sexta-feira, abril 01, 2011

Instituto tecnológico e nuclear detectou nuvem na quarta-feira


Por:João Saramago / Ana Carvalho Vacas (*)

A poeira radioactiva proveniente da explosão na central nuclear japonesa de Fukushima chegou a Portugal. Ontem, o Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN) confirmou que "começou quarta-feira a detectar vestígios dos radionuclidos de iodo e césio em amostra de aerossóis colhida na estação de Sacavém [Loures]". "As concentrações são muito baixas e não representam quaisquer perigo para a saúde", disse Pedro Vaz, coordenador da Unidade de Protecção e Segurança Radiológica do ITN. A nuvem terá afectado outras zonas de Portugal Continental.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgou, entretanto, que Portugal não possui uma reserva estratégica de pastilhas de iodo, apesar da central nuclear espanhola de Almaraz estar localizada a menos de cem quilómetros da fronteira. Caso ocorra uma explosão, parte de localidades dos distritos de Castelo Branco e Portalegre terão de ser evacuadas. As pastilhas de iodo são a arma para evitar a contaminação. Quando administradas nas primeiras 24 horas após o contacto com poeiras radioactivas, podem evitar doenças como o cancro da tiróide. A DGS reconhece a sua importância ao considerar que "a existência de um stock de pastilhas de iodo é um dos elementos fundamentais no planeamento de uma central nuclear". Contudo, defende que "não existindo produção eléctrica por via nuclear em Portugal, esta situação não se aplica". Os níveis de radioactividade detectados em Sacavém são um milhão de vezes inferiores a níveis considerados perigosos. Os contaminantes radioactivos detectados apresentam valores inferiores a um mili Becquerel por metro cúbico de ar. Em Tóquio, recorde-se que as crianças foram proibidas de beber água canalizada quando foram detectados iodo e césio por 210 Becquerel por quilo, o dobro do permitido por lei. Também Félix Rodrigues, investigador da Universidade dos Açores considera que "não há nenhum motivo para alarme", dada a distância existente entre Portugal e a central japonesa de Fukushima. ALARGAR ZONA DE EVACUAÇÃO O Japão foi ontem pressionado a alargar a zona de evacuação (de 20 km) em redor da central nuclear de Fukushima, no dia em que foram detectadas radiações dez mil vezes superiores ao normal na água de um túnel subterrâneo junto à turbina do reactor nº 2. Foram ainda detectados níveis anormais de césio radioactivo em carne bovina procedente de Fukushima.

(*) (In Correio da Manhã)