quarta-feira, abril 01, 2009

Ciclone arrasa

A V edição do festival Ciclone encheu de música e de cor, durante dois dias, o Teatro Angrense. Com sete tunas convidadas, seis a concurso, das quais duas de Espanha. Durante um fim-de-semana Angra ganhou uma nova dinâmica, aquela que só os estudantes conseguem provocar.

“E passa o momento, fica o sentimento de quem um dia quer voltar”, da tuna organizadora do V Ciclone, a Tuna Universitas Scientiarum Agrariarum (T.U.S.A), do pólo da Terra Chã da Universidade dos Açores, a “Despedida”, marca bem o espírito universitário, que se viveu e respirou no Teatro Angrense, durante os três dias de festival. A cidade de Angra do Heroísmo viu desfilar nas suas ruas grupos de estudantes, que nelas passeavam com o maior à-vontade, o que fez com que muitos parassem só para os observar. No tradicional Passa Calles, que precedeu a recepção de boas vindas na Câmara Municipal, pela presidente, Andreia Cardoso, pôde ver-se a capacidade destas tunas em parar o trânsito, literalmente. Para além de a Rua da Sé ter estado com o trânsito interrompido, muitas foram as pessoas que pararam para ver o desfile dos trajes e das caras diferentes. No dia da chegada, as sete tunas convidadas, participaram num jantar regional, onde puderam degustar os mais variados pratos típicos, desconhecidos de muitos, principalmente dos que vieram de mais longe.A festa continuou, como é próprio deste tipo de acontecimento académico, pela noite dentro, no Porto das Pipas, no bar Havana, palco das festas do Ciclone, onde as tunas convidadas tiveram oportunidade de conhecer a noite terceirense.
Ensaios, Actuações e Concurso
Os ensaios, que antecederam as duas noites de actuações no Teatro Angrense, foram marcados pela excitação e pelo stress, normais antes de uma actuação. Uns afinavam os seus instrumentos, outros ensaiavam, pela última vez, aquele movimento com a pandeireta, enquanto os responsáveis iam dando gritos de ordem para que tudo estivesse no seu respectivo lugar, a tempo e horas.Os técnicos orientavam os sons e as luzes, auxiliados pelos próprios membros das tunas, que iam informando sobre a qualidade do som, se estava mais agudo numa coluna, ou mais grave noutra. Iam sendo feitos todos os acertos finais, para que tudo corresse pelo melhor.
Na primeira noite, lotação esgotada.
O Teatro Angrense ficou repleto de gente, que ansiava ver o que estas tunas tinham preparado para os espectadores.Está na hora, o pano abre, as luzes baixam e está na hora de começarem os desfiles de luz, som e cor, que deixam expectantes quem está sentado na plateia.Por volta das 21h00, começou o primeiro dia de actuações. A TASCA de Setúbal, a Magna Tuna Cartola de Aveiro, a tuna da Faculdade de Letras de Múrcia e os Tunídeos de São Miguel foram as primeiras tunas a apresentarem-se no Ciclone.No sábado, novamente casa cheia. São outras quatro, as tunas que neste dia fazem as delícias dos presentes.A tuna madrinha da tuna organizadora, a tuna académica Sons do Mar, da Universidade dos Açores, inicia o segundo dia de actuações no Teatro. Esta quebra com a constante do último dia, é uma tuna feminina, no meio de todas as outras masculinas. Primaram pela diferença e fizeram furor entre o público, quando no final, cantaram “It’s raining man”, em português, “estão a chover homens”, referindo-se à abundância de tunas masculinas presentes.A sátira e o escárnio foram uma constante no Ciclone, a irreverência daqueles que pertencem às tunas, fizeram rir o público, do mais velho ao mais novo, durante as pequenas pausas, entre as várias tunas, e até mesmo durante as actuações, sempre precedidas de inúmeros aplausos calorosos.Imitações de sotaques, como o terceirense, o micaelense, o madeirense e o continental, piadas de loiras e até mesmo as obras da recta, são exemplos de momentos de entretenimento que integraram o festival e que deram vida ao espectáculo. Seguiram-se as actuações da Inoportuna de Lisboa, a Tuna de Veteranos da Corunha, os Semper Tesus de Beja e finalmente, a encerrar as actuações, a tuna organizadora, a T.U.S.A.Todas as tunas que participaram marcaram pela singularidade, uns pela maneira de falar, outros pelo traje, muito diferente, e outros até mesmo pela idade.A Tuna de Veteranos da Corunha tinha elementos com idades compreendidas entre os 35 e os 70 anos e envergavam trajes que se destacavam pela exuberância, principalmente o porta-estandarte, que anda neste mundo das tunas há já 50 anos, o que o torna num super veterano. De todas as tunas, apenas algumas entraram no concurso. A Tuna de Veteranos da Corunha, a tuna da Faculdade de Letras de Múrcia, A TASCA de Setúbal, Magna Tuna Cartola de Aveiro, a Inoportuna de Lisboa e os Semper Tesus de Beja, participaram do concurso, as restantes, não menos importantes, foram convidadas a participar extra-concurso.
PrémiosUma das partes mais esperadas do festival era, sem dúvida, os prémios, que enchem de orgulho as tunas vencedoras.O Júri do concurso, composto por pessoas ligadas ao mundo das tunas, decidiu quem mais mereceu sair da ilha Terceira com mais do que o prémio de participação, entregue a todos.Os prémios eram pequenos ciclones e distinguiram, entre outros, a melhor tuna, a tuna mais tuna e a tuna do público.Foi entregue ao público, no primeiro dia, um papel onde assinalavam qual a melhor tuna. No último dia os papéis foram recolhidos e foi revelada qual a tuna escolhida que o público havia escolhido.O prémio de melhor Passa Calles foi para a tuna da Faculdade de Letras de Múrcia, que também arrecadou o prémio de melhor serenata.O melhor solista foi para a Inoportuna de Lisboa.Melhor instrumental foi entregue à Magna Tuna Cartola de Aveiro, bem como o de melhor original e o de melhor tuna.O prémio tuna mais tuna foi arrecadado pela TASCA de Setúbal e foi recebido pelos recebido com grande aparato em cima do palco, já que toda a tuna quis participar deste momento.Os Semper Tesus de Beja ganharam os prémios de melhor pandeireta, melhor porta-estandarte, tuna escolhida pelo público e segunda melhor tuna, tornando-se assim na tuna que mais prémios recebeu no V Ciclone. Depois da entrega dos prémios seguiram-se os agradecimentos e as despedidas. Ficando a certeza de que a organização de um festival requer, mais do que vontade, muita perseverança e trabalho.Resta esperar agora pela próxima vinda do Ciclone, que vai certamente arrasar mais uma vez com a cidade de Angra, enchendo-a de vida e de cor.

(In DI Revista)

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