Sérgio Ávila. E, se calhar, será por isso que, se ganharem as eleições, haverá mais dinheiro para a Câmara de Angra do Heroísmo.
Para o PP, o PS tem condições de manter a autarquia de Angra?
Está bem posicionado para tal. Tem uma máquina partidária muito forte, espalhada pelas freguesias, pelo meio rural, uma máquina que consegue comprar votos. As medidas que têm vindo a ser anunciadas – caso da vacinação para recém-nascidos (embora se registem poucos nascimentos em Angra, quando, em minha opinião, seria mais importante e abrangente apoiar medicamentos para a asma, que é um problema muito mais vasto no concelho) e redução da factura da água para os idosos – vão no mesmo sentido: o importante agora é cativar os eleitores. Não duvido que dentro de semanas estejam anunciados uns quantos passeios com idosos, alguns de barco. Os espectáculos nas freguesias já começaram. Até aqui não houve nada. Agora vai haver…
Então, para si, tudo está a ser anunciado com base em interesses eleitoralistas?
Sim. Sem dúvida. Agora vão fazer muito. Até aqui, nada. Mas, em boa verdade, o PS não precisa de grandes esforços para vencer: controla tudo. Muitos lhes devem votos…
Como assim?
Veja a Câmara do Comércio: o actual presidente está lá pela mão de Sérgio Ávila. As instituições particulares de solidariedade social estão no mesmo caminho. A Irmandade de Nossa Senhora do Livramento escapou por pouco. Os bombeiros de Angra estão controlados pelo PS. O Conselho de Ilha está controladíssimo. Aliás, na minha opinião, o actual presidente deste órgão deveria abandoná-lo de imediato. Porque nada tem feito a bem desta ilha. Escapa a este polvo, por enquanto, a Universidade dos Açores. Fora ela, o PS, nitidamente, açambarcou o concelho todo. E isso perante a apatia de todos. Felizmente, nos últimos tempos, as pessoas têm vindo a aperceber-se disso e, acima de tudo, da falta de medidas e de soluções para os problemas dos munícipes.
Depreendo das suas palavras que à oposição será quase impossível destronar o PS?
Não digo impossível. Mas que será muito difícil, disso não duvido. Daí, pessoalmente, defender que os principais partidos da oposição em Angra deveriam coligar-se e apresentar um candidato muito forte e credível para retirar o poder em Angra ao PS.
Quem seria essa figura?
Não indico nomes. Mas tenho a certeza que uma pessoa idónea, reconhecida no concelho e que apresente garantias de pensar por si e não pelas indicações do partido será capaz de derrotar o PS. Infelizmente, pelo que já li na Imprensa, uma coligação em Angra estará fora dos planos dos partidos da oposição.
Como viu as comemorações dos 25 anos da classificação de Angra como Património da Humanidade?
Não nos trouxe nada de novo. E voltamos a ver o PS a esbanjar dinheiro, sem que com isso procurasse ter frutos. Por exemplo, o PS pagou 40 mil euros por um espectáculo de 40 minutos. Ou seja, cada minuto custou mil euros. Que repercussão teve ele na sociedade? Nenhuma. Esse dinheiro, distribuído pelos nossos grupos de teatro, não teria mais efeito? Esse dinheiro dado às nossas filarmónicas não seria melhor aproveitado?
O dinheiro não chega a essas colectividades?
Pelo que vemos, não. Os grupos de teatro vivem da carolice dos seus dirigentes e participantes. Nas restantes associações, o mesmo se passa. E, depois, vemos a Câmara a dar dinheiro a um Angra Rock que a única coisa que faz é meter umas bandas em cima de palco três dias e promover o consumo do álcool e da droga. Esse espectáculo não tem qualquer expressão. Ao menos, a autarquia apoia o Angrajazz, um evento de enorme qualidade. Aliás, a Câmara de Angra deveria era apoiar eventos desta índole e não iniciativas de impacto duvidoso…
Não há política cultural em Angra?
