Curso de Farmácia na Universidade dos Açores
No próximo ano lectivo, em cooperação com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, abre em Angra do Heroísmo, no Departamento de Ciências Agrárias, um Curso de Preparatórios em Ciências Farmacêuticas.O projecto insere-se no desenvolvimento da área da Saúde, que conheceu grande expansão nos últimos anos, através da integração das Escolas Superiores de Enfermagem de Angra do Heroísmo e de Ponta Delgada na Universidade dos Açores e da criação dos cursos de Medicina de Ciências Biológicas e da Saúde, em S. Miguel, e de Veterinária e de Ciências da Nutrição, na Terceira.O novo curso constitui, ainda, mais um contributo para o fortalecimento da Universidade dos Açores na Terceira, quando avança a construção do novo campus universitário do Pico da Urze, em defesa da tripolaridade.
Foi já há cerca de dois anos que o Director do Departamento de Ciências Agrárias começou a desenvolver esforços para criar os Preparatórios de Farmácia no Campus Universitário de Angra do Heroísmo.
Os entraves não são internos nem externos. Internamente existe capacidade para dar as disciplinas que constituem os dois primeiros anos da licenciatura em farmácia da Universidade do Porto. Externamente existe uma grande procura para os cursos de farmácia a nível regional e ao nível nacional. Os entraves são os normais da burocracia: Primeiro, é necessário fazer passar o projecto pelos conselhos de departamento, conselhos científicos, senados e reitorias de ambas universidades; depois, é preciso escutar o que terá a dizer a ordem dos farmacêuticos; finalmente, é fundamental obter o acordo dos serviços do Ministério da Ciência e Ensino Superior e do respectivo ministro. Tudo isto num ambiente de mudança profunda das universidades portuguesas.Está assim de parabéns quem levou a ideia por diante. De notar que ao mesmo tempo foi iniciado o desenvolvimento dos preparatórios de arquitectura paisagista no Campus de Angra. No entanto a procura a nível nacional é menor para o paisagismo e o curso é de alguma forma concorrente com o de engenharia e gestão do ambiente. Ficará para um esforço subsequente.Mas há algo de muito interessante nestes cursos preparatórios. Trata-se do peso que cada Universidade tem junto da opinião pública, nomeadamente junto dos estudantes candidatos. Vejamos. Neste momento a Universidade dos Açores oferece os preparatórios de Medicina para a Universidade de Coimbra, de Medicina Veterinária para a Universidade de Lisboa, de Engenharia para o Instituto Superior Técnico, e de Psicologia, Nutrição Humana e Farmácia para a Universidade do Porto. E em todos esses cursos é patente a boa formação que os alunos recebem nas ilhas. Mais, com o Processo de Bolonha, segundo o qual esses cursos passarão a ter dois ciclos, a Universidade dos Açores passará a dar dois terços do primeiro ciclo e poderá com facilidade vir a dar todo primeiro ciclo. No entanto, se os cursos forem anunciados como sendo da Universidade dos Açores, a procura desce porque muitos dos alunos das ilhas e do Continente buscam mais o nome da Universidade do que o conteúdo do curso.A falha não está certamente na escolha das pessoas mas na dificuldade que os responsáveis universitários têm tido em venderem de forma mais efectiva a imagem da Universidade dos Açores. Poderão dizer que é uma universidade nova e que ainda não houve tempo para impor uma imagem junto do público. Todavia as universidades de Aveiro, do Minho, da Beira Interior, Nova de Lisboa e do Algarve conseguiram fazê-lo com mais resultados.Talvez seja a pequenez de cada um dos departamentos da Universidade dos Açores que faz com que os seus docentes e investigadores não tenham massa crítica para marcarem uma presença notória a nível nacional. No entanto um dos mais pequenos dos nossos departamentos consegue fazê-lo a partir do pólo mais isolado na Horta.Poderão outros pensar que temos tido um crescimento discreto que se vai notando. Até pode ser mas essa mesma imagem tem que ir gerando mais alunos e mais projectos de investigação sob pena de ficarmos armadilhados na pobreza e na dependência de financiamentos limitadores.Haverá ainda a hipótese da Universidade dos Açores nunca ter sido verdadeiramente assumida pela comunidade regional, pelo menos quando comparamos com o acolhimento dado à Universidade em Aveiro, no Minho, na Covilhã, em Vila Real, em Évora e no Algarve. Não deixa de ser verdade mas nem por isso se pode descuidar a orientação da Universidade dos Açores para os clientes que deve servir: os alunos e a comunidade científica internacional. (Prof. Tomaz Dentinho).