Não. O que vemos é a utilização da Cultura para empregar familiares e amigos do PS e para gastar dinheiro sem qualquer direcção. É fazer de contas que há uma programação e um plano. E, no caso da classificação como Património da Humanidade, não há um plano de divulgação eficaz. É gritante a falta de divulgação da cidade nessa vertente. Aliás, a promoção de Angra no exterior resume-se às Sanjoaninas junto dos emigrantes e pouco mais. E nem estas são bem utilizadas como atractivo turístico. As festas da Praia, em boa verdade, já são mais atractivas do que as Sanjoaninas.
E no desporto?
Pouco ou nada se faz. Por exemplo, há três anos, venho lutando pela renovação do piso do pavilhão de Angra e a autarquia continua a evitar essa obra, que é fundamental para se garantirem condições à nossa elite desportiva.
O desporto está abandonado pela autarquia?
A autarquia dá uns subsídios aos clubes e fica-se por aí. Quanto a política desportiva, nem vê-la. A presidente da Câmara nem aparece, por exemplo, nos nossos jogos de basquetebol! Se calhar, vai aparecer nos próximos, já que as eleições estão à porta.
Angra, actualmente, é atractiva para as empresas?
Não. A presidente da autarquia diz que vai criar empregos para os licenciados. Não vejo como. Só com obras públicas, na construção civil. Fora isso, não reconheço capacidade a esta autarquia para criar as condições que fixem neste concelho empresas e jovens. Poderia era pedir conselhos ao seu colega do concelho vizinho, que tem sabido governar e tornar o seu concelho atractivo para o tecido empresarial.
O parque industrial de Angra não foi uma boa medida?
Se não estivesse ao lado da lixeira, até poderia ser. E se tivesse sido localizado noutro local, onde houvesse menos nevoeiro e humidade, seria melhor ainda.
O comércio tradicional de Angra tem futuro?
Duvido. Na Rua da Sé, por exemplo, as lojas têm vindo a fechar. E as que sobrevivem, fazem-no com enormes dificuldades. O mercado Duque de Bragança é o que se sabe. Portanto, não vislumbro grande futuro. A não ser que se transforme a cidade num centro comercial a céu aberto, como já outras cidades no Continente fizeram, e com resultados muito positivos.
Fecharia ruas ao trânsito num projecto dessa natureza?
Sim. As ruas Direita e de São João poderiam ser fechadas, garantindo espaço para os transeuntes, para esplanadas, etc…
A Praça Velha tem sido respeitada?
Não. De forma alguma. É, aliás, o local mais desrespeitado por esta autarquia. A única coisa que ali falta fazer é instalações sanitárias a céu aberto. Fora isso, tudo já se fez. A Praça Velha, que é um espaço nobre desta cidade, tem sido usada para desporto, para cerrados, para pista de motas para crianças, para começos de ralis… Para tudo e mais alguma coisa. Em vez de se abusar desse local, por que não se desloca as pessoas para o Jardim Público, que está vazio, ao abandono? Nem se usa o Relvão em iniciativas para os mais novos. Em Angra, existia o gosto e o carinho por estes locais. As câmaras socialistas acabaram com esse gosto. Sou do tempo em que o Jardim Público era usado para espectáculos de folclore. Por que não se reata essa iniciativa. O Jardim Público de Angra precisa, urgentemente, de um bom plano de animação, que o revitalize, que lhe dê vida.
E o mercado municipal?
Anda ali, sem qualquer orientação. Prometem que vão fazer, que vão resolver. Mas continua tudo na mesma…
O mercado, na vossa óptica, deve manter-se naquela localização?
Não lhe prevejo grande futuro a manter-se ali. A não ser que se encontre uma solução para o problema do estacionamento. Parece-me que, no espaço da cidade, seria mais sensato mudá-lo para a zona de São Bento, onde há mais facilidade de garantir estacionamento aos utilizadores do mercado. Na zona da praça de toiros deve existir um terreno onde se possa construir um novo mercado municipal, com condições quer para quem o usa quer para quem nele trabalha. As pessoas procuram o mercado do gado ao domingo. Isto prova que há vontade em recorrer a espaços comerciais desta natureza. O mercado municipal é pouco usado apenas porque não tem condições de estacionamento. Se tivesse, com certeza, seria muito mais utilizado.
Por que os angrenses aceitam que a sua cidade esteja apática?
Muitos não querem aparecer. Por diversas razões. Os angrenses foram, em tempos, combativos. Mas, hoje, muitos estão subjugados ao poder político. Há filhos para empregar, apoios para receber. Quando assim é, o poder político faz o que bem entende, porque não tem contestação. Os angrenses acomodaram-se. E depois há aqueles que gostam das sardinhadas e dos jantares grátis que a Câmara dá. E deixam que as coisas se façam.
O que deve ser Angra para o CDS-PP?
Uma cidade que respire e divulgue o seu património, a sua classificação como património da Humanidade, que promova a sua cultura, a sua forma de ser e estar. Uma cidade que seja atractiva para os turistas. Mas o que vemos é o oposto. E os responsáveis nem falam. A autarquia mantém-se inactiva, muda e calada. Ouviu a senhora presidente da Câmara de Angra insurgir-se contra o fim da pernoita da SATA na Terceira? Ouviu-a reivindicar mais ligações aéreas para a Terceira? E o Conselho de Ilha. Tem visto esse órgão pronunciar-se veementemente contra a perda de poder da Terceira? Não. E são esses os socialistas que nos governam.
Andreia Cardoso defende para Angra um modelo que assenta na Tolerância, tecnologia e Talento. Concorda? Ou prefere outro modelo?
Todos os modelos são bons desde que sejam postos em prática…
E qual é o modelo que o CDS-PP defende para Angra?
Isso terá que ser o nosso candidato à autarquia a apresentar. O PP não impõe nenhum modelo aos seus candidatos. Quem convidamos, é porque temos confiança nas ideias e na capacidade dessa pessoa.
E qual o papel da estrutura concelhia?
Apontar os erros. Mas fazê-lo de forma construtiva, a ver se as coisas se fazem. Curiosamente, aquilo que propomos tem vindo a ser aceite pelo elenco socialista. O problema é que nada é posto em prática.
Qual o estado actual do PP em Angra?
O PP, neste momento, muito por causa do desempenho do seu líder, Artur Lima, é uma força política com credibilidade junto dos angrenses. Eles sabem que podem contar com este partido para lutar pelo seu bem-estar, nomeadamente ao nível da Saúde. De igual modo, o desempenho de Félix Rodrigues na Assembleia Municipal de Angra tem ganho simpatia junto dos munícipes. No fundo, este partido – que é pequeno – tem demonstrado enorme responsabilidade nos cargos que ocupa, a bem de quem nele vota. Temos quadros muito capazes e basta citar estes dois representantes para provar isso mesmo. Mas há muitos mais. Se tivéssemos mais expressão dentro, por exemplo, da Assembleia Municipal, acredito que poderíamos ainda fazer melhor. Porque os deputados na Assembleia Municipal eleitos pelo PP não apresentam propostas pelo partido, apresentam propostas credíveis a bem dos munícipes. Essa é a grande diferença. O nosso deputado municipal não se reúne com o partido para levar uma proposta a esse fórum. Pensa pela sua cabeça e recorre à sua competência para o fazer. É isso que nos distingue de outras forças políticas.
Não. O PS dirige os destinos de Angra há 12 anos. Começou, de facto, por dar algumas esperanças aos angrenses. A autarquia necessitava de gente nova. Começou-se a fazer alguma coisa. Mas, à medida que foram saindo os presidentes – primeiro Sérgio Ávila, que não terminou o mandato, deixando o maior buraco financeiro de toda a história de Angra; e, depois, José Pedro Cardoso, que nunca foi o escolhido pelo partido – tudo foi perdendo o fulgor. Neste período, houve coisas positivas, é certo: a alteração do transporte dentro da cidade com os mini-buses, operada por Sérgio Ávila, é um exemplo. Mas, com a chegada de José Pedro Cardoso, tudo se inverteu. José Pedro Cardoso nunca foi o “menino dos olhos do PS”, daí achar que ele acabou por sofrer as consequências. Embora nunca tenha esclarecido o que se passou. A estrutura do PS acabou por fazer-lhe a vida negra, não lhe permitindo terminar o seu mandato. Agora temos Andreia Cardoso, que já anunciou ser recandidata ao cargo. Mas até à presente data nada se viu do seu projecto e muito menos em relação às medidas que o seu antecessor prometeu aos angrenses.