Foi já há cerca de dois anos que o Director do Departamento de Ciências Agrárias começou a desenvolver esforços para criar os Preparatórios de Farmácia no Campus Universitário de Angra do Heroísmo.
Os entraves não são internos nem externos. Internamente existe capacidade para dar as disciplinas que constituem os dois primeiros anos da licenciatura em farmácia da Universidade do Porto. Externamente existe uma grande procura para os cursos de farmácia a nível regional e ao nível nacional. Os entraves são os normais da burocracia: Primeiro, é necessário fazer passar o projecto pelos conselhos de departamento, conselhos científicos, senados e reitorias de ambas universidades; depois, é preciso escutar o que terá a dizer a ordem dos farmacêuticos; finalmente, é fundamental obter o acordo dos serviços do Ministério da Ciência e Ensino Superior e do respectivo ministro. Tudo isto num ambiente de mudança profunda das universidades portuguesas.Está assim de parabéns quem levou a ideia por diante. De notar que ao mesmo tempo foi iniciado o desenvolvimento dos preparatórios de arquitectura paisagista no Campus de Angra. No entanto a procura a nível nacional é menor para o paisagismo e o curso é de alguma forma concorrente com o de engenharia e gestão do ambiente. Ficará para um esforço subsequente.Mas há algo de muito interessante nestes cursos preparatórios. Trata-se do peso que cada Universidade tem junto da opinião pública, nomeadamente junto dos estudantes candidatos. Vejamos. Neste momento a Universidade dos Açores oferece os preparatórios de Medicina para a Universidade de Coimbra, de Medicina Veterinária para a Universidade de Lisboa, de Engenharia para o Instituto Superior Técnico, e de Psicologia, Nutrição Humana e Farmácia para a Universidade do Porto. E em todos esses cursos é patente a boa formação que os alunos recebem nas ilhas. Mais, com o Processo de Bolonha, segundo o qual esses cursos passarão a ter dois ciclos, a Universidade dos Açores passará a dar dois terços do primeiro ciclo e poderá com facilidade vir a dar todo primeiro ciclo. No entanto, se os cursos forem anunciados como sendo da Universidade dos Açores, a procura desce porque muitos dos alunos das ilhas e do Continente buscam mais o nome da Universidade do que o conteúdo do curso.A falha não está certamente na escolha das pessoas mas na dificuldade que os responsáveis universitários têm tido em venderem de forma mais efectiva a imagem da Universidade dos Açores. Poderão dizer que é uma universidade nova e que ainda não houve tempo para impor uma imagem junto do público. Todavia as universidades de Aveiro, do Minho, da Beira Interior, Nova de Lisboa e do Algarve conseguiram fazê-lo com mais resultados.Talvez seja a pequenez de cada um dos departamentos da Universidade dos Açores que faz com que os seus docentes e investigadores não tenham massa crítica para marcarem uma presença notória a nível nacional. No entanto um dos mais pequenos dos nossos departamentos consegue fazê-lo a partir do pólo mais isolado na Horta.Poderão outros pensar que temos tido um crescimento discreto que se vai notando. Até pode ser mas essa mesma imagem tem que ir gerando mais alunos e mais projectos de investigação sob pena de ficarmos armadilhados na pobreza e na dependência de financiamentos limitadores.Haverá ainda a hipótese da Universidade dos Açores nunca ter sido verdadeiramente assumida pela comunidade regional, pelo menos quando comparamos com o acolhimento dado à Universidade em Aveiro, no Minho, na Covilhã, em Vila Real, em Évora e no Algarve. Não deixa de ser verdade mas nem por isso se pode descuidar a orientação da Universidade dos Açores para os clientes que deve servir: os alunos e a comunidade científica internacional. (Prof. Tomaz Dentinho).
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