É um período sem sucesso?
Sem dúvida. Angra, nos últimos tempos, tem andado a navegar no deserto. Se comparamos com o concelho da Praia, onde há dinâmica e medidas no terreno, este concelho adormeceu.
Esta caminhada no deserto deve-se á falta de dinheiro ou à falta de acção dos executivos socialistas?
Deve-se, primeiro, ao Partido Socialista, porque ao não aceitar a liderança de José Pedro Cardoso, retirou-lhe o apoio e os meios para que o seu mandato tive sucesso. Depois, perante o buraco financeiro, José Pedro Cardoso passou o tempo que esteve na autarquia a pagar dívidas, o que reduziu as possibilidades de novas medidas. Depois, a incapacidade de diálogo dos executivos socialistas com as outras forças políticas também impede o desenvolvimento do concelho. As únicas coisas que o PS tem sabido fazer neste concelho é gastar dinheiro, nomeadamente através da Culturangra.
Não há diálogo entre os partidos e o executivo em Angra?
É a actual presidente da Câmara de Angra que diz que os partidos da oposição não apresentam ideias nem propostas credíveis. Ao dizer isso, basicamente, recusa o diálogo com as restantes forças partidárias. Embora me pareça que a crítica da autarca é dirigida exclusivamente ao PSD. No caso do CDS-PP, as propostas têm sido aceites por ela. Até porque o nosso deputado municipal, Félix Rodrigues, tem imensa credibilidade na Assembleia Municipal. Embora, depois, não tenham qualquer consequência. E há mesmo propostas que são aprovadas, mas não são postas em prática…
Por exemplo?
O CDS-PP, por exemplo, propôs que a atribuição de uma esplanada no centro de Angra deveria ter na base critérios muito claros, rigorosos e estéticos. O que vemos é a atribuição de esplanadas sem quaisquer critérios, sobretudo estéticos. Aprova-se, certamente, de qualquer forma, até porque isso rende dinheiro à autarquia. Aliás, tudo o que rende dinheiro para esta autarquia é logo aprovado. Outra proposta aprovada foi o estacionamento junto à Escola Jerónimo Emiliano de Andrade. Propusemos que o estacionamento não fosse permitido no formato actual, mas sim com os carros paralelos à praça. Isso foi aprovado, mas os veículos continuam a parar da mesma forma, na perpendicular à praça, o que tem provocado calafrios e acidentes a quem ali passa. Como no formato em uso agora se conseguem mais carros estacionados e isso dá mais dinheiro, a autarquia não altera o estacionamento ali, mesmo tendo isso sido aprovado em Assembleia Municipal. Curiosamente, um antigo responsável disse-me que a medida não tinha sido concretizada porque isso obrigaria a apagar a listas ali pintadas e isso implicaria reasfaltar aquela estrada. Por que isso não se faz? Por que não se conjugam esforços com as várias entidades governamentais e se requalifica aquele troço de estrada? O dinheiro existe. Está é mal empregue. E a maior parte do que existe em Angra é desviado para a Culturangra. Uma entidade que, infelizmente, não cumpre a totalidade das suas obrigações…
Como assim?
Olhe, no caso das zonas balneárias é uma vergonha. O CDS-PP alertou a vereadora competente para várias situações, que continuam por resolver. Aliás, a vereadora concordou plenamente com o nosso alerta. Mas ficou tudo na mesma. Estamos quase a entrar no Verão e, certamente, quando começar a época balnear é que a Câmara se vai preocupar em arranjar as coisas. Os trabalhos deviam já ter começado. Mas, por cá, espera-se sempre até à última. Olhe, é como nas escolas: quando começam as aulas é que arrancam as obras. Isso demonstra uma enorme falta de organização e planeamento.
Pelas suas palavras, depreendo que o CDS-PP defende que em vez de grandes obras, em Angra se façam pequenas intervenções…
Em tempo de crise, podem-se resolver pequenas coisas que, em boa verdade, melhoram substancialmente a vida das pessoas. Por exemplo, a autarquia agora anunciou que vai reduzir a taxa de disponibilização de água para os idosos. Mas esquece-se que existem muitas outras famílias em dificuldades financeiras. Por que não estende a medida a toda a população? Esta medida deveria ser aplicada a quem é pobre, a quem não pode pagar.
Mas como seria possível controlar eventuais abusos?
Pela declaração do IRS. Ou pela verificação das listas dos desempregados. Há muita forma de controlar isto. Se pedem aos idosos para se dirigirem à Câmara e provarem que necessitam desta ajuda, podem fazer o mesmo com os restantes beneficiários.
Agora não é tempo de grandes obras?
Não. Elas têm de ser feitas. Mas como não as há, então que façam as pequenas. A actual presidente vai basear a sua candidatura, em termos de grandes obras, naquelas que o PS já prometeu para a ilha. Não se vislumbra qualquer obra da iniciativa exclusiva da autarquia. São todas em colaboração com o Governo Regional.
E que obra a Câmara de Angra deveria patrocinar?
A instalação de um parque industrial para a zona de Santa Bárbara. Porque criaria mais emprego naquele lado do concelho e, com isso, revitalizaria toda a zona, que hoje se encontra quase ao abandono. Aquele lado do concelho está completamente posto de parte. Duvido que as escolas para ali anunciadas sejam a solução para centrar mais gente naquele lado do concelho.
A autarquia mudou, recentemente, de líder. Que balanço faz da sua acção?
Mais negativo é impossível. Foram asfaltadas meia dúzia de estradas, colocou-se o símbolo do Património Mundial junto ao estádio e mais nada. Esta foi, aliás, a única obra visível do novo elenco camarário socialista. As restantes vezes que a autarca aparece é em inaugurações e iniciativas que não são suas. Não tenho dúvidas que vamos assistir a isso nos próximos tempos. Até na inauguração de algum troço da Via Rápida isso vai acontecer. Até aqui, não fez nada. Nas últimas semanas, começamos a vê-la aparecer nos jornais, doando terrenos à Associação Agrícola, etc. É apanágio, aliás, dos socialistas esta postura: aparecem naquilo que não é seu, prometem descaradamente, mentem descaradamente e assim se mantêm no poder. Veja-se o caso da falta de água: primeiro, o problema era os aquíferos, depois já não era; cada vez que a presidente dos serviços municipalizados – porque a presidente da autarquia manteve-se à distância – vinha a público, havia uma razão nova, mas nunca quiseram dizer, e assumir, a verdade. Até hoje, ninguém soube a real razão do problema. O CDS-PP propôs a criação de uma comissão para estudar o caso e ela foi rejeitada.
Continua por esclarecer a falta de água em Angra, depois de tudo o que se disse e escreveu sobre o assunto?
Sim. Sem dúvida. Até contrataram um especialista de fora para parecer que se estava a estudar o assunto. E o que o senhor veio dizer foi o mesmo que os professores da Universidade dos Açores já tinham dito. O último capítulo dessa novela é a pretensa parceria com o Governo Regional, que se manteve à margem do problema quando ele aconteceu. Como agora caminhamos para eleições, já há parcerias e vontade de resolver. Até já se vão fazer novos furos. O assunto não só não foi bem explicado, como nunca foi bem gerido.
Na óptica do CDS-PP, poderia ter-se evitado essa situação?
Claro. Se a autarquia tivesse previsto os investimentos e os tivesse concretizado. Actualmente, o consumo de água aumentou consideravelmente, quer o doméstico quer o agrícola. Esses indicadores não podiam ser postos de parte pela autarquia. A Câmara deveria ter olhado com atenção para o fenómeno e avançado para o terreno. Essa é a sua competência: gerir o que há e perspectivar o futuro, a bem dos munícipes. Em vez de terem queimado dinheiro em festas e sardinhas, tivessem investido em novos furos. Antes ter capacidade de extracção em demasia do que ter falta dela.
A autarquia já anunciou novos furos…
Agora é que o faz? Com o consumo a crescer há vários anos, os serviços da Câmara não sabiam que era fundamental acautelar o recurso? Que andam lá a fazer? À Câmara compete captar a água e garantir uma boa rede de distribuição de água, para que ela não falte a quem a paga, e bem. Do mesmo modo, tem que acautelar formas de a Lavoura se abastecer sem ter que recorrer à rede pública. Com a actual vereação socialista – e quando isto se mete pelos olhos dentro – nada foi acautelado. E nem sei se o futuro será melhor. Com tantas mentiras que ouvimos. Aliás, até agora não foi dada qualquer garantia aos angrenses de que a falta de água não vai repetir-se no futuro.
O PP entende que o executivo da Câmara de Angra está completamente dependente do PS?
Sem dúvida. No tempo de José Pedro Cardoso, essa dependência não era tão evidente. Até porque os socialistas não o queiram lá. Mas, actualmente, não tenho quaisquer dúvidas que a presidente Andreia Cardoso não dá um passo sem a autorização do PS. Está totalmente dependente da orientação política do PS, sobretudo de Sérgio Ávila. E, se calhar, será por isso que, se ganharem as eleições, haverá mais dinheiro para a Câmara de Angra do Heroísmo.
Para o PP, o PS tem condições de manter a autarquia de Angra?
Está bem posicionado para tal. Tem uma máquina partidária muito forte, espalhada pelas freguesias, pelo meio rural, uma máquina que consegue comprar votos. As medidas que têm vindo a ser anunciadas – caso da vacinação para recém-nascidos (embora se registem poucos nascimentos em Angra, quando, em minha opinião, seria mais importante e abrangente apoiar medicamentos para a asma, que é um problema muito mais vasto no concelho) e redução da factura da água para os idosos – vão no mesmo sentido: o importante agora é cativar os eleitores. Não duvido que dentro de semanas estejam anunciados uns quantos passeios com idosos, alguns de barco. Os espectáculos nas freguesias já começaram. Até aqui não houve nada. Agora vai haver…
Então, para si, tudo está a ser anunciado com base em interesses eleitoralistas?
Sim. Sem dúvida. Agora vão fazer muito. Até aqui, nada. Mas, em boa verdade, o PS não precisa de grandes esforços para vencer: controla tudo. Muitos lhes devem votos…
Como assim?
Veja a Câmara do Comércio: o actual presidente está lá pela mão de Sérgio Ávila. As instituições particulares de solidariedade social estão no mesmo caminho. A Irmandade de Nossa Senhora do Livramento escapou por pouco. Os bombeiros de Angra estão controlados pelo PS. O Conselho de Ilha está controladíssimo. Aliás, na minha opinião, o actual presidente deste órgão deveria abandoná-lo de imediato. Porque nada tem feito a bem desta ilha. Escapa a este polvo, por enquanto, a Universidade dos Açores. Fora ela, o PS, nitidamente, açambarcou o concelho todo. E isso perante a apatia de todos. Felizmente, nos últimos tempos, as pessoas têm vindo a aperceber-se disso e, acima de tudo, da falta de medidas e de soluções para os problemas dos munícipes.
Depreendo das suas palavras que à oposição será quase impossível destronar o PS?
Não digo impossível. Mas que será muito difícil, disso não duvido. Daí, pessoalmente, defender que os principais partidos da oposição em Angra deveriam coligar-se e apresentar um candidato muito forte e credível para retirar o poder em Angra ao PS.
Quem seria essa figura?
Não indico nomes. Mas tenho a certeza que uma pessoa idónea, reconhecida no concelho e que apresente garantias de pensar por si e não pelas indicações do partido será capaz de derrotar o PS. Infelizmente, pelo que já li na Imprensa, uma coligação em Angra estará fora dos planos dos partidos da oposição.
Como viu as comemorações dos 25 anos da classificação de Angra como Património da Humanidade?
Não nos trouxe nada de novo. E voltamos a ver o PS a esbanjar dinheiro, sem que com isso procurasse ter frutos. Por exemplo, o PS pagou 40 mil euros por um espectáculo de 40 minutos. Ou seja, cada minuto custou mil euros. Que repercussão teve ele na sociedade? Nenhuma. Esse dinheiro, distribuído pelos nossos grupos de teatro, não teria mais efeito? Esse dinheiro dado às nossas filarmónicas não seria melhor aproveitado?
O dinheiro não chega a essas colectividades?
Pelo que vemos, não. Os grupos de teatro vivem da carolice dos seus dirigentes e participantes. Nas restantes associações, o mesmo se passa. E, depois, vemos a Câmara a dar dinheiro a um Angra Rock que a única coisa que faz é meter umas bandas em cima de palco três dias e promover o consumo do álcool e da droga. Esse espectáculo não tem qualquer expressão. Ao menos, a autarquia apoia o Angrajazz, um evento de enorme qualidade. Aliás, a Câmara de Angra deveria era apoiar eventos desta índole e não iniciativas de impacto duvidoso…
Não há política cultural em Angra?
Não. O que vemos é a utilização da Cultura para empregar familiares e amigos do PS e para gastar dinheiro sem qualquer direcção. É fazer de contas que há uma programação e um plano. E, no caso da classificação como Património da Humanidade, não há um plano de divulgação eficaz. É gritante a falta de divulgação da cidade nessa vertente. Aliás, a promoção de Angra no exterior resume-se às Sanjoaninas junto dos emigrantes e pouco mais. E nem estas são bem utilizadas como atractivo turístico. As festas da Praia, em boa verdade, já são mais atractivas do que as Sanjoaninas.
E no desporto?
Pouco ou nada se faz. Por exemplo, há três anos, venho lutando pela renovação do piso do pavilhão de Angra e a autarquia continua a evitar essa obra, que é fundamental para se garantirem condições à nossa elite desportiva.
O desporto está abandonado pela autarquia?
A autarquia dá uns subsídios aos clubes e fica-se por aí. Quanto a política desportiva, nem vê-la. A presidente da Câmara nem aparece, por exemplo, nos nossos jogos de basquetebol! Se calhar, vai aparecer nos próximos, já que as eleições estão à porta.
Angra, actualmente, é atractiva para as empresas?
Não. A presidente da autarquia diz que vai criar empregos para os licenciados. Não vejo como. Só com obras públicas, na construção civil. Fora isso, não reconheço capacidade a esta autarquia para criar as condições que fixem neste concelho empresas e jovens. Poderia era pedir conselhos ao seu colega do concelho vizinho, que tem sabido governar e tornar o seu concelho atractivo para o tecido empresarial.
O parque industrial de Angra não foi uma boa medida?
Se não estivesse ao lado da lixeira, até poderia ser. E se tivesse sido localizado noutro local, onde houvesse menos nevoeiro e humidade, seria melhor ainda.
O comércio tradicional de Angra tem futuro?
Duvido. Na Rua da Sé, por exemplo, as lojas têm vindo a fechar. E as que sobrevivem, fazem-no com enormes dificuldades. O mercado Duque de Bragança é o que se sabe. Portanto, não vislumbro grande futuro. A não ser que se transforme a cidade num centro comercial a céu aberto, como já outras cidades no Continente fizeram, e com resultados muito positivos.
Fecharia ruas ao trânsito num projecto dessa natureza?
Sim. As ruas Direita e de São João poderiam ser fechadas, garantindo espaço para os transeuntes, para esplanadas, etc…
A Praça Velha tem sido respeitada?
Não. De forma alguma. É, aliás, o local mais desrespeitado por esta autarquia. A única coisa que ali falta fazer é instalações sanitárias a céu aberto. Fora isso, tudo já se fez. A Praça Velha, que é um espaço nobre desta cidade, tem sido usada para desporto, para cerrados, para pista de motas para crianças, para começos de ralis… Para tudo e mais alguma coisa. Em vez de se abusar desse local, por que não se desloca as pessoas para o Jardim Público, que está vazio, ao abandono? Nem se usa o Relvão em iniciativas para os mais novos. Em Angra, existia o gosto e o carinho por estes locais. As câmaras socialistas acabaram com esse gosto. Sou do tempo em que o Jardim Público era usado para espectáculos de folclore. Por que não se reata essa iniciativa. O Jardim Público de Angra precisa, urgentemente, de um bom plano de animação, que o revitalize, que lhe dê vida.
E o mercado municipal?
Anda ali, sem qualquer orientação. Prometem que vão fazer, que vão resolver. Mas continua tudo na mesma…
O mercado, na vossa óptica, deve manter-se naquela localização?
Não lhe prevejo grande futuro a manter-se ali. A não ser que se encontre uma solução para o problema do estacionamento. Parece-me que, no espaço da cidade, seria mais sensato mudá-lo para a zona de São Bento, onde há mais facilidade de garantir estacionamento aos utilizadores do mercado. Na zona da praça de toiros deve existir um terreno onde se possa construir um novo mercado municipal, com condições quer para quem o usa quer para quem nele trabalha. As pessoas procuram o mercado do gado ao domingo. Isto prova que há vontade em recorrer a espaços comerciais desta natureza. O mercado municipal é pouco usado apenas porque não tem condições de estacionamento. Se tivesse, com certeza, seria muito mais utilizado.
Por que os angrenses aceitam que a sua cidade esteja apática?
Muitos não querem aparecer. Por diversas razões. Os angrenses foram, em tempos, combativos. Mas, hoje, muitos estão subjugados ao poder político. Há filhos para empregar, apoios para receber. Quando assim é, o poder político faz o que bem entende, porque não tem contestação. Os angrenses acomodaram-se. E depois há aqueles que gostam das sardinhadas e dos jantares grátis que a Câmara dá. E deixam que as coisas se façam.
O que deve ser Angra para o CDS-PP?
Uma cidade que respire e divulgue o seu património, a sua classificação como património da Humanidade, que promova a sua cultura, a sua forma de ser e estar. Uma cidade que seja atractiva para os turistas. Mas o que vemos é o oposto. E os responsáveis nem falam. A autarquia mantém-se inactiva, muda e calada. Ouviu a senhora presidente da Câmara de Angra insurgir-se contra o fim da pernoita da SATA na Terceira? Ouviu-a reivindicar mais ligações aéreas para a Terceira? E o Conselho de Ilha. Tem visto esse órgão pronunciar-se veementemente contra a perda de poder da Terceira? Não. E são esses os socialistas que nos governam.
Andreia Cardoso defende para Angra um modelo que assenta na Tolerância, tecnologia e Talento. Concorda? Ou prefere outro modelo?
Todos os modelos são bons desde que sejam postos em prática…
E qual é o modelo que o CDS-PP defende para Angra?
Isso terá que ser o nosso candidato à autarquia a apresentar. O PP não impõe nenhum modelo aos seus candidatos. Quem convidamos, é porque temos confiança nas ideias e na capacidade dessa pessoa.
E qual o papel da estrutura concelhia?
Apontar os erros. Mas fazê-lo de forma construtiva, a ver se as coisas se fazem. Curiosamente, aquilo que propomos tem vindo a ser aceite pelo elenco socialista. O problema é que nada é posto em prática.
Qual o estado actual do PP em Angra?
O PP, neste momento, muito por causa do desempenho do seu líder, Artur Lima, é uma força política com credibilidade junto dos angrenses. Eles sabem que podem contar com este partido para lutar pelo seu bem-estar, nomeadamente ao nível da Saúde. De igual modo, o desempenho de Félix Rodrigues na Assembleia Municipal de Angra tem ganho simpatia junto dos munícipes. No fundo, este partido – que é pequeno – tem demonstrado enorme responsabilidade nos cargos que ocupa, a bem de quem nele vota. Temos quadros muito capazes e basta citar estes dois representantes para provar isso mesmo. Mas há muitos mais. Se tivéssemos mais expressão dentro, por exemplo, da Assembleia Municipal, acredito que poderíamos ainda fazer melhor. Porque os deputados na Assembleia Municipal eleitos pelo PP não apresentam propostas pelo partido, apresentam propostas credíveis a bem dos munícipes. Essa é a grande diferença. O nosso deputado municipal não se reúne com o partido para levar uma proposta a esse fórum. Pensa pela sua cabeça e recorre à sua competência para o fazer. É isso que nos distingue de outras forças políticas.
(In DI-Revista)
